Na PUC-SP, segue forte a luta por democracia!
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Na PUC-SP, segue forte a luta por democracia!

Entrevista do Juntos com o companheiro Henrique Iglecio, militante do campo Rompendo Amarras e participante do Movimento por Democracia na PUC-SP, sobre a mobilização da universidade e os próximos passos por democracia!

Thiago Aguiar 3 mar 2013, 18:49

Thiago Aguiar*

58415_4488891581997_1922113299_nNa sexta-feira, dia 22/02, um ato com forte carga simbólica reabriu mais um capítulo na luta por democracia na PUC-SP. Buscando fortalecer sua posição e enfrentar o movimento estudantil que há meses questiona a nomeação de Anna Cintra como reitora da PUC, o cardeal D. Odilo Scherer realizou uma missa no Pátio da Cruz, dentro da universidade. A mobilização fortaleceu-se após a edição do que se chamou “AI-Cintra”, uma determinação da reitoria da universidade que proibia a realização de qualquer manifestação ou debate na universidade sem a prévia autorização da reitoria. Após o cancelamento, por este motivo, de um debate na semana da calourada, a forte comoção gerada fez Anna Cintra retroceder e cancelar seu ato.
Com esparadrapos nas bocas e portando cartazes exigindo democracia e relembrando o compromisso de Anna Cintra de não assumir o cargo caso não ficasse em primeiro lugar na votação, os estudantes da PUC-SP deram uma bela demonstração de que a luta por democracia segue fortalecendo-se e de que não se deixarão intimidar pelo autoritarismo da reitora, da Fundação São Paulo e da Igreja. Ao fim da missa, centenas de estudantes gritaram para o cardeal: “Adeus, adeus, Bento XVI! O papa foi embora. Anna Cintra é a sua vez!”
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O Juntos! esteve presente no ato e é parte da luta por democracia nas universidades. Para nos contar mais sobre o ato e os próximos passos do movimento na PUC-SP, entrevistamos o companheiro Henrique Iglecio, militante do campo Rompendo Amarras e participante do Movimento por Democracia na PUC-SP.
Juntos!: Henrique, no dia 22/02, os estudantes da PUC-SP organizaram um “protesto silencioso” numa celebração do arcebispo D. Odilo Scherer na universidade. O que motivou a manifestação e quais foram suas consequências?
Henrique Iglecio: A manifestação do dia 22 de fevereiro é uma continuidade do Movimento por Democracia na PUC-SP. O movimento teve início no dia 13 de novembro de 2012, quando o Cardeal D. Odilo Scherer indicou a terceira e última colocada nas eleições para reitor da Universidade. É importante ressaltar, que foi a primeira vez na história da PUC em que isso ocorreu. Desde então, vêm ocorrendo massivas manifestações na Universidade, realizadas por estudantes professores e funcionários. As manifestações têm como objetivo deixar claro que a professora Anna Cintra não é reconhecida como reitora da PUC-SP pela grande maioria da comunidade acadêmica, com exceção de alguns focos de apoio que recebe dentro da Universidade.
O ato do dia 22, além desse mesmo caráter, tinha uma outra função em específico. Poucos dias antes do mesmo, a Professora Anna Cintra, publicizou um ato, que em síntese, dizia que para ocorrerem manifestações dentro da Universidade, seria necessária prévia autorização da reitoria. O Ato, ficou amplamente conhecido como “AI-Cintra”, em alusão ao Ato Institucional 5, imposto durante o regime civil-militar brasileiro.
A manifestação foi muito importante para mais uma vez demonstrar a força e a coerência do Movimento por Democracia na PUC-SP e, além disso, de demonstrar que nosso movimento é sim pela renúncia da professora Anna Cintra, mas também contra a intervenção da Igreja Católica na nossa Universidade, em defesa de uma educação crítica e laica.
Juntos!: Além do “AI-Cintra”, que outras medidas da reitora ilegítima Anna Cintra o movimento tem questionado? Com o ato de sexta-feira, a luta por sua saída se fortaleceu?
HI: No início do ano a professora Anna Cintra já demonstrou inúmeras vezes o papel que se propôs a cumprir. Algumas ações são gritantes, como, por exemplo, logo no início das aulas ter colocado arame farpado no portão principal do Campus Monte Alegre (um grupo de estudantes retirou o arame e o colocou próximo à reitoria, dizendo muito obrigado, mas não queremos cercas farpadas em nossa universidade). Mas, na minha opinião, a pior delas, foi se reunir com o  Secretário de Segurança do Estado de São Paulo, que controla uma das mais violentas Polícias do mundo. A professora usou mais uma vez a desculpa da segurança no Campus. Vale registrar que sou estudante da PUC-SP há quatro anos e, sinceramente, não houve um momento em que senti minha segurança ameaçada na Universidade, talvez, só quando li a matéria sobre essa reunião. Não podemos esquecer, é claro, das sinalizações que Anna Cintra dá sobre o fechamento definitivo dos cursos menos rentáveis da Universidade,  demonstrando mais uma vez, seu compromisso com o lucro, em detrimento da educação.
Juntos!:Quais são os próximos passos que o movimento puquiano tem debatido?
HI: A perspectiva é que o movimento continue com força. Para isso, a última assembléia deliberou que os estudantes construiriam uma Frente “Fora Anna Cintra”, na qual debateremos  as ações que o movimento tomará no dia a dia, mas claro, sempre realizando assembleias periódicas. Além disso, a articulação com os outros setores da Universidade, com os professores (representados pela APROPUC) e os funcionário (por sua vez, representados pela AFAPUC).
Juntos!: Como na PUC-SP, em várias outras universidades brasileiras o movimento estudantil tem lutado por democracia. Como você enxerga o papel da Oposição de Esquerda da UNE nessas lutas?
HI: Na minha opinião, no momento em que vivemos hoje, a luta por democracia nas Universidades é uma necessidade geral, não acredito que hoje exista nenhuma Instituição de Ensino Superior realmente democrática neste país. A Oposição de Esquerda da UNE hoje, tem dois papéis fundamentais: o primeiro é colocar que democracia na Universidade não é somente a luta para alteração da superestrutura das nossas Universidades, mas, principalmente, é uma luta pela democratização real do acesso ao ensino superior e a tarefa de dar continuidade as reivindicações por assistência estudantil que iniciou de maneira muito positiva no CNGE (Comando Nacional de Greve Estudantil). E o segundo é garantir uma atuação cada vez mais orgânica e regular, pra cada vez mais se consolidar como a principal alternativa de organização de estudantes que lutam pela transformação das nossas universidades e da nossa sociedade!
 
*Thiago Aguiar é Diretor da UNE pela Oposição de Esquerda e membro do Grupo de Trabalho Nacional do Juntos!

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