Um balanço sobre o 45º CONUBES e a luta por uma UBES independente
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Um balanço sobre o 45º CONUBES e a luta por uma UBES independente

Este evento revelou a falta de independência da UBES e a manipulação política orquestrada pelo setor majoritário, onde a prioridade é realizar um congresso protocolar em vez de fazer um congresso que consiga refletir as lutas e desafios do movimento estudantil.

Betina Gosch e Lucas Cunha 1 jul 2024, 10:49

Com o avanço da política neoliberal que cresceu no brasil nos últimos anos, temos visto a ascensão de um projeto político que tem como principal objetivo vender e tornar a educação pública moeda de troca, hoje a extrema direita segue uma agenda que busca rifar para além da educação, os direitos e o futuro de uma juventude que já é precarizada. As reformas conciliadoras do governo Lula, como a reforma do novo ensino médio, e os graves cortes na educação são elementos sintomáticos de um desmonte organizado que tem o intuito muito claro de sucatear ainda mais a realidade das escolas. 

Entendemos que hoje a derrota do fascismo e do projeto neoliberal não perpassa apenas pela derrota do bolsonarismo e pela prisão para os golpistas, e sim pela destruição das bases sociais que sustentam o projeto da extrema direita. Por isso é necessário propor uma alternativa independente e radical que consiga combater o arcabouço fiscal, que consiga barrar a tentativa de privatizações das escolas no Paraná e que destrua o projeto de militarização que tenta policializar a educação pública. Nesse sentido, defendemos que a proposta de alternativa não passa pelo jogo de conciliação que vende nossos direitos, mas sim pela necessidade de avançar no movimento secundarista para que haja um pólo independente que se levante hoje em defesa das nossas escolas a partir de um movimento organizado pelas bases.

Desde o início do 45º Congresso da UBES, a ausência de compromisso com as demandas reais dos estudantes foi evidente em diversos aspectos: logística confusa, falta de transparência nas decisões e tentativas explícitas de manipulação dos procedimentos eleitorais. A tentativa de esvaziar o congresso foi flagrante, não somente pela artificialização da entidade, mas desde a mudança de proporcionalidade caracterizada pela prioridade de distanciamento da Ubes com os estudantes. Durante os dias do congresso, enfrentamos uma série de problemas desde a falta de política e objetivo concreto do congresso para além da eleição da nova presidência até o esvaziamento de pautas cruciais para o movimento estudantil que foram negligenciadas ou distorcidas.

A avaliação do Coletivo Juntos sobre o 45º CONUBES é clara: este evento revelou a falta de independência da UBES e a manipulação política orquestrada pelo setor majoritário, onde a prioridade é realizar um congresso protocolar em vez de fazer um congresso que consiga refletir as lutas e desafios do movimento estudantil. A despolitização ficou escancarada com a pouca profundidade nos debates políticos e uma corrida para aprovar pautas sem discussões substanciais.

Outro problema latente foi a falta de representação dos estudantes do Rio Grande do Sul dentro do CONUBES. Como consequência da situação grave de calamidade pública, houve o adiantamento da primeira data do congresso, entretanto nós avaliamos que mesmo com o adiamento de um mês, a nova data ainda impossibilitou que os militantes do RS participassem, já que ainda estavam passando por um momento tão delicado. É preciso que o movimento estudantil, para além de fazer cartas que reivindicam a solidariedade ao desastre, também promova o debate dentro da entidade sobre políticas consequentes com a crise climática, e que se elabore alternativas à barbárie do capitalismo. 

Além disso, é necessário criticar abertamente o arcabouço fiscal implementado pelo governo Lula, que diretamente destrói nossa educação. O próprio arcabouço fiscal coloca em risco o cumprimento do piso constitucional para saúde e educação, já que por sua lógica limita o investimento nessas áreas. Portanto, sabemos que os cortes representam qual agenda de investimento é prioridade pro governo, e fica claro que atualmente essa prioridade não é o investimento na educação. Por isso a luta contra o arcabouço fiscal terá que ser uma batalha dos estudantes secundaristas também no próximo período.

O campo majoritário dirigido pela UJS, continua a apoiar políticas que prejudicam o financiamento da educação, ignorando o futuro das próximas gerações, se mostraram como um campo alinhado ao governo federal durante todo o congresso, colocando seus interesses partidários acima dos interesses dos estudantes. Reforçamos a necessidade de uma UBES independente, somente assim poderemos construir um movimento estudantil forte e representativo, capaz de enfrentar os desafios atuais e futuros com integridade e coesão.

Queremos uma UBES comprometida com as pautas da nossa geração, uma entidade que aparece para solidariedade mas sem debater a fundo o tema da crise climática e ecossocialismo não serve à geração que hoje vive as consequências do capitalismo e da produção desenfreada. Uma UBES que faz um congresso sem pensar em um calendário unificado de lutas contra o Novo Ensino Médio, que não constrói processos de unidade na luta, nem de massificação para além da massa votante, é uma entidade insuficiente para os anseios da luta secundarista. Quem negligencia isso é conivente com o aprofundamento das desigualdades, em nome da falta de independência, autonomia e construção de um polo político de defesa constante da educação. 

A greve dos técnicos e docentes das federais que mobilizou tantos estudantes por todo o Brasil, seja nas universidades ou dentro dos IFs, nem chegou a ser um tema debatido dentro do congresso, o que mostra um profundo afastamento com a luta das bases. Precisamos de um movimento estudantil que de as ferramentas e o caminho para que os estudantes façam luta, e não o contrário.

Um exemplo claro da falta de compromisso com as demandas reais dos estudantes foi a rejeição da proposta de um calendário de greve climática por parte do campo majoritário, algo de extrema relevância como a crise ambiental não pode estar de fora da nossa agenda de lutas. Nossa principal tarefa agora é a construção de um movimento estudantil que seja consequente com os nossos desafios e que a partir de um levante secundarista paute a luta dentro de cada escola. Por isso nós do Coletivo Juntos! No dia 12 de agosto nos organizaremos dentro das escolas para construir uma greve climática, a fim de disputar pela base contra o projeto neoliberal que se expressa tanto pelo negacionismo climático, mas também pelo projeto de privatização e militarização das nossas escolas. O futuro não demora, é pela nossa sobrevivência e pelo futuro! Vamos juntos construir a luta na sua escola!


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