O que podemos aprender com os estudantes chilenos
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O que podemos aprender com os estudantes chilenos

Mais uma vez os chilenos ocuparam as ruas de Santiago pedindo por educação pública gratuita e de qualidade para todos. A manifestação organizada pela Confederação de Estudantes do Chile (Confech) reuniu cerca de 120.000 estudantes para uma passeata pacífica pelas ruas da capital.

Felipe Aveiro 12 abr 2013, 11:05

*Por Felipe Aveiro

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Os milhares de chilenos ontem nas ruas.

Mais uma vez os chilenos ocuparam as ruas de Santiago pedindo por educação pública gratuita e de qualidade para todos. A manifestação organizada pela Confederação de Estudantes do Chile (Confech) reuniu cerca de 120.000 estudantes para uma passeata pacífica pelas ruas da capital.

O movimento estudantil no Chile tem protagonizado diversas lutas nestes princípios do século XXI, ganhando notoriedade em 2006 com os protestos realizados pelos secundaristas que ficou conhecida como “Revolución de lós Pingüinos” por causa dos uniformes escolares, composto de camisa branca e gravata negra.

Em 2011 uma manifestação de proporções maiores tomou as ruas do país. Na esteira dos eventos que sacudiram o globo naquele ano – da Primavera Árabe ao Occupy Wall Street – a juventude chilena demonstrou seu descontentamento com o sistema educacional chileno fazendo a maior manifestação no país nos últimos 30 anos, desde o término da ditadura militar. Esses acontecimentos foram acompanhados de perto pela Nathalie Drummond, do Grupo de Trabalho Nacional do Juntos!.

Em 1981 as universidades do Chile foram privatizadas pelo regime do general Pinochet que implementou, a custa de muito sangue, a agenda neoliberal de corte de gastos públicos e diminuição do tamanho do Estado. Nem a ex-presidente Michelle Bachelet em 2006, tampouco o atual presidente Sebastián Piñera conseguiram atender às demandas legítimas dos estudantes que questionam a própria representatividade do atual sistema político.

É curioso o fato dessa recente manifestação ter tomado lugar três dias após a morte de Margaret Thatcher, pois a ex-primeira-ministra britânica é identificada simbolicamente como a “mãe” do neoliberalismo devido ao fato da “Dama de Ferro” ter pautado sua política econômica pela privatização de empresas estatais, a flexibilização do mercado de trabalho e a desregulamentação do mercado financeiro; além de ser amiga pessoal do ditador chileno.

Por esse e outros motivos devemos manter-nos atentos aos ventos de mudança que sopram de todos os lados. A debilidade do capitalismo global, acelerada pelos últimos 30 anos do período neoliberal, trouxe à tona a necessidade urgente de busca por alternativas para um outro futuro possível. E com a crise na Europa, o continente latino-americano tem sido um palco ideal para experimentarmos novos caminhos.

É importante reconhecer a batalha dos nossos hermanos como nossa também. A luta pela educação no Brasil é essencial, o que aumenta nossa responsabilidade na construção de uma grande maré de oposição à hegemonia da UJS no 53º da UNE, a ser realizado no período entre 29 de maio e 2 de junho.

Existe uma indignação latente no coração dos brasileiros que está prestes a transbordar. O protesto contra o aumento da passagem de ônibus em Porto Alegre que reuniu cerca de 10.000 manifestantes nas ruas da capital do Rio Grande do Sul é apenas a ponta do iceberg.

A maré está crescendo…

O Chile é aqui!!!

 *Felipe Aveiro é comunicador, ativista da Primavera Carioca e militante do Juntos-RJ.


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