Quatro dias na Tunísia: “Bem-vindo à Revolução!”

Confira abaixo trechos do relato do dirigente do PSOL que esteve na Tunísia acompanhando o desenvolvimento da Revolução Democrática. Para ver a versão completa e outros relatos, acesse: http://psolinternacional.org/ “O novo governo está na defensiva e as conquistas democráticas já são irreversíveis. A situação revolucionária não se fechou. A relação de forças é favorável ao […]

Pedro Fuentes 14 abr 2011, 23:57

Confira abaixo trechos do relato do dirigente do PSOL que esteve na Tunísia acompanhando o desenvolvimento da Revolução Democrática. Para ver a versão completa e outros relatos, acesse:
http://psolinternacional.org/

“O novo governo está na defensiva e as conquistas democráticas já são irreversíveis. A situação revolucionária não se fechou. A relação de forças é favorável ao povo. E isso se vive nas ruas.”

Passei quatro dias em Túnis, a cidade onde se iniciou a revolução árabe, enviado pelo PSOL. Meu primeiro contato foi com Jabel, um revolucionário que passou 10 anos no exílio. Ele é integrante do Movimento 14 de Janeiro, organização surgida com a revolução. Quando me viu, me abraçou emocionado e disse: “Camarada, seja bem-vindo a revolução”.

No aeroporto já se notava o clima de fervor: defensores de direitos humanos, exilados de volta ao seu país, muita solidariedade. O taxista que me levou fez questão mostrar a sede do Partido de Ben Alí, um prédio monumental com paredes derrubadas pelos manifestantes.

Simpatia com a América Latina

O interesse pela América Latina é um sentimento geral da revolução árabe. O povo egípcio simpatiza com Evo Morales (presidente da Bolívia) e Hugo Chávez (presidente da Venezuela) pela defesa da causa palestina. Também vê o Brasil com interesse, como exemplo de desenvolvimento nacional.

Jabel contou que a revolução é nacional e que todo o povo participou. Disse que os professores foram cruciais na disseminação da revolução. Na capital e no interior, há edifícios públicos ocupados por jovens e trabalhadores a partir dos quais a população estabelece seus núcleos de participação política.

O povo permanece nas ruas

O povo se sente orgulhoso da derrubada de Ben Ali: “tiramos o presidente ladrão que havia roubado meio país”, nos disse uma tunisiana. Porém, o atual governo de Ganuchi mantém a polícia e o exército intactos, além de vários nomes do antigo regime.

Apesar disso, o novo governo está na defensiva e as conquistas democráticas já são irreversíveis. A situação revolucionária não se fechou. A relação de forças é favorável ao povo. Isso se vive nas ruas. Há muitas greves operárias e mobilizações permanentes da juventude desempregada.

Ghanouchi se mantém porque prometeu eleições em seis meses e começou a dar legalidade aos partidos políticos opositores, 31 partidos já se apresentaram!

Possibilidades para a Revolução

Hoje há duas possibilidades para a revolução tunisiana. A primeira é uma nova crise revolucionária que acabe com o governo de Ghanouchi e imponha a Assembléia Constituinte. A segunda, a realização de novas eleições daqui a seis meses. Seja qual for o rumo da revolução, parte do movimento 14 de Fevereiro está decidido a formar um novo partido amplo com todos os novos ativistas. Um novo partido anticapitalista no estilo do PSOL. Sem pensar duas vezes oferecemos toda a colaboração. Por isso, em breve virá ao Brasil um dirigente operário tunisiano para trocar experiência com os socialistas brasileiros e arrecadar fundos ao novo partido.

O povo da Tunísia deu muito de si para fazer essa revolução árabe. Já deixou mais de 200 mortos. O povo brasileiro tem que reconhecer e apoiar essa grande obra, que já está transformando profundamente o mundo em que vivemos.


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