Não em nosso nome!
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Não em nosso nome!

Enquanto a UNE se propõe a defender a qualquer custo a realização do megaevento e servir de contenção à crise do governo, a nova geração de jovens lutadores está nas manifestações de rua, nas greves com os trabalhadores e lutando contra a burocracia sindical.

Camila Souza 14 abr 2014, 12:48

* Camila Souza

Dia 11 de abril na Cidade do Rio de Janeiro aconteceu mais uma desocupação violenta. A favela da Telerj foi dessa vez o alvo da brutalidade da polícia, com o aval da justiça e da prefeitura da cidade. Na desocupação a indignação dos moradores é a mesma de milhões que sofrem com o descaso dos governos, porque tem muito dinheiro investido na Copa da FIFA e não tem para a moradia, educação, saúde e transporte?

No dia 10 de abril, em Brasília, a União Nacional dos Estudantes (UNE) junto a outros movimentos se reuniu com a Presidenta Dilma. A direção majoritária da UNE sempre foi entusiasta de primeira ordem do suposto legado positivo que este evento deixaria ao país. Tanto é assim, que a entidade tem organizado campanhas para que a juventude brasileira seja voluntária no evento da FIFA.

Entretanto, o cenário não está fácil para o governo e seus defensores. A aclamada Copa das Copas cai cada vez mais no descrédito. A recente pesquisa do DataFolha é representativa disso, 55% da população passou a concordar que a Copa não trará nenhum legado positivo ao país.

A insatisfação está representada não só nos números, mas nas ruas através de passeatas e mobilizações. E enquanto a UNE se propõe a defender a qualquer custo a realização do megaevento e servir de contenção à crise do governo, a nova geração de jovens lutadores está nas manifestações de rua, nas greves com os trabalhadores e lutando contra a burocracia sindical.

As greves dos garis de todo o país, metalúrgicos, operários da construção civil, rodoviários dão conta de avisar que o povo cansou de ficar no banco de reservas . Todos sabem que a lógica de Dilma e dos governos estaduais e municipais é: para a FIFA tudo e para o povo nada.

Para listar mais um exemplo, há alguns dias os policiais federais organizaram um protesto na Praia de Copacabana, com faixas que carregavam os dizeres “Segurança Padrão FIFA no Brasil é ser o 11º país mais violento do mundo”. E esta categoria promete fazer greve durante o evento esportivo se não tiver suas reivindicações atendidas. Nesta última semana, na eleição do DCE da USP, a juventude que foi às ruas em junho atropelou a direita tradicional e o governismo obtendo quase que 50% dos votos neste pleito.

Não será em nosso nome que a direção majoritária da UNE vai seguir aliando-se àqueles que reprimem os que lutam e retiram direitos do povo, em defesa da Copa da FIFA. Não será em nosso nome, que utilizarão uma das paixões nacionais, o futebol, como justifica para remoções e repressão. Em nome da Copa das Copas, do lucro da FIFA, de empreiteiras, de banqueiros e de investidores internacionais inúmeras famílias estão perdendo suas casas e operários suas vidas na construção dos estádios.

No dia 15 de maio vamos somar forças para construir o Maio da Indignação. E nas ruas, piquetes e greves fortalecer a união da juventude e dos trabalhadores na luta por seus direitos.

* Camila Souza é militante do Juntos! e Diretora Executiva da UNE pelo Campo da Oposição de Esquerda.


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