Carta de Edward Snowden em Moscou
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Carta de Edward Snowden em Moscou

Na noite desta segunda-feira (1 de julho), o WikiLeaks divulgou uma carta na qual Edward Snowden relata a agressão que vem sofrendo do governo dos EUA.

Edward Snowden 1 jul 2013, 22:04

Sem passaporte e sem destino, o ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional (NSA) americana Edward Snowden encontra-se na zona de trânsito internacional do Aeroporto Internacional Sheremetyevo em Moscou e sofre intensa perseguição por parte do governo Obama por ter revelado uma série de informações sobre programas secretos de inteligência, incluindo a interceptação dos metadados de chamadas telefônicas nos EUA e na Europa e os programas de vigilância na Internet PRISM e Tempora.

Na noite desta segunda-feira (1 de julho), o WikiLeaks divulgou uma carta na qual ele relata a agressão que vem sofrendo do governo dos EUA. Confira a carta em português:

Carta de Edward Snowden em Moscou

Publicada às 18h40 no horário de Brasília pelo WikiLeaks. Versão original (em inglês)

Há uma semana deixei Hong Kong, depois que ficou claro que minha liberdade e minha segurança estavam ameaçadas por eu ter revelado a verdade. Permaneço em liberdade graças a esforços de velhos e novos amigos, de minha família e de outros que sequer conheço e provavelmente nunca conhecerei. Confiei a eles a minha própria vida e eles retribuíram essa confiança com fé em mim, pela qual serei sempre agradecido.

Na quinta-feira, o presidente Obama declarou perante o mundo que não permitiria “manobras e negociações” com o meu caso. Mas agora já há notícias de que, apesar de ter prometido o que prometeu, o presidente ordenou ao vice-presidente que pressione os líderes das nações às quais pedi proteção para que rejeitem meus pedidos de asilo.

Esse tipo de falsidade num líder mundial não é justiça, nem é justiça a pena extralegal do exílio. São as mesmas velhas ferramentas da agressão política. O objetivo delas é assustar, não eu, mas os que tentariam me ajudar.

Durante décadas, os EUA foram dos mais fortes defensores do direito humano de buscar asilo. Infelizmente, esse direito, declarado e aprovado pelos EUA no artigo 14 da Declaração Universal dos Direitos do Humanos, é agora negado pelo atual governo do meu país. O governo Obama adotou agora a estratégia de usar cidadãos como armas. Apesar de eu não ser condenado por nenhum crime, os EUA revogaram unilateralmente meu passaporte, fazendo de mim uma pessoa sem pátria. Sem qualquer ordem judicial, o governo dos EUA quer agora me impedir de exercer um direito básico, um direito que é de todos: o direito de buscar asilo.

No fim, o governo Obama não tem medo de delatores como eu, Bradley Manning e Thomas Drake. Nós estamos apátridas, presos e impotentes. Não, o governo Obama tem medo de você. Tem medo de um público informado e furioso que exija o governo constitucional que foi prometido e deveria ser.

Continuo firme nas minhas convicções e impressionado pelos esforços de tantos.

Edward Joseph Snowden


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