Mulheres tomam as ruas de Belém!
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Mulheres tomam as ruas de Belém!

No dia 28 de Agosto foi a vez das Belenenses marcharem pela igualdade de gênero, pela autonomia de seus corpos, pelo direito de exercer a sexualidade de maneira livre e principalmente pelo respeito e pela construção de uma cultura que ensine o “NÃO ESTUPRE”, ao invés do “não seja estuprada”.

Silvia Guerreiro Giese 5 set 2011, 13:32

Mulheres de Belém! Vamos marchar pela autonomia sobre nossos corpos. E pelo direito de exercer nossa sexualidade da forma como quisermos! “Não somos santas, nem somos putas, somos LIVRES!”

No dia 28 de Agosto foi a vez das Belenenses marcharem pela igualdade de gênero, pela autonomia de seus corpos, pelo direito de exercer a sexualidade de maneira livre e principalmente pelo respeito e pela construção de uma cultura que ensine o “NÃO ESTUPRE”, ao invés do “não seja estuprada”. A marcha chegou a reunir quase mil pessoas, sendo a maioria mulheres que resolveram sair de suas casas em pleno domingo para lutar contra a violência, que ela e outras mulheres sofrem diariamente. Essas mulheres marcharam pra lembra a população que a cada minuto uma mulher e violentada no Brasil, e nós mulheres fomos às ruas mostrar que somos sim indignadas com esse fato lamentável, saímos embravecidas para dizer um “Basta! Chega de violência contra a mulher! Chega de Machismo!”. Essas mulheres se reuniram e encheram as ruas com quase mil pessoas transformando a Marcha das Vadias de Belém na maior de todas do Brasil.

Foi praticamente mais de um mês de organização deste o período proposto no facebook, foi por esta rede social que se iniciou a construção do ato. E foi este motivo que propiciou um número muito grande de meninas independentes participarem da organização da Marcha. E o Juntas! estava presente na organização desde o principio até o dia do Ato organizado as falas no microfone e fazendo uma bancada toda amarela cheia de cartazes e mulheres. A proposta de fazer a marcha em um domingo e em um lugar de muita movimentação como a Praça de República em Belém, permitiu um diálogo que, com certeza, irá se difundir entre muitos grupos e, portanto transformar a questão da violência sexual e do machismo em pautas atuais, visto que a mídia e o governo não tratam esses temas com real importância, e ainda impõe para nós mulheres um padrão de beleza e um padrão de agir totalmente pautado por um ideal machista e patriarcal. No dia 28 mostramos a eles que somos mulheres que sonham e lutam por uma sociedade livre desses ideais, livre da misoginia, do machismo e da opressão, lutamos pela liberdade da mulher, e esta tem que estar presente no cotidiano de cada uma delas.

Mulheres gritavam “Se o corpo(3x), é da mulher, ela dá pra quem quiser(2x)”, mas também puxaram palavras de ordem de cunho mais feminista e não deixaram passar o fato de termos hoje uma presidenta mulher que não representa a luta feminista, e sim a lógica capitalista que dá força a tudo aquilo que lutamos contra como o machismo, homofobia, racismo e a luta contra a Barragem de Belo-Monte.

Apesar do nome “Marcha da Vadias” causar estranhamento, no momento em que a Marcha alcança o seu ponto final na praça, o impacto parece ter sido positivo, a expressão impressa no rosto d@s transeuntes da Praça da República foi de aprovação e de entendimento. No dia seguinte fomos capa dos principais jornais de Belém, porém infelizmente algumas emissoras de televisão distorceram totalmente o caráter de luta da Marcha das Vadias, transformando-a em uma comédia vazia e machista.

A marcha serviu pra mostrar a sociedade que podemos sim fazer algo para tentar mudar a realidade de mulheres que sofrem violência sexual em suas casas, nas ruas e no seu trabalho, são por volta de 15 mil mulheres violentadas todo ano, MULHERES que são chamadas de vadias por sofrerem estupro, por andarem sozinhas à noite ou por usarem roupas tidas como “provocantes”. E foi nessa energia que marchamos no dia 28 em um ato único e extraordinário que tomou o coração de milhares de mulheres, mesmo estas não participando da marcha. Então mulheres, se for  para sermos chamadas de vadias vamos reforçar que, se ser vadia e ser livre, somos nós todas vadias e assim seremos todas fortes.


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