VENEZUELA: A juventude e o processo revolucionário
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VENEZUELA: A juventude e o processo revolucionário

Entrevista com Lucero Benítez Levy e Álex Marín são membros da Marea Socialista na Venezuela. A corrente Marea Socialista é uma tendência revolucionária que opera dentro do PSUV, o Partido Socialista Unido da Venezuela.

16 dez 2014, 12:12

Fonte: SocialistWorker.org

Tradução do inglês para o português: Marcello Barra, sociólogo e apoiador do Juntos!

Lucero Benítez Levy e Álex Marín são membros da Marea Socialista na Venezuela. A corrente Marea Socialista é uma tendência revolucionária que opera dentro do PSUV, o Partido Socialista Unido da Venezuela. Numa entrevista com Eva María e Wael Elasady, com excertos publicados, Benitz e Marín falam sobre a experiência deles como membros da Juventude do Marea e as esperanças  para o futuro da luta.

Como a Juventude do Marea começou?

Álex: A Juventude do Marea nasceu ao longo da criação do PSUV Jovem. Em 12 de setembro, nós fizemos o  sexto aniversário da convenção da juventude do PSUV. Nós éramos parte de um núcleo estudantil da Universidade Central da Venezuela (UCV) que trabalhava dentro da esquerda estudantil e encontrava Marea em algumas das lutas estudantis. Isso nos levou a inciarmos conversações sobre a necessidade de estarmos organizados politicamente.
Nós entendemos que as transformações da universidade não eram somente tarefa dos estudantes por eles próprios, mas era muito maior que isso. Nós também sabíamos que precisávamos nos engajar com questões sobre a direção da revolução fora da universidade. Na Marea, nós achamos um espaço onde o debate era aberto e democrático e eles(as) eram muito respeitosos com a diversidade de pensamento. Eles se aproximaram de nós e começamos um processo de integração.
Não foi fácil… No começo nós tínhamos que superar alguns traços de sectarismo que tínhamos sobre sindicatos e seu velho modelo. Mas com Marea nós nos sentimos muito livres para debater essas questões.

Por que vocês entraram na Marea?
Lucero: Eu já era ativa em um coletivo de luta na UCV e não havia grupo de esquerda para a juventude que se constituísse numa alternativa para se analisar e entender os problemas que a Revolução Bolivariana enfrentava. O PSUV Jovem também nasceu, mas não havia muito debate aberto para a base. A Marea era a alternativa, daí eu entrei.

Álex: Há uma razão principal porque nós entramos na Marea. A Marea existe como uma parte integral do processo revolucionário e não como algo fora dele. É onde nós nos encontramos, no processo revolucionário e então nós ingressamos na Marea porque nós precisávamos de um espaço crítico e dentro do processo. Chavistas antes e chavistas depois.
Na escola, nós tentamos resolver algumas das questões que apareciam lendo Lenin e, honestamente, nós não podíamos achar respostas para novos desenvolvimentos. E assim, para a gente, era muito importante ver que Marea veio daquele processo e nasceu como uma expressão política dele – envolvendo pessoas que têm lutado por anos e outros que só começaram a lutar a partir de que o processo bolivariano começou… De uma síntese é que nós precisávamos.

Lucero: Sim, é essencial enfatizar a crítica vinda do processo revolucionário porque naqueles tempos havia um debate acontecendo sobre os erros que estavam ocorrendo na revolução e a necessidade de abrir o debate para todo mundo. A Marea nos ajudou a entender o que significava ser crítico internamente ao processo revolucionário. Dentro do Chavismo, dentro da revolução, dentro da esquerda havia um espaço onde nós podíamos debater todas essas questões.

Como vocês desenvolvem lideranças dentro da Juventude do Marea?
Álex: Não há texto fundacional que você precisa ler para ingressar na Marea.  Nós podemos falar de eventos políticos que são fundamentais, mas não um texto.
Por exemplo, algo que nos ajudou muito foram os debates preparatórios ao Congresso da Juventude do PSUV. As contribuições que Marea fez foram essenciais. Nós arguimos em defesa da democracia e a necessidade de diversidade na organização. Ajudou-nos a ser mais claros nos temas políticos, tal como porque nós precisamos defender a diversidade, a democracia, a importância da juventude nas lutas revolucionárias, etc.
É raro na esquerda venezuelana o reconhecimento do papel da juventude na luta?
Álex: Claro. Há uma tradição na Venezuela – embora eu presumo que seja algo mais global – que aceita o método stalinista de compreensão do partido, onde a juventude joga um papel secundário no processo. Eles pensam que falta maturidade política e, por essa razão, a juventude tem um papel secundário e logístico.
Não foi assim com a gente. Desde o comecinho com a Marea nos foi garantido que nós teríamos um espaço para a juventude liderar politicamente no interior da corrente e não apenas acompanhar. Havia uma forte unidade política entre juventude e trabalhadores.
Para mim, como um estudante universitário… Eu não gostava de sindicatos antes porque eles eram sempre apresentados como muito contrários à universidade… E a influência do trotskismo sectário me fez fugir do trotskismo como uma ideologia. Então, com a Marea, muitos elementos que nós tínhamos nos acostumado a pensar que eram ruins… nós entendemos que o problema não era o sindicalismo ou o trotskismo – o problema era o sectarismo. Nós aprendemos muitas coisas, que reconhecemos como a necessidade de encontrar uma nova esquerda.
Como juventude, nós nos aproximamos do movimento dos trabalhadores. Uma das críticas que nós temos em relação à militância do PSUV Jovem é se verem como separad@s de todos os outros setores da sociedade. Não a vemos solidária com trabalhadores da SIDOR ou da indústria automobilística, porque não veem isso como problema dela. De maneira semelhante, nós não a vemos discutindo questões econômicas porque, para ela, precisam focar somente no desenvolvimento cultural dos espaços… Mas para a gente, a juventude, além de ser jovem, tem também de ser militante da revolução.

Quais são os principais problemas enfrentados pela juventude neste momento?
Lucero: Agora a juventude na Venezuela está um pouco desmoralizada… Nós todos crescemos no coração deste processo revolucionário e, precisamente por essa razão, nós estamos muito a par de todas as conquistas que se tornaram objetivamente benéficas para nosso desenvolvimento e nossas vidas. Agora todos esses benefícios estão sob ataque…
Há muitos setores entre a juventude que têm posições equivocadas, penso, dizendo que nós acostumávamos a ter melhor situação na era da Quarta República (antes de Chávez). Mas, claro, nosso ponto de referência não era sob a Quarta República, mas no início do processo revolucionário.
Nesse senso, o debate que vier à tona na juventude é chave para essa revolução. Nós seremos profundamente afetados por novas medidas econômicas. Elas afetam nossas possibilidades de ter um salário mínimo, afetam porque não há planejamento em torno do acesso à educação, etc. Muitos de nós estamos nos graduando e não temos emprego.
Há muitas questões afetando o jovem, mas ele deveria ser visto a partir do básica compreensão de que nós só conhecemos o que houve no período revolucionário. A luta jovem deve ser em defesa de todas as conquistas: missões na área da saúde, planejamento da economia, etc.
Há também a falsa ideia de que a maioria da juventude é de direita agora e seria a favor de um golpe… Mas nós não acreditamos que isso é verdade. Nós achamos que há muita gente na juventude que, por ver o futuro em risco, está chateada com o que está acontecendo agora. O melhor que nós podemos fazer é convidar esses jovens para lutar de um ponto de vista revolucionário para defender as conquistas que mencionei.

Álex: Eu acho que o primeiro papel da juventude é ser defensora das mais importantes conquistas do processo. Por exemplo, há uma conquista inestimável na abertura do sistema educacional. Mas é nossa tarefa clarear essas contradições. Essa política indubitavelmente permitiu um crescimento dramático de matrículas nas universidades. Mas nós sofremos por seguir a mesma lógica que o capital impõe. Cerca de 900 mil educadores se formam a cada ano, mas o Estado tem somente a capacidade de empregar 200 mil. O restante, 700 mil graduad@s têm que procurar emprego em uma área que não estudaram. Nós precisamos ter um plano para resolver isso. E então, claro, a juventude tem a responsabilidade de assumir questões controversas que em nossa sociedade permanecem tabu – e numa revolução não deve haver assunto que seja tabu.
Por exemplo, o aborto. É um assunto difícil porque a religião continua a jogar um papel muito significativo neste país. Aborto é rigidamente restringido aqui, com raras exceções. Claro, mulheres com poucos recursos econômicos são aquelas que sofrem as piores consequências. Mulheres ricas podem ainda ir para médicos particulares, enquanto as pobres têm práticas muito perigosas e muitas delas são lesionadas ou morrem. Essa é uma importante questão para a juventude.
Também há o tabu em relação à diversidade sexual. Em muitas escolas, ser qualquer coisa que não heterossexual continua a ser visto como uma doença e o sistema não responde a muitas questões que podem aparecer durante esses anos de desenvolvimento.
Há muita diversidade neste país – sexual, cultural, etc. O Estado tem uma tendência de querer limitá-la e pô-la a serviço das instituições. Deveria ser o oposto. A ideia é promover essa diversidade sem limitações.

Nos Estados Unidos, esquerdistas estão participando em muitos debates com jovens, especialmente estudantes, centrados em torno de questões de opressão: homofobia, racismo, sexismo e outros. Esse debate frequentemente deixa uma lacuna sobre a análise de classe e nós vemos nosso papel como socialistas em deixar essa análise clara. Há um modelo similar no debate na Venezuela? Como a Marea vê essas questões?
Lucero: Nós tivemos um ótimo debate sobre isso na Marea. Os grupos e coletivos que falam sobre essas questões – gênero, LGBTTT, feminismo, movimentos ecológicos, etc. – têm um foco pós-moderno com esses tópicos. Eles estão ligados às questões gerais de planejamento da economia e a análise deles sobre classe é um pouco superficial. E, dessa maneira, esse debate é em grande medida deixado a quem têm formação universitária. Não tem se generalizado pelo restante da juventude.
A despeito disso, a cada momento que nós temos a oportunidade de tomarmos parte desses debates, nós tentamos incluir a perspectiva de classe que é tão necessária. Do ponto de vista do feminismo, a luta não pode ser só sobre língua e linguagem, indo de volta às nossas raízes, etc. – tem que incorporar as lutas da mulher oprimida na periferia. Por exemplo, a realidade que as mulheres da classe trabalhadora morrem como resultado em abortos perigosos porque não há garantia de acesso para elas. O mesmo é verdade sobre o debate ecológico e a discussão sobre gênero e LGBTTT.
Acho que esses debates estão ainda muito atomizados. Eles ainda não são trazidos juntos como a luta generalizada da juventude. Isso é o porquê é ainda mais importantes para a gente tomar parte nisso.

Álex: Eu acredito que sobre a esquerda, nós temos a responsabilidade de incorporar novos conceitos  quando eles emergem – tal como aconteceu em Madri [com a juventude que se insurgiu como “indignados”] ou como Occupy Wall Street. Se você vê esses eventos do ponto de vista dogmático, você não será capaz de vê-los tais quais são.
Por exemplo, o debate ecológico não é um que era levado em conta pela esquerda globalmente no passado. A principal preocupação era com produzir o suficiente para satisfazer as necessidades das pessoas, qualquer que fosse o custo. Eu acredito que nós agora precisamos incorporar esse debate como socialistas.
Nós também precisamos trabalhar a partir da ideia de que a maioria das pessoas que é atraída para o pós-modernismo está vindo do lugar certo, eu penso. Para lhe dar um exemplo, uma pessoa jovem que é do partido “contra-política” pode ser do “antipartido” porque eles tiveram uma experiência que os fizeram ter essa conclusão. Para alguém vivendo na Europa, que cresceu com a compreensão de que a União Soviética foi uma falha, que o stalinismo foi um fracasso… ou alguém em Cuba, onde eles tiveram essa experiência com somente um partido… é compreensível que o jovem não confie em partidos.
Mas eu penso que nós precisamos possuir essa bagagem histórica e debater sobre as conclusões desses fenômenos. Por exemplo, nós estamos observando muito proximamente o que está acontecendo com [o novo partido radical] PODEMOS na Espanha. É um movimento que está tentando iniciar um diálogo com o setor amplo que é muito contra a ideia de partido… e nós precisamos integrar isso, também.
Se nós não nos integrarmos esses debates na luta por transformação social, nós iremos perder muita gente. Nós precisamos formar uma nova esquerda – uma esquerda que é mais fresca, uma que é capaz de reconhecer as falhas dos regimes autoritários stalinistas, uma que incorpore nesses debates  gente que não teria uma visão clara do significado de construir um novo partido.
Também há pessoas que são mais sensíveis que outras sobre algumas questões. Nós dialogamos com pessoas que lutam pelo direito da diversidade sexual. Isso não é uma luta que deveria ter lugar somente entre aquel@s que são LGBTTT. Essa é uma luta social para todos. Heterossexuais precisam lutar ombro a ombro com homossexuais e trans pela liberdade deles porque é um direito.
Aquelas são conquistas no terreno democrático. Você tem um presidente negro agora nos EUA, mas ele está respondendo de acordo com o interesse de classe. A questão, então, é que nós não podemos só responder à discriminação social, que é muito forte – nós temos também que colocar a questão de classe.

A campanha presidencial de Nicolás Maduro no último ano teve um componente homofóbico muito forte. Como Marea confrontou isso?
Lucero: Nós em Marea indiretamente rechaçamos essa homofobia. Não temos um debate político para rebaixar um candidato com uma mensagem homofóbica. Aquilo só atrapalhou a campanha. Ao invés de debater os assuntos sobre os quais nós estamos lutando, as perspectivas econômicas e políticas… tudo eram coisas rebaixadas, sem política. Nós não concordamos com isso.
Álex: Membros da Marea também são afetados por esses tabus sociais. Agora que nós estamos nos abrindo, nós estamos dando boas-vindas a setores com membros que não têm clareza sobre a necessidade de lutar pelos direitos à diversidade sexual, por exemplo. Mas isso não pode nos parar de trabalhar com eles.
Há ainda muito peso colocado sobre religião neste país e isso define os valores morais do processo. É como é hoje. É um debate vivo e nós estamos sempre indo do lado da democracia, defendendo o direito de todas as pessoas, seja o que quer que elas queiram ser.
Depois da conferência aberta para os apoiadores da revolução bolivariana, na semana anterior ao III Congresso do PSUV no final de julho, Marea Socialista parece experimentar novas formas de abrir a esquerda para novas forças e organizações. O que é essa abertura? Por que você pensa que é necessária?
Álex: A mudança a que Marea passou nos últimos dois meses tem sido enorme. Nós fomos capazes de agir como um polo de atração para muitas pessoas no processo bolivariano que estavam dizendo para si próprias que eram capazes de se posicionar publicamente. Nós estamos nos tornando um megafone para aquelas vozes que emergem da base.
Quando eu digo que é uma mudança enorme, a mudança somos nós mesmos. Nós acreditamos que somos ainda pequenos, mas nós estamos indo na direção certa, no sentido de construir uma alternativa política que saiba lutar pela defesa dos ideais revolucionários. Nós não temos que nos defender daquelas pessoas que pensam com a gente. Se as pessoas querem nos criticar, elas podem. Nós defendemos o direito de tod@s em dizer o que el@s pensam – é assim que se constrói uma revolução.
Se você quer detalhes específicos, nós tínhamos pequenas regionais organizadas em torno da agitação política num total de oito estados – agora estamos intervindo em 18 estados. O crescimento  tem ido além de nossa própria capacidade.
Isso nos forçou a quebrar com antigas práticas. Por exemplo, uma de nossas regras era que, no sentido de criar um partido forte, você não pode criar uma regional sem ter quadro. Nós tivemos que mudar isso completamente – agora o jeito que nós pensamos é que temos que reconhecer que o povo bolivariano tem quadros construídos no curso da luta. Nós não podemos adiar o trabalho de construir o partido só porque nós não podemos trazê-los.
Dentro da arquitetura do movimento, nós vemos uma liderança emergir e nós precisamos reconhecer as diferentes visões dentro da liderança. Ainda há @s que pensam que PSUV tem possibilidade de mudar e há aquel@s que não têm nenhuma sombra de dúvida que nós necessitaremos formar algo completamente novo.
Nós estamos empurrando para tomar democraticamente esse tipo de decisão. Se não for a liderança do PSUV, seremos nós.

Marea vem de uma tradição política muito específica, traçada através de Marx, Lenin,  Trotski e Moreno. Com todas essas mudanças, o que vai acontecer?
Lucero: Com essa abertura, nós estamos indo a público e abrindo o possível sobre quem nós somos e de onde viemos. A maioria dos grupos que se juntaram depois da conferência [antes do Congresso do PSUV], onde nós explicitamente nos apresentamos como morenistas, uma tradição trotskista, a qual tem ligações com outros grupos de mesma tendência na América Latina. Nós não estamos mudando isso.
O debate entre os diferentes setores que estão entrando em Marea tem de ser totalmente franco ao continuarmos nos movendo para frente. Nós não pensamos que eles têm que seguir nossa tendência, mas nós os convidamos a conhecer diferentes camaradas que temos ao redor da América Latina, assim como os mostramos alguns dos materiais que nós usamos para a educação em torno das lutas que apoiamos internacionalmente – ou questões mais gerais, como o estado da crise econômica global, o que está acontecendo no Oriente Médio, na Europa, nos EUA, etc.

Álex: eu estou rindo por causa de uma anedota. Quando eu entrei na Marea e vi que éramos trotskistas, comecei a pesquisar na internet e vi a entender que éramos 14 correntes internacionais trotskistas… E eu fiquei, tipo assim, de qual dessas sou eu?
Eu acredito que nosso maior interesse é alcançar relacionamentos internacionais que sejam verdadeiramente amarrados pelas lutas e eu acredito que nós precisamos estar madur@s e entender que nós temos que superar alguns desses debates históricos. Isso não significa que nós precisamos apagá-los ou não levá-los em consideração. Mas nós realmente necessitamos procurar o que nos une.
Claro, desde essa fundação, nós podemos falar sobre a tradição morenista… Como Marea, nós somos partes de um núcleo internacional, mas nós também nascemos de um debate onde era necessário transcender algumas das diferenças que nós tínhamos, que nos tornaram observadores da Quarta Internacional, uma corrente mandelista.
Nós temos uma grande responsabilidade na Marea. Nossas políticas dentro da revolução bolivariana são um ponto de unidade para diferentes correntes e tendência do trotskismo e da esquerda internacionalmente. Nós podemos contribuir bastante para transcender debates históricos muito importantes, de tal maneira que possamos trabalhar em relação à unidade que é necessária.
Nós estamos convencidos que precisamos quebrar paradigmas. Você não vai achar uma declaração sobre Marea dizendo que somos marxistas, leninistas, trotskistas e morenistas. Você não vai achar isso porque enquanto alguns e algumas de nós vêm do trotskismo, outros vêm de diferentes experiências… Nós priorizamos a unidade política de crenças básicas mais que rótulos.
Nós somos democráticos, respeitosos, agitadores de lutas… e nós precisamos mover isso para o nível internacional. Nós temos grupos trotskistas na Venezuela que são fãs de fazerem autoproclamação. Eles põem o livro antes da luta e não tem sido capazes de ser parte do processo que está se desenvolvendo.
Do ponto de vista internacional, nós temos que abrir alguns debates importantes também. Para nós não tem nenhuma importância sentar com alguém para ver se eles são trotskistas. Nós temos que nos manter construindo, é o que nós objetivamos.
A juventude tem uma tarefa muito importante a jogar nesse sentido. Nós precisamos usar o legado histórico desses debates, mas abordá-lo diferentemente. Como podemos tirar partido desse conhecimento para então buscarmos unidade na esquerda? Nós primeiro precisamos debater os fenômenos atuais – o que está acontecendo em nossa realidade. Então os localizamos nas categorias  que quisermos, se nós precisarmos.
Mas às vezes a realidade superar categorias. Conceitos permanecem no tempo, mas a realidade da luta os transforma. Partidos não fazem revoluções. Partidos existem por causa das revoluções que o povo faz. E se nós concordamos com essa premissa, então nós precisamos não apenas nos engajarmos nela e entender a teoria, mas também aprender como fazê-la acessível a todas as pessoas que serão líderes e que não deveriam ter que ler tudo que nós temos.

 

 

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