A história volta às ruas

O suicídio do jovem tunisiano Mohamed Bouazizi, de 26 anos, em dezembro passado anunciou a primavera democrática que se espalha pelo mundo. A tomada das ruas pelos jovens e trabalhadores na Tunísia não apenas derrubou um ditador, como mudou profundamente os rumos deste país e do mundo. Como pólvora, os posts no facebook e os […]

Frederico Henriques 14 ago 2011, 02:36

O suicídio do jovem tunisiano Mohamed Bouazizi, de 26 anos, em dezembro passado anunciou a primavera democrática que se espalha pelo mundo. A tomada das ruas pelos jovens e trabalhadores na Tunísia não apenas derrubou um ditador, como mudou profundamente os rumos deste país e do mundo. Como pólvora, os posts no facebook e os tweets, espalharam a notícia pelo mundo: “Sim, nós podemos transformar a história!”

As chamas da esperança tomaram os povos árabes que saíram de suas casas para depor ditadores que os reprimiam. O ponto alto foram os milhões que tomaram as ruas no Egito exigindo a queda de Mubarak, democracia e dignidade. Foi da Praça Tahrir, no coração da capital egípcia, que a mensagem tocou o mundo, com a queda de mais uma ditadura e a consolidação de mais uma revolução democrática.

As redes sociais espalharam as notícias para além do mundo árabe, anunciando a liberdade para os indignados também na Europa. Em toda a Espanha um milhão de pessoas sai às ruas por “democracia real já!”. “Não somos mercadorias na mão de banqueiros e políticos”, anunciavam os cartazes dos jovens espanhóis. O despertar europeu mostra que a luta pelas liberdades vai muito além do voto.

Enquanto a Europa ferve, a Grécia incendeia. Desde o ano passado centenas de milhares tomam as ruas resistindo ao pacote de austeridade imposto pela ditadura dos banqueiros na terra que inventou a palavra democracia. Greves gerais, tomada das praças, protestos diários são a toada do berço do ocidente.
As flores da primavera também começam a se abrir em solo Americano. Já em fevereiro 100 mil de trabalhadores em greve saíram às ruas no Estado de Wisconsin, nos Estados Unidos, reivindicando o processo revolucionário árabe. No Chile os “Pingüins”, estudantes secundaristas, voltam a sacudir as ruas com mais de 150 mil jovens, após alguns anos, voltando a exigir reformas no sistema educacional do seu país.

No Brasil 40 mil pessoas saíram às ruas no Rio de Janeiro exigindo a liberdade e a anistia dos bombeiros, assim como a Marcha da Liberdade que, inspirada nos jovens espanhóis, realizou no dia 18 de julho atos em mais de 41 cidades pelas mais diversas pautas democráticas apontando um novo momento histórico também para o nosso país. Apesar das mobilizações em nosso país não terem um caráter tão avançado quanto na África ou na Europa, a tomada das ruas pela juventude já é um importante começo na mudança do status-quo por aqui.

Os ventos da primavera que estão varrendo os ditadores do mundo Árabe, exigindo democracia real e combatendo o poder econômico na Europa e questionando todas as formas de repressão e violência vieram para ficar. Na velocidade dos tweets e dos posts as ruas estão sendo tomadas com apenas uma certeza: A roda da história está em movimento e em pouco tempo o mundo será outro.


Últimas notícias