ENEMganados, episódio II

ENEMganados, episódio II

Assim como no ano passado, a prova do ENEM 2010 teve graves problemas que foram evidenciados em 06 e 07 de novembro, dias da aplicação da prova. O Ministério da Educação (MEC) cometeu uma série de erros que resultaram na suspensão da prova e geraram incertezas nos vestibulares das universidade públicas do país.

Bruno Magalhães 18 jan 2011, 17:35

Assim como no ano passado, a prova do ENEM 2010 teve graves problemas que foram evidenciados em 06 e 07 de novembro, dias da aplicação da prova. O Ministério da Educação (MEC) cometeu uma série de erros que resultaram na suspensão da prova e geraram incertezas nos vestibulares das universidade públicas do país.

E que problemas foram esses? Primeiro o próprio formato da prova, uma longa e cansativa maratona que não ajudava na resolução dos exercícios. Aplicar a prova nos mesmos dias para todos os estudantes do Brasil também não parece uma boa idéia. Além disso, os problemas técnicos da prova(impressões erradas, fiscalização, etc) deram a impressão que o grande interesse do governo na prova era fazer marketing.

O efeito do ENEM nas escolas também é complicado. O rankeamento é utilizado pelo grandes colégios particulares para aprofundar seu lucrativo negócio e estabelecer novos valores, reduzindo todo o processo educativo a uma única prova. Esse tipo de classificação também segue uma lógica inversa onde as escolas de pior classificação, públicas ou particulares, são penalizadas ao invés de receberem investimentos.

Mas a maior contradição do ENEM é o próprio caráter da prova. Anunciada pelo governo como uma avaliação da rede de ensino nacional, ele ser vê também como processo único de seleção para algumas universidade públicas e influi em outras. Parece ótimo, mas não resolve a qualidade e o acesso à universidade, os principais problemas da educação no país.

Não adianta só avaliar enquanto as condições das escolas forem tão desiguais. Pra melhorar a qualidade da educação é preciso mais verbas do governo, melhorar as escolas e o salário dos professores, além de per mitir a participação dos estudantes nas principais decisões.

E também não adianta somente avaliar enquanto as universidades públicas não tiverem vagas suficientes. Mesmo que todos os estudantes fossem bem na prova, a falta de vagas excluiria a maior parte. Apesar do “mercado do vestibular” insistir que a culpa ou mérito é do estudante, o problema todo está na falta de vagas.

Se de um lado é o governo querendo propaganda e do outro são os colégios e cursinhos querendo dinheiro, qualquer possível mudança passa de qualquer jeito pelos próprios estudantes.


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