Na USP, mudanças pra pior
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Na USP, mudanças pra pior

A reitoria da Universidade de São Paulo aprovou recentemente novas diretrizes para os seus cursos de gradu­ação. Como já é de costume, isto se deu sem que a comunidade universitária soubesse do ocorrido. Parte dos pro­fessores, membros dos colegiados das principais unidades da USP, soube pela grande mídia.

Nathalie Drumond 18 jan 2011, 17:45

Novo projeto da reitoria sugere mudanças boas para as empresas, mas ruins para a educação

A reitoria da Universidade de São Paulo aprovou recentemente novas diretrizes para os seus cursos de gradu­ação. Como já é de costume, isto se deu sem que a comunidade universitária soubesse do ocorrido. Parte dos pro­fessores, membros dos colegiados das principais unidades da USP, soube pela grande mídia.

A reitoria explicita que suas intenções são: estabelecer regras para a criação de novos cursos e adequar os cursos já existentes à “demanda social”. De maneira geral, afirma que a USP já cumpriu um importante papel na ex­pansão do ensino universitário do país e que é chegado o momento de pisar no freio. Avaliando que a USP pode estar à beira de um colapso financeiro devido aos novos cursos criados recentemente, o reitor João Grandino Rodas propõe como solução a “modernização” da uni­versidade.

Buscando esta tal “moderni­zação”, os dirigentes da universidade pretendem, entre outras coisas, fechar aqueles cursos que têm baixa procura ou, como dito por eles próprios, pouca “demanda social”. O fato é que cursos que atualmente não estão na “moda”, como os estudos de latim, o curso de música ou o de astronomia, por exemp­lo, poderiam ser fechados por não terem viabilidade de mercado. Se não é a uni­versidade pública a produzir este tipo de conhecimento, qual universidade será? Que instituição privada manteria cursos com pouca procura? Se não for o ensino público a promover este tipo de ativi­dade, livre das preocupações com o lu­cro das mensalidades, corremos o risco deste tipo de conhecimento deixar de existir no Brasil.

Ao mesmo tempo, a USP tem criado novos cursos que demandam pouquíssimos investimentos, como aqueles ministrados à distância – pela internet – através do sistema UNIVESP, mas que têm qualidade duvidosa. Os novos rumos da USP têm preocupado o movimento estudantil uspiano, assim como o movimento de docentes e fun­cionários.

Nós últimos anos os movimen­tos sociais da universidade têm se mobi­lizado em defesa da qualidade do ensino superior público, pela ampliação de va­gas com garantia de qualidade e, logica­mente, em defesa de uma universidade voltada aos interesses sociais.

Movimento Estudantil em momento de decisão!

Assim, neste mês de novembro um fato será decisivo: as eleições para o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP. Nela os estudantes que defendem um movimento estudantil democrático e combativo devem en­frentar uma chapa atrelada ao que há de mais conservador em nossa sociedade, cujos membros têm aderido sem críticas as posições da reitoria. E pior que isso: identificam-se com os piores exemplos da política brasileira, entre eles Maluf e companhia.

Por isso, é preciso que a juven­tude some forças em prol de um projeto popular de universidade. Sobre isso já dizia Che Guevara “que se pinte de ne­gro, que se pinte de mulato, que se pinte de operário e camponês, que se pinte de povo…”. Seguimos lutando, venceremos!


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