Vem pro CONUBES
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Vem pro CONUBES

Somos um movimento que faz oposição à atual gestão da UBES com estudantes de escolas públicas e privadas, dos Institutos Federais e das Escolas Técnicas de todos os quatro cantos do país. Declaramos guerra perante toda as injustiças e mazelas de um Brasil que vê os números de bilionários crescer, a educação ser cada vez mais precarizada por um projeto de mercantilização do ensino, além da militarização dentro de nossas escolas, do sucateamento de Institutos Federais, do avanço da crise climática, de cidades afundando e uma Braskem que não é responsabilizada.

Acreditamos em um movimento estudantil combativo, democrático, amplo, independente e conectado com os estudantes, e não vamos nos contentar com a reforma da reforma, nem tão pouco com a falta de investimentos na educação. Por isso, estamos lançando a nossa tese rumo ao 45º Congresso da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas com o objetivo de construir uma política diferente para a UBES.

QUEREMOS UMA EDUCAÇÃO EMANCIPADORA E CULTURA PARA PERMANECER

Com o avanço da política de mercantilização do ensino básico, por meio do projeto do Novo Ensino Médio e da falta de investimentos, a educação brasileira vem sofrendo um ciclo constante de precarização. Durante os últimos 6 anos, travamos uma grande batalha em defesa da educação, mas em 2022 o governo de Bolsonaro aplicou o projeto de Temer do Novo Ensino Médio, que modificou carga horária, retirou matérias da obrigatoriedade e escancarou o problema das eletivas. Além de aplicar o Novo Ensino Médio, aprofundou o projeto de escolas cívico-militares, que tem como objetivo fortalecer e impor uma padronização rígida que molda os estudantes de forma uniforme, negando-lhes a chance de desenvolver suas características individuais. Tal cultura de obediência e repressão frequentemente sufoca a criatividade, a reflexão crítica e a pluralidade de pensamento dos alunos, comprometendo o protagonismo juvenil em suas diversas atividades, a exemplo da organização do Grêmio Estudantil, que é garantido por lei.

Diante do Novo Ensino Médio e das escolas cívico-militares, vimos um grande avanço da desigualdade na educação, que tem priorizado uma formação rápida e precarizada pensada para que os filhos da classe trabalhadora entrem no mercado de trabalho sem direitos. Queremos uma educação que seja emancipadora, libertadora, que fuja da lógica atual do ensino e que seja construída em conjunto com os estudantes. Precisamos romper com essa lógica de aprendizagem engessada da educação tradicional que limita o conhecimento. Queremos estudar, mas também queremos rimar, desenhar, apresentar arte e cultura dentro das escolas e dos espaços da comunidade.

POR UMA EDUCAÇÃO LIVRE DO MACHISMO, LGBTFOBIA E CAPACITISMO

No cotidiano das estudantes brasileiras, o machismo é uma realidade constante, evidenciado por casos frequentes de assédio nas escolas e restrições arbitrárias, como a proibição de usar shorts sob a justificativa de “desconcentrar” os colegas do sexo masculino. Além disso, a falta de acesso a produtos de higiene menstrual é uma preocupação recorrente, levando algumas meninas a faltarem às aulas. Diante desse cenário, é preciso avançar nas políticas de resistência contra posturas conservadoras dentro das escolas.

Similarmente, a comunidade LGBT também enfrenta grandes desafios como: a propagação de Fake News, como a do “kit gay”, casos de desrespeito ao nome social e discriminação, levando muitos estudantes trans a abandonarem a escola. Estudos mostram que pessoas LGBT têm maior propensão a sofrer traumas psicológicos devido à falta de apoio nas escolas, o que agrava a situação. Isso evidencia a necessidade de defender a liberdade e a inclusão dentro e fora da escola.

Da mesma forma, estudantes com deficiências encaram desafios como a precarização do ensino público e políticas capacitistas de muitas escolas que continuam oferecendo estruturas inadequadas, falta de intérpretes de Libras, entre outros diversos problemas. Embora tenhamos avançado muito com a Política Nacional de Educação Especial, precisamos de uma educação de fato inclusiva, que se expressa para diversas partes da sociedade, ligando pontos que são importantes para o convívio e ensino.

UMA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA, PARA AVANÇAR

Um jovem negro é morto a cada 23 minutos no Brasil. São maioria nos presídios e minoria nas universidades. São também os que mais evadem das escolas e os que mais estão presentes nos bairros pobres e periféricos. Compreender o racismo em sua dimensão estrutural significa entender que a raça será o elemento organizador simbólico e material da sociedade brasileira.

O racismo no Brasil, no entanto, não se limita às pessoas negras, mas também aos povos indígenas que fazem parte do grupo de populações estigmatizadas e violentadas pelo racismo.

A superação dessa realidade não irá acontecer sem uma mudança radical na educação. As escolas devem ser palco da luta antirracista! Queremos uma educação que leve em consideração a evasão de estudantes negros e negras das escolas e busque solucioná-la, que não admita a ausência de histórias, saberes, conhecimentos e tecnologias negras e indígenas nas aulas e que não se omita diante dos casos de racismo, buscando uma educação antirracista.

NÃO EXISTE PLANETA B: ECOSSOCIALISMO OU BARBÁRIE

A cada dia que passa, mais e mais pessoas se tornam vítimas das consequências catastróficas das mudanças climáticas, seja o calor intenso nas salas de aula, somado à falta de ventiladores, escolas feitas de lata e materiais que não permitem uma ventilação adequada, ou até mesmo as fortes chuvas e enchentes que destroem moradias e bairros em todo o país. Não temos mais tempo! É impossível conceber uma alternativa de mundo ecologicamente justa dentro dos limites desse sistema já que a destruição do planeta é intrínseca a ele.

O capitalismo é um sistema baseado na exploração da terra e das pessoas, visando a obtenção de lucro, seja pela venda de mercadorias ou pela própria vida. Além de se basear no colapso ambiental, esse sistema é o mesmo que se perpetua através da opressão e das desigualdades. As mudanças climáticas representam os resultados dessa lógica de exploração e de esgotamento do planeta Terra, por isso é necessário entender que a crise climática é de um caráter intensamente político e sistêmico. Não é possível lutar por uma sociedade ao nível dos nossos sonhos, por uma educação de qualidade e por um mundo ecologicamente justo, sem ser anticapitalista!  A vitória dos trabalhadores na luta de classes é a única alternativa de sobrevivência da Terra.

PASSE LIVRE: EM DEFESA DA TARIFA ZERO!

No Brasil, o transporte público é o principal meio de locomoção para os estudantes. Além de garantir que diversos jovens possam chegar às suas escolas, ainda garante o direito ao lazer, à saúde, ao emprego e à cidade. Apesar da centralidade que o transporte público tem na sociedade, não é surpreendente o aumento recorrente da tarifa, afetando o conjunto da juventude e dos trabalhadores mais precarizados que dependem destes transportes. Nas diversas capitais do Brasil o valor da passagem de ônibus pode chegar a seis reais, mas sabemos que em cidades do interior e regiões metropolitanas têm valores que chegam a ser ainda mais abusivos.

A luta pelo passe livre carrega a identidade do movimento estudantil. Foi com a radicalidade da juventude que diversas vezes os aumentos foram barrados no passado. Os estudantes são os que mais sofrem com projetos de encarecimento das passagens e de privatização das empresas públicas de transporte e, no entanto, também são aqueles que historicamente deram a batalha para garantir este direito.

Hoje, após muita luta, diversas cidades brasileiras têm aderido a projetos que visam zerar a tarifa do transporte público, garantindo o acesso à cidade a todos, e por isso precisamos seguir nos mobilizando em todos os estados em busca da Tarifa Zero, em defesa do acesso à cidade, por um transporte público gratuito e de qualidade.

O FUTURO NÃO ESPERA: OPOSIÇÃO PARA MUDAR A UBES!

O futuro dos estudantes não espera! Precisamos ter como tarefas fundamentais para esse próximo período a luta pela derrota da extrema direita nas ruas, a prisão de Bolsonaro e todos os golpistas, a revogação imediata do Novo Ensino Médio e a construção de uma educação verdadeiramente emancipadora.

Para isso, devemos apostar em construir uma esquerda independente e radical que fuja da conciliação de classes expressa hoje no governo Lula-Alckmin, que já nos levou a diversas derrotas. Mesmo que tenha sido fundamental para a derrota eleitoral de Bolsonaro, a frente ampla de Lula representa um projeto de reoxigenação de um regime político que produziu o próprio Bolsonaro e o bolsonarismo. 

Precisamos ir além, é necessário construir um Brasil que nunca existiu, onde nossas terras não se concentrem nas mãos dos grandes poderosos enquanto os povos originários são dizimados, e que não tenhamos mais da metade da população em insegurança alimentar.

Precisamos lutar por uma UBES que seja construída pelas bases, onde não impeça a participação dos estudantes, como tem feito a atual direção da entidade, com um modelo de congresso mais excludente já feito, prejudicando especialmente estudantes que estão entrando agora no movimento estudantil. A UBES tem que ser a entidade que declare guerra à extrema-direita e a quem ousar precarizar, mercantilizar ou cortar da educação brasileira. Da mesma maneira, precisamos de uma entidade que seja democrática, desde sua diretoria, com discussões mais permanentes e mais transparência em seu funcionamento, até a base do movimento estudantil, convocando os estudantes a participarem da entidade, tomando as escolas, as ruas, e todos os espaços que nos pertencem, achamos de extrema importância a construção de um fórum de escolas contra o Novo Ensino Médio, para seguir articulando nossas lutas no dia a dia.

Somos oposição dentro da UBES, pois temos como objetivo a construção de uma entidade que seja independente do governo,  pautada pela necessidade dos estudantes. Só assim é possível derrotar a extrema-direita e construir a educação que queremos.

10 PONTOS PARA MUDAR AS ESCOLAS E A UBES

  1. Revogar o Novo Ensino Médio e construir uma educação emancipadora;
  2. Pelo fim dos vestibulares e da política de neoliberalização do ensino;
  3. Não existe planeta B: ecossocialismo para sobreviver;
  4. Direitos para estudar, cultura para permanecer;
  5. Pelo fim das escolas cívicos-militares;
  6. Por uma escola livre do machismo, da LGBTfobia e do capacitismo;
  7. Em defesa de uma educação antirracista;
  8. Prisão para Bolsonaro e os golpistas, contra o avanço da extrema direita;
  9. Por uma UBES democrática e independente do governo;
  10. Pelo direito à cidade: passe livre para geral.

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Quem somos

O Juntos! é um coletivo de juventude presente do norte ao sul do Brasil. Nos organizamos em escolas, universidades, bairros, locais de trabalho e por pautas específicas. Nossa luta é para intervir na realidade, disputar ideias e construir uma sociedade radicalmente diferente.

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