Revoluções

Estamos apenas na segunda edição e não seria grande exagero dizer que o Juntos! já é uma realidade. Sei que é difícil, no meio de toda essa mídia corporativa e competitiva emplacar uma nova publicação. Ainda mais quando ela se propõe contestadora, inovadora e comprometida. Se estivéssemos falando apenas do sucesso de vendas e distribuição […]

14 abr 2011, 23:51

Estamos apenas na segunda edição e não seria grande exagero dizer que o Juntos! já é uma realidade. Sei que é difícil, no meio de toda essa mídia corporativa e competitiva emplacar uma nova publicação. Ainda mais quando ela se propõe contestadora, inovadora e comprometida.
Se estivéssemos falando apenas do sucesso de vendas e distribuição do jornal, poderíamos dizer que não podia ser melhor. A primeira edição esgotou-se em pouquíssimo tempo. Carregada pelo sucesso de público e crítica do longa-metragem, a matéria sobre o Tropa de Elite II foi além de repetir o óbvio. Mostrou que o êxito cinematográfico tem também muito da força de uma política independente e combativa, a mesma que reelegeu o socialista Marcelo Freixo do PSOL – o Deputado Fraga do filme – como um dos deputados mais votados do Rio de Janeiro. Isso sem falar da muito elogiada matéria sobre o festival SWU e o Rage Against the Machine, o balanço das eleições, o relato sobre os distúrbios na França, os informes dos correspondentes da juventude em luta…
Contudo, para além do sucesso editorial inicial, o que faz o Juntos! ser uma realidade é o fato de já ter se tornado um importante instrumento de organização de um setor da juventude em luta. Isso ficou plenamente demonstrado no entusiasmo e na qualidade que contagiaram os participantes do Acampamento de Férias que realizamos em janeiro (confira o relato na página 7), onde mais de 80 jovens, entre correspondentes e ‘aliados do jornal’, fizeram um excelente curso de formação, culminando em grande disposição de ação e luta.
Nada mais necessário para o período histórico que estamos vivendo. Os ventos que sacodem o mundo árabe com as Revoluções Democráticas no Egito e na Tunísia prometem arrastar um mundo em crise econômica, ambiental e social para repensar seu próprio futuro e, por que não, colocar nas mãos de seus povos as rédeas de seus destinos. Por toda essa importância, as revoluções árabes levam a capa desta edição.
No Brasil a situação não parece tão animadora. A notícia, pra variar, foi o escandaloso aumento de 62% no salário dos parlamentares. Operado, evidentemente, pelos próprios. À exceção mais uma vez do PSOL, todos os partidos votaram a favor desse vexame, demonstrando que o governo Dilma será o governo de uma perversa ‘partidocracia’ comprometida com os próprios interesses e os das grandes empresas. Mais grave ainda: esse aumento acontece ao mesmo tempo de uma das maiores tragédias da história do país, atingindo a região serrana do Rio de Janeiro. E provocada não pelas chuvas ou pela natureza como muitos dizem, mas pela irresponsabilidade criminosa dos mesmos políticos e dos mesmos partidos da ordem.
Contudo, embora possa parecer, nem todas as vozes estão caladas. A volta às ruas da juventude com as manifestações contra os aumentos de passagens que sacodem várias cidades do país e a bela ação do movimento social de cursinhos populares com a Rede Emancipa evidenciam que outra política é possível e necessária. Por aí caminhamos com o Juntos!
Espero que gostem e participem desse nosso esforço. Em breve florescerão os resultados das nossas lutas e dos nossos sonhos. Ou, como diria um grande revolucionário russo, “todas as revoluções são impossíveis, até que se tornem inevitáveis”.

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