Juscelino, mais uma vítima da ditadura militar
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Juscelino, mais uma vítima da ditadura militar

A Comissão Nacional da Verdade conclui que o ex-presidente Juscelino Kubitschek foi assassinado pela ditadura militar. Nesse momento em que os crimes do regime autoritário são revelados, é fundamental fortalecer a luta pelo direito à memória e à justiça.

Daniel Faria 12 dez 2013, 11:19

*Daniel Faria

O ex-presidente Juscelino Kubitschek foi assassinado pela ditadura militar, em 1976, segundo a Comissão Municipal da Verdade de São Paulo.Contrariando a história oficial, que diz que JK morreu num acidente de carro, a Comissão concluiu que o motorista do carro, Geraldo Ribeiro, foi alvo de um tiro na cabeça. O relatório do caso inclui cerca de 90 indícios para comprovar a denúncia, incluindo uma série de depoimentos de pessoas envolvidas no caso e provas documentais, como a autópsia do motorista.

Juscelino não foi o único político importante assassinado pela ditadura. João Goulart e Carlos Lacerda (que formavam com JK a chamada Frente Ampla) também morreram em circunstâncias suspeitas, na mesma época: o primeiro, ainda em 76, por ataque cardíaco; e o segundo em 77, vítima de um infarto. A suspeita é que os três foram assassinados pela Operação Condor, articulação entre os governos ditatoriais do Cone Sul, que também teria assassinado outros líderes sul-americanos na mesma época.

O corpo de Jango sofreu uma exumação recentemente, para investigar as verdadeiras causas da sua morte. A iniciativa fez parte de uma homenagem ao ex-presidente, que retornou a Brasília quase 50 depois de ter sido expulso de lá pelos militares golpistas.

Independente de seu governo (quem teve muitos pontos questionáveis), Kubitschek combatia o regime de exceção e, não só foi morto pelo governo,como teve as circunstâncias de sua morte escondidas por 37 anos. Mais um ponto da longa lista de crimes cometidos pelo governo militar.

A Comissão Nacional da Verdade, que foi instalada em 2012 e levou à criação de outras dezenas de comissões estaduais e municipais, tem sido um instrumento importante para investigar as arbitrariedades cometidas durante o regime militar. Mas precisamos ir além da verdade: para punir os responsáveis pela tortura e assassinato de centenas de pessoas, é preciso revogar a Lei da Anistia.

Em um momento em que fantasmas da ditadura como José Maria Marin e Jair Bolsonaro ainda nos perseguem, a melhor saída para impedir que um dos mais lamentáveis períodos de nossa história não se repita é punindo os responsáveis por ele.

*Daniel Faria é estudante de Comunicação Social da UFRJ e militante do Juntos


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