Cúpula de quem? Para onde vamos em junho de 2012
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Cúpula de quem? Para onde vamos em junho de 2012

O que é a Rio+20? Eu posso participar? Quem vai estar por lá?
A Cúpula dos Povos é organizada por quem? O que vamos fazer no Rio de Janeiro?
Qual a diferença entre a Cúpula dos Povos e a Rio+20?

Renata Albuquerque 12 abr 2012, 15:53

*Renata Albuquerque

O que é a Rio+20? Eu posso participar? Quem vai estar por lá?
A Cúpula dos Povos é organizada por quem? O que vamos fazer no Rio de Janeiro?
Qual a diferença entre a Cúpula dos Povos e a Rio+20?

20 a 22 de junho de 2012. A cidade do Rio de Janeiro receberá diversos chefes de Estado e de Governo dos países membros da ONU. Esses três dias são parte da Conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável, a Rio+20. Essa parte da Conferência chama-se Segmento de Alto Nível da Conferência – o nome já revela quem serão os protagonistas daquele espaço. Os temas da Conferência são a Economia Verde e a Estrutura Institucional para o Desenvolvimento Sustentável. O Brasil, como os outros países participantes, levará propostas e projeto sobre o tema. Mas quem foi consultado ou ao menos informado sobre essas propostas? A economia verde é a saída que defendemos para o mundo? O modelo econômico desenvolvimentista pode suportar uma faceta “sustentável”?
O PNUMA, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, produziu o relatório Rumo a uma economia verde, um texto que antecipa a principal discussão da Rio+20: a institucionalização do conceito de economia verde como balizador das políticas internacionais sobre meio ambiente. Mas o texto mostra suas insuficiências como embrião de um projeto que de fato transforme as relações do homem com a natureza e estabeleça outro modelo econômico que não comprometa o futuro da humanidade e do meio ambiente: fala da necessidade de construirmos um futuro sustentável, mas não explica que a sustentabilidade que busca é a sustentabilidade do sistema capitalista, que sem essas alterações “verdes” tende, ele mesmo, a ruir. Em crise, o sistema capitalista avança para o meio ambiente, na tentativa de encontrar maneiras de sobreviver. As Nações Unidas, via PNUMA, admitem a insustentabilidade do modelo econômico atual, sua incapacidade de existir em harmonia com a natureza; mas em vez de estabelecer uma rígida crítica à esse sistema – como exigimos nós, que estamos engajados na luta por outro futuro – o que propõem os donos do mundo é um “esverdeamento” dos setores estratégicos do capital.

Enquanto isso, no aterro do Flamengo…

… aqueles/as que se opõem a este projeto de mundo estarão reunidos e mobilizados, discutindo alternativas à economia verde e ao engodo do desenvolvimento sustentável. Ali, se espera reunir mais de 10 mil pessoas de todas as partes do mundo, representantes dos mais diversos movimentos sociais, partidos políticos, ONG´s, jovens, trabalhadores, indígenas, ribeirinhos e estudantes. Trata-se da Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental. A programação da Cúpula dos Povos está sendo montada por todos esses setores, e qualquer coletivo, organização ou entidade pode propor atividades que comporão a grade de programação da Cúpula. São três eixos temáticos que organizarão as atividades. O primeiro trata da “denúncia das causas estruturais das crises, das falsas soluções e das novas formas de reprodução do capital”; o segundo debate “soluções e novos paradigmas dos povos” e o terceiro, por fim, visa “estimular organizações e movimentos sociais a articular processos de luta anticapitalista pós-Rio+20”. O Juntos! estará presente na Cúpula, e desde já antecipamos nosso convite à tod@s que estão engajados na luta ambiental.

Vamos Juntos!

O enfrentamento aos ataques ao meio ambiente e aos direitos dos povos deve ser feito de maneira coletiva. São muitos os setores ecologistas e ambientalistas que insistem em defender saídas individuais, que acabam por reforçar a hegemonia do modelo econômico, político, ambiental e cultural que nos prontificamos a combater. Embora concordemos que a educação ambiental e a mudança da nossa postura em relação à natureza sejam aspectos importantes da luta ambiental, insistimos que o central para que mudanças reais sejam feitas é a organização e a mobilização dos jovens. Defendemos, por isso, que a Cúpula dos Povos seja um espaço de articulação dos movimentos sociais, um espaço de preparação de mobilizações internacionais. A Cúpula dos Povos é um ponto de partida dos indignad@s de todo o mundo, que depois daquele espaço podem ter novas maneiras de se organizar em defesa do meio ambiente.
Na Cúpula estaremos em contato direto com os setores que cotidianamente vem se organizando pela construção de outro futuro. São as vozes dos 99% que se indignam com o modelo de desenvolvimento que nos é imposto, com a exploração dos recursos ambientais de nossos países, com a subjugação dos povos. Esse é o caráter que defendemos para aquele espaço e é com essa disposição que dele participaremos.
Ir à Cúpula dos Povos é dar eco às manifestações em defesa das florestas brasileiras, é fazer crescer internacionalmente a luta contra a reforma do Código Florestal, é encontrar aliados que também se opõem à construção da usina de Belo Monte, é reconhecer que os projetos mineradores avançam na destruição do meio ambiente em toda a América Latina. Por isso vamos à Cúpula, para apresentar ao mundo com o que se indigna a juventude brasileira. Vamos à Cúpula dos Povos para que os defensores desse modelo econômico insustentável não falem em nosso nome; vamos mostrar que diante da cúpula dos poderosos, os povos do mundo se organizam para defender seus direitos.

*Renata é Mestranda em Ciências Sociais – UnB e militante do Juntos DF.


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