Revoluções
Editorial da segunda edição do Jornal Juntos!. Estamos apenas na segunda edição e não seria grande exagero dizer que o Juntos! já é uma realidade. Sei que é difícil, no meio de toda essa mídia corporativa e competitiva emplacar uma nova publicação. Ainda mais quando ela se propõe contestadora, inovadora e comprometida. O que faz o Juntos! ser uma realidade é o fato de já ter se tornado um importante instrumento de organização de um setor da juventude em luta.
Editorial da segunda edição do Jornal Juntos!
Você pode adquirir esta edição diretamente com nossos correspondentes ou pelo e-mail: juventudeemluta@yahoo.com.br
Revoluções
por Maurício Costa
Geógrafo, professor e membro do Diretório Nacional do PSOL
Estamos apenas na segunda edição e não seria grande exagero dizer que o Juntos! já é uma realidade. Sei que é difícil, no meio de toda essa mídia corporativa e competitiva emplacar uma nova publicação. Ainda mais quando ela se propõe contestadora, inovadora e comprometida.
Se estivéssemos falando apenas do sucesso de vendas e distribuição do jornal, poderíamos dizer que não podia ser melhor. A primeira edição esgotou-se em pouquíssimo tempo. Carregada pelo sucesso de público e crítica do longa-metragem, a matéria sobre o Tropa de Elite II foi além de repetir o óbvio. Mostrou que o êxito cinematográfico tem também muito da força de uma política independente e combativa, a mesma que reelegeu o socialista Marcelo Freixo do PSOL – o Deputado Fraga do filme – como um dos deputados mais votados do Rio de Janeiro. Isso sem falar da muito elogiada matéria sobre o festival SWU e o Rage Against the Machine, o balanço das eleições, o relato sobre os distúrbios na França, os informes dos correspondentes da juventude em luta…
Contudo, para além do sucesso editorial inicial, o que faz o Juntos! ser uma realidade é o fato de já ter se tornado um importante instrumento de organização de um setor da juventude em luta. Isso ficou plenamente demonstrado no entusiasmo e na qualidade que contagiaram os participantes do Acampamento de Férias que realizamos em janeiro (confira o relato na página 7), onde mais de 80 jovens, entre correspondentes e ‘aliados do jornal’, fizeram um excelente curso de formação, culminando em grande disposição de ação e luta.
Nada mais necessário para o período histórico que estamos vivendo. Os ventos que sacodem o mundo árabe com as Revoluções Democráticas no Egito e na Tunísia prometem arrastar um mundo em crise econômica, ambiental e social para repensar seu próprio futuro e, por que não, colocar nas mãos de seus povos as rédeas de seus destinos. Por toda essa importância, as revoluções árabes levam a capa deste edição.
No Brasil a situação não parece tão animadora. A notícia, pra variar, foi o escandaloso aumento de 62% no salário dos parlamentares. Operado, evidentemente, pelos próprios. À exceção mais uma vez do PSOL, todos os partidos votaram a favor desse vexame, demonstrando que o governo Dilma será o governo dessa uma perversa ‘partidocracia’ comprometida com os próprios interesses e os das grandes empresas. Mais grave ainda: esse aumento acontece ao mesmo tempo de uma das maiores tragédias da história do país, atingindo a região serrana do Rio de Janeiro. E provocada não pelas chuvas ou pela natureza como muitos dizem, mas pela irresponsabilidade criminosa dos mesmos políticos e dos mesmos partidos da ordem.
Contudo, embora possa parecer, nem todas as vozes estão caladas. A volta às ruas da juventude com as manifestações contra os aumentos de passagens que sacudiram várias cidades do país e a bela ação do movimento social de cursinhos populares com a Rede Emancipa evidenciam que outra política é possível e necessária. Por aí caminhamos com o Juntos!
Espero que gostem e participem desse nosso esforço. Em breve florescerão os resultados das nossas lutas e dos nossos sonhos. Ou, como diria um grande revolucionário russo, “todas as revoluções são impossíveis, até que se tornem inevitáveis”.