Audiência do caso DG: a nossa luta é todo dia
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Audiência do caso DG: a nossa luta é todo dia

Após esse dia turbulento o que mais desejaria seria repousar tranquilamente sabendo que a minha luta diária foi desempenhada com afinco mais uma vez. Mas sei que ao amanhecer travaremos mais uma luta, já que amanhã será votado no Congresso a proposta de redução da maioridade penal.

Edgar Ribeiro 29 jun 2015, 23:35

Hoje pude acompanhar, no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, a audiência do caso de Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, dançarino do programa “Esquenta!”. Durante toda a audiência pude ficar ao lado de sua mãe, Maria de Fátima Silva. Mulher corajosa, dedicada e guerreira, que mantém-se ativa na luta contra a redução da maioridade penal, contra o extermínio da juventude pobre e negra nas favelas e diz que a legalização das drogas é algo importante, pois “evitaria os inúmeros casos de violência que assolam nosso país”.

O dançarino foi encontrado, na época, morto na comunidade Pavão-Pavãozinho em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Mais uma vítima da política de extermínio que vem sendo aplicada nas periferias do Rio de Janeiro e Brasil afora. Casos como este, que acontecem cotidianamente, são reflexos de políticas de segurança pública falidas, como as UPPs, que aumentaram vertiginosamente a militarização em algumas favelas cariocas.

O Juntos! Segue firme contra essa política de enfrentamento e guerra às drogas, por ser, na realidade, uma guerra aos pobres e, conforme supracitado, uma tática de extermínio da juventude de nosso país. Além disso, a desmilitarização da polícia se faz necessária, haja visto que esse modelo representa um resquício da ditadura militar.

Algo que me deixou feliz, contudo, foi ouvir de Maria de Fátima que punir os policiais não é algo que vá trazer justiça, pois, segundo ela, o verdadeiro culpado ficará impune, que é o Estado. Pois é ele que alimenta toda essa máquina de extermínio, que combina a criminalização da pobreza com a precarização do trabalho dos policiais, com treinamentos e remunerações péssimas.

No entanto, minha felicidade não durou muito tempo. Ao fim do dia li a notícia do rapaz Rafael Camilo Néris que foi morto em uma ação do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), no morro da Coroa, em Santa Teresa, enquanto estava trabalhando. Logo, pude constatar que esse debate é algo que deve se manter vivo diariamente, pois a juventude é constantemente rotulada, estigmatizada e morta em nosso país, sem ter o mínimo de sua dignidade respeitada.

Que DG e Rafael possam ser inspiração para todos os que lutam por uma sociedade mais igualitária com respeito a diversidade de todas e todos. Após esse dia turbulento o que mais desejaria seria repousar tranquilamente sabendo que a minha luta diária foi desempenhada com afinco mais uma vez. Mas sei que ao amanhecer travaremos mais uma luta, já que amanhã será votado no Congresso a proposta de redução da maioridade penal. Caso seja aprovado, será mais um ataque aos nossos jovens. Portanto, sejamos a resistência, a juventude sonhadora e lutadora para que possamos gritar: DG e Rafael presentes!


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