As eleições passaram. Algo muda?
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As eleições passaram. Algo muda?

Depois de alguns meses de muitas promessas vazias e pouco con­teúdo, acabaram-se as eleições e a nova presidenta do Brasil é Dilma Roussef. Quem propôs algo diferente foi o PSOL, que disputou a presidência com Plínio de Arruda Sam­paio fazendo uma boa campanha em conjunto com os candidatos nos Estados.

7 jan 2011, 21:18

Nas eleições mais despolitizadas dos últimos tempos, pouco conteúdo e nenhuma mudança

Depois de alguns meses de muitas promessas vazias e pouco con­teúdo, acabaram-se as eleições e a nova presidenta do Brasil será Dilma Roussef. Na disputa mais despolitizada e desani­mada da história, três candidatos muito parecidos disseram quase a mesma coisa o tempo todo. Dilma, Serra e Marina foram três cores para o mesmo projeto: defenderam as mesmas políticas nos temas mais importantes e receberam doações milionárias de campanha das mesmas empresas, que financiaram as três candidaturas.

Dilma estava na frente e não queria arriscar. Fugiu dos debates, se utilizou da figura de Lula e do discurso da continuidade e mudou de posição al­gumas vezes para garantir o eleitorado. Já o Serra denunciava a corrupção até descobrirem os maiores escândalos ao lado dele. Enquanto isso, Marina Silva se utilizava do discurso ecológico e tentava se colocar como uma nova alternativa apesar de, na prática, defender a velha política de seu partido, o PV. Entre os três vimos de tudo, menos debate sobre os problemas reais do país.

E por que os grandes candidatos con­cordaram? Porque Dilma, Serra e Ma­rina representam a continuidade de um mesmo projeto, de defesa do capitalismo e dos interesses das empresas e do mer­cado financeiro internacional, contra as reais necessidades dos trabalhadores e do povo brasileiro. Todas as campan­has receberam dinheiro dos mesmos lugares, das grandes empresas, bancos e latifundiários, para garantir que o Brasil continue na mesma, sendo um dos país­es mais ricos do mundo e ao mesmo tempo um dos mais desiguais (segundo a própria ONU).

As migalhas distribuídas du­rante o governo Lula em forma de políti­cas assistenciais foram muito poucas se compararmos aos lucros daqueles que realmente estão faturando. No entanto, essa situação é frágil como uma bolha de sabão, como estamos vendo em vários países da Europa e nos Estados Unidos, e em um primeiro momento de crise os primeiros a pagar a conta são os trabal­hadores. Por esses motivos nenhum dos três candidatos apresentou uma propos­ta concreta de mudança da realidade so­cial de nosso país, que precisa de uma inversão de prioridades em favor dos que mais precisam.

Outra alternativa é possível

Apesar disso, este processo elei­toral teve uma alternativa: quem propôs algo diferente foi o PSOL (Partido So­cialismo e Liberdade), que disputou a presidência com Plínio de Arruda Sam­paio fazendo uma boa campanha

com pouco dinheiro, mas muita política e mil­itância na rua, marcando posição sobre temas importantes que ninguém mais queria tratar. Enquanto Dilma dizia que o Brasil virou um paraíso e até o Serra defendia o governo Lula, Plínio botou o dedo na ferida e falou sobre a verdadeira situação da educação pública, da saúde, da falta de moradia, dos problemas do transporte. Com 80 anos de idade, foi com certeza o candidato com atitude mais jovem e incomodou bastante nos debates. A candidatura de Plínio repre­sentou um amplo movimento de lutado­res sociais, jovens, estudantes e trabal­hadores em defesa de outro projeto para o Brasil. Por isso o PSOL foi o partido que mostrou ser necessária e possível uma nova forma de fazer política.

O crescimento do PSOL é o resultado positivo deste processo eleito­ral, pois um partido de esquerda amplo, independente e comprometido com a mudança social é coisa rara hoje em dia. A campanha do Plínio para

presidente e a vitória dos deputados estaduais Carlos Giannazi em São Paulo e Marcelo Freixo no Rio de Janeiro, além de vários out­ros parlamentares, mostram que ainda é possível fazer política sem defender os interesses de poderosos corruptos e endinheirados. E agora, com um novo governo mas os mesmos problemas de sempre, é preciso muita luta e organi­zação pra algo mudar de verdade. E o PSOL representa parte deste processo de mudança e de consolidação de uma alternativa necessária na política de nos­so país.

É possível uma campanha diferente? a juventude paulista com a palavra!

“Todas as campanhas receberam dinheiro dos mesmos lugares, das grandes empresas, ban­cos e latifundiários”

Com tanta corrupção, desigual­dade e fisiologismo da velha política brasileira, por que os jovens deveriam se engajar nas eleições?

O discurso de Plínio de Arruda Sampaio ao final do debate da Globo pode dar uma indicação. Chamou a ju­ventude a “pensar grande” e disse que “o impossível pode se tornar possível, se você quiser”

Em São Paulo o PSOL realizou uma importante experiência. A partir da deliberação de diversos militantes, dos movimentos sociais, sindical, estudantil e de educação, foi lançada a candidatura de Maurício Costa a deputado federal.

Maurício é um jovem professor, fundador da Rede Emancipa de cursin­hos populares, tendo sido líder estudan­til e participado da fundação do PSOL. Foi escolhido como porta-voz de uma série de movimentos – especialmente os de educação, cultura e luta contra a cor­rupção – para enfrentar a dura batalha contra a velha política dos poderosos do Brasil.

Com o lema “Semeando um novo futuro!” a candidatura-movimento de Maurício Costa ganhou as ruas. A marca principal foi o trabalho militante e voluntário, protagonizado principal­mente por jovens que acreditam na ne­cessidade da construção de uma nova política para conquistar um outro futuro, mais justo, democrático e igualitário para o povo.

O programa da candidatura, construído a muitas mãos, representou uma elaboração que claramente nadou contra a corrente da demagogia, da hi­pocrisia e do fisiologismo tão atuais no meio político de nosso país. Por isso pôde abordar temas como a luta con­tra a corrupção, o fim do extermínio da população jovem e negra das periferias, o combate à homofobia e ao machismo e a luta por uma educação pública, gra­tuita e de qualidade em todos os níveis.

Com a tarefa de reencantar a necessidade de construção de uma nova alternativa na política, a candidatura do Maurício deu exemplo. Como o trabalho coletivo que a elaborou não começou nem terminou com as eleições, a luta segue!

Giannazi: um educador militante na Assembléia Legislativa

Com uma marca superior a 100 mil votos (o dobro das últimas eleições), São Paulo reelegeu o educador Carlos Giannazi do PSOL para deputado estadual. Em seu último mandato Giannazi se destacou por diversas lutas em favor dos movimentos sociais, especialmente da educação. Confira abaixo o depoimento de Bruno Magalhães, um jovem militante da campanha de Giannazi: “Tive a oportunidade de participar da campanha do deputado Carlos Giannazi e o que vi foi um grande movimento de diversos setores da população, educadores, moradores de áreas de risco, militantes do movimento negro, da diversidade sexual e do feminismo, além da juventude e de trabalhadores em luta. Esse amplo campo de apoio reflete a atuação do deputado, estendida a todos os oprimidos e sempre disposta a encampar lutas contra a injustiça social.”

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