Vitória do movimento estudantil combativo e democrático nas eleições do DCE da USP!
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Vitória do movimento estudantil combativo e democrático nas eleições do DCE da USP!

Nos dias 27, 28 e 29 de março ocorreram as eleições para o DCE-Livre da USP com um quórum recorde de mais de 13 mil votos. A chapa que defendeu um movimento estudantil democrático e combativo – “Não Vou me Adaptar” – venceu com quase 7000 deles.

Gustavo Rego 5 abr 2012, 16:36

*Gustavo Rego

Entre os dias 27, 28 e 29 de março ocorreram as eleições para o DCE-livre da USP com um quórum recorde de mais de 13000 votos. A chapa que representou a mais ampla unidade entre aqueles que defendem um movimento estudantil democrático e combativo – a “Não Vou me Adaptar” – venceu as eleições com quase 7000 votos. Em segundo lugar ficou a tucana “Reação” com 2660 votos. Este processo consolida uma importante vitória daqueles que defendem uma Universidade pública para todos em oposição ao modelo privatista e autoritário que vem se consolidando nas universidades estaduais paulistas. Mais ainda, significa uma vitória retumbante da juventude indignada sobre o conservadorismo.

Autoritarismo e elitização: política tucana para as universidades

Nos últimos anos a USP tem sido marcada por uma das mais nefastas gestões de reitoria de sua história. João Grandino Rodas, que ficou em segundo lugar no já restrito processo de escolha do reitor, foi nomeado como tal pelas mãos de José Serra. Desde então, lidera uma gestão marcada por expulsões, processos e uso exaustivo da força militar para lidar com conflitos sociais. Além disso, Rodas adota iniciativas que restringem ainda mais o acesso da população à Universidade e entrega boa parte de seus recursos à iniciativa privada. Combinando perfeitamente autoritarismo com privatização e elitização, Rodas se tornou o grande símbolo da política do PSDB para as universidades públicas.

No entanto, felizmente os absurdos desta reitoria não passaram sem resistência. Quando no fim do ano passado o autoritarismo chegou ao limite do absurdo – com a invasão de mais de 400 policiais da tropa de choque no campus da capital – milhares de estudantes se indignaram e foram às assembleias e atos de rua em uma das mobilizações mais fortes vistas nos últimos anos na USP. Se consolidou entre os estudantes a consciência de que algo não anda bem na Universidade de São Paulo – é necessário democratizar a USP e defender o seu caráter verdadeiramente público.

Unidade do movimento estudantil contra a política de Rodas

Esse embate se colocou de forma mais clara no processo das eleições para o DCE.

De um lado, Rodas pôde encontrar na chapa “Reação” os seus representantes. Por trás de um discurso demagógico de democracia e “apartidarismo”, esta chapa tentou esconder sua nítida aproximação com a reitoria e o PSDB. Mas, pouco a pouco, ficou claro que estes representavam o pensamento conservador que infelizmente ainda existe com força na USP.

Por outro lado, a “Não Vou Me Adaptar” foi a voz dos milhares que protestavam por uma Universidade democrática. Formado por mais de 300 jovens organizados em coletivos (entre eles o Juntos!) ou não, esta foi a chapa que polarizou com Rodas e sua representação estudantil defendendo um DCE independente para organizar os estudantes em sua luta por democracia na Universidade. Mais ainda, esta chapa combateu o sentimento conservador ao defender a necessidade da organização coletiva daqueles que se sentem indignados e querem a transformação do mundo.

Consideramos que a união entre os setores consequentes é a melhor forma de construir a luta do movimento estudantil. Por essa razão ajudamos a construir a chapa mais ampla que disputou esse processo. Infelizmente nem todos pensaram dessa mesma forma. A chapa “Universidade em Movimento”, composta por setores da Consulta Popular e Contraponto, não apenas recusou a unidade, como ainda deixou de priorizar a luta contra a reitoria e sua chapa estudantil nessas eleições, se concentrando no fraticismo entre a esquerda e na autoconstrução. Em uma situação tão difícil como a que vemos na USP atualmente, fracionar o movimento em favor da autoconstrução foi um dos atos mais irresponsáveis que pudemos ver e as eleições acabaram derrotando também essa perspectiva política.

Juventude por um outro futuro mostra a sua força na USP!

Neste processo, enquanto debatíamos com os nossos colegas pudemos perceber que a Universidade de São Paulo vive novos tempos. Foi notório o grau de indignação dos estudantes com relação ao reitor, bem como sua consciência da necessidade de se ter um DCE combativo que organize os estudantes em sua luta por uma Universidade democrática. Sem dúvida não se pode ignorar a força do pensamento conservador concretizado nos 2660 votos da Reação. Esta é uma tendência a qual devemos seguir atentos, desconstruindo cotidianamente. No entanto, os quase 7000 votos da “Não Vou Me Adaptar” demonstram que o movimento estudantil segue sendo uma alternativa. A juventude indignada mostrou a sua força mais uma vez, e o Juntos! esteve novamente presente para defender um outro futuro!

Muitos desafios se colocam para a futura gestão. A luta contra a política do Rodas apenas começou e com certeza será muito dura. Entretanto, já se pode dizer que as eleições para o DCE foram uma vitória maiúscula do movimento estudantil. Cabe agora canalizar todo esse sentimento profundamente progressista que se disseminou entre os estudantes para uma grande luta em defesa da Universidade pública.

* Gustavo Rego é estudante de Ciências Sociais USP e militante do Juntos!


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