23/9: Dia da Visibilidade Bissexual
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23/9: Dia da Visibilidade Bissexual

Esse dia 23 de setembro, dia da visibilidade bissexual, é dia de luta e ocupação de todos os espaços.

Isa Nascimento e Richard Callefa 23 set 2015, 20:39

23 de Setembro é o dia da visibilidade bissexual. É importante que tenhamos esse dia simbólico, para falarmos sobre o que passamos e nos entender enquanto sujeitos políticos. É importante sairmos da invisibilidade, é importante nos auto afirmarmos sem medos e receios, enquanto bissexuais. Cada orientação sexual e identidade de gênero que está inclusa na sigla LGBT tem suas especificidades. Admitir isso não é fragmentar movimento, é apenas compreender e não invisibilizar e deslegitimar opressões e preconceitos vividos de maneira diferente, com aspectos diferentes, ainda que com uma base igual dentro de uma estrutura social excludente. É lutar por uma coletividade e com um objetivo comum, porém respeitando a diversidade e pluralidade que está presente nessa coletividade. A única forma de rompermos com essa invisibilidade que nos é imposta é se nos organizarmos coletivamente e lutarmos juntos contra as opressões a que nos submetem e contra esse sistema que lucra e se beneficia com essas opressões.

Assim como diz Martin Almada, ativista paraguaio de direitos humanos no filme: Utopia e Barbárie de Silvio Tendler 2009 “A memória é um espaço de luta politica”. Temos que conhecer a memória que se quer ocultar. Que se quer esconder. Que se quer anestesiar.”. Compreendemos que se realmente queremos desconstruir e superar a invisibilidade bissexual com que cotidianamente nos deparamos, seja no mundo hetero-cis-normativo, seja também entre em nossas próprias comunidades LGBTs, precisamos refletir e relembrar o espírito de luta da revolta de Stonewall. A rebelião das LGBTs indignadas, em 28 de junho de 1969, deixou para nós LGBTs muitas certezas e, a principal talvez tenha sido de que se realmente quisermos sair das margens isoladas para quais o sistema nos empurra, devemos compreender: só a luta muda à vida e sem luta não há conquistas. A cultura da bifobia exige ser confrontada com ousadia e coragem de lutar e ser quem somos.

Toda pessoa que descobre e vivencia uma sexualidade não-hétero passa por situações difíceis, que restringem nossa afetividade e nos desumanizam, uma vez que a norma social é a heterossexualidade cisgênera. Quando se assume sua orientação bissexual, a todo o momento são exigidas provas disso. Numa lógica monossexista, que coloca o binarismo heterossexualidade versus homossexualidade como central e palpável, como se existissem lados a se escolher, as sexualidades que não são monossexuais são inferiorizadas, em nível de legitimidade social. A partir disso, pessoas bissexuais são tachadas como indecisas, em cima do muro, assim como um clima de desconfiança generalizada e não capacidade de ser fiel e leal em relacionamentos amorosos.

Desse modo, é urgente aprofundarmos o debate sobre bissexualidade tanto dentro do Movimento LGBT, quanto na sociedade no geral. É dever nosso escancarar as múltiplas violências psicológicas e simbólicas que vivenciamos e que somos submetidos, e por meio disso, a sociedade perceberá que nós existimos. Nós existimos, lutamos, nos organizamos e ocupamos todos os espaços. A bifobia está ligada e transversalizada com diversas outras lutas que encampamos também, por isso enfatizamos a importância de nos organizarmos por essa luta e também compreendê-la como componente de uma estrutura maior que oprime, deslegitima, marginaliza e explora diversas pessoas, em suas mais variadas características.

Buscamos e lutamos por um mundo em que todas as pessoas possam ser livremente, um mundo socialmente igual e justo para todos os sujeitos. Não devemos ter medo, a única coisa que devemos temer é a invisibilidade. Não podemos ceder às pressões, temos que gritar aos quatro cantos do mundo que somos bissexuais quando nos sentirmos confortáveis ou quando (e se) acharmos necessário. Esse dia 23 de setembro, dia da visibilidade bissexual, é dia de luta e ocupação de todos os espaços. Seguimos: NUNCA em cima do muro ou indecisas/os, mas todos/as muito bem resolvidos/as sobre nosso lugar na luta contra nossa invisibilidade, e juntos contra toda forma de opressão e exploração.

Isabela Nascimento é militante do Juntos! DF e Richard Callefa é ex-coordenador do Movimento LGBT do estado do Pará. Ambos são militantes do Juntos! LGBT.


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