Sobre as manifestações do Dia Nacional Contra o Aumento da Tarifa dos Transportes
Em todo o Brasil, milhares de jovens saíram às ruas para lutar por seus direitos. O recado está dado de norte a sul do país: se a tarifa não baixar, a cidade vai parar!
“Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem.”
Bertold Bretch
No dia 6 de junho, várias capitais do país realizaram protestos contra o aumento abusivo dos transportes, entre elas São Paulo, Goiânia, Rio de Janeiro e Natal. Seguindo o exemplo da cidade de Porto Alegre, milhares de jovens, de norte a sul do Brasil, saíram às ruas para defender seus direitos. Na mesma semana em que os povos indígenas se levantaram contra o governo federal, a juventude urbana protagoniza uma nova onda nacional de lutas.
Desde sempre, o poder público negocia os direitos à cidade, o direito de ir e vir, o direito ao acesso à cultura, lazer e educação públicos e gratuitos em nome de assegurar vultosos lucros aos grandes empresários e à classe dominante. Todo ano repete-se a mesma história, diante da oscilação da inflação, as possíveis perdas financeiras com o aumento do preço do Diesel, da gasolina, entre outros, são repassados para o bolso da população. Dessa forma, o lucro cada vez maior dos barões dos transportes são assegurados pelas prefeituras e o cidadão é quem sempre custeia a garantia de tais lucros. Como regra, quem sai perdendo sempre é a maioria da população. De centavo em centavo, os empresários cada vez ficam mais ricos e o cidadão cada vez fica mais pobre.
Diante do aumento da tarifa dos transportes em muitas capitais, organizou-se ontem um dia nacional de mobilização que reuniu milhares de jovens nas ruas de todo país. A reação dos políticos e dos setores mais conservadores da imprensa foi buscar deslegitimar o ato, utilizando cenas isoladas para colocar a etiqueta de “vândalos” nos manifestantes. A Folha da São Paulo foi além: culpou os manifestantes pelo caos e pela violência.
Repudiamos qualquer tipo de ação que possa agredir ou confundir os trabalhadores do comércio e que circulam pelas vias urbanas. São estes trabalhadores os principais aliados da juventude na luta por melhores condições de transporte. Nenhum ato de violência gratuita pode ser louvado.
Entretanto, não aceitaremos a criminalização do movimento, numa clara manobra das classes dominantes e de seus agentes – como o jornaleco reacionário da família Frias – para retirar da pauta a urgente mudança no sistema de transporte público. O aumento no custo de vida começa a ser real, o governo não pode esconder a inflação e a juventude responde diretamente nas ruas em defesa de melhores condições de vida e por seus direitos. Está começando um processo mais amplo e nacional de rebelião das cidades.
A violência da repressão policial trouxe centenas de feridos na jornada de ontem, entre eles, um militante do Juntos! do Rio de Janeiro, atingido pelas costas, com balas de borracha da polícia. Órgãos da inteligência estão monitorando nas redes ativistas e ameaçando na imprensa o conjunto do movimento.
O Juntos! se orgulha de ser parte da construção desta rebelião nacional, dialogando com a população. Além dos nossos militantes nas ruas de todo o país, nossa vereadora Fernanda Melchionna, fundadora e liderança nacional do Juntos! foi autora, junto com o vereador Pedro Ruas, da ação jurídica que, conjuntamente com a força das mobilizações em Porto Alegre, viabilizou a derrubada do aumento da tarifa na Capital Gaúcha.
Não aceitaremos que os donos do poder nos intimidem. Nossa resposta será nas ruas, abrindo passagem para um novo tempo. A rebelião das cidades vai prosseguir nas próximas semanas. Vamos unificar ações com vários setores, de forma mais ampla possível para derrubar o aumento das tarifas no Brasil inteiro.
Grupo de Trabalho Nacional do Juntos! – 7 de junho de 2013.