É tempo de ocupar a política: 1º Encontro Estadual do JUNTOS!
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É tempo de ocupar a política: 1º Encontro Estadual do JUNTOS!

Lotamos com mais de 200 pessoas o 1º Encontro Estadual do Juntos RS que constroem o nosso movimento de juventude em Porto Alegre, Pelotas, Santa Maria, Esteio e outras cidades do Estado.

2 maio 2012, 17:02

Foram indignados de todas as idades: secundaristas, trabalhadores e universitários. Lotamos, com mais de 200 pessoas, o 1º Encontro Estadual do Juntos RS, que busca construir o nosso movimento de juventude em Porto Alegre, Pelotas, Santa Maria, Esteio e outras cidades do Estado.  Debatemos questões LGBT, Código (Anti)-Florestal, Cotas Raciais, Democracia Real e Conjuntura Política. O ano de 2012 é o ano “dois” do Juntos, que cada dia se afirma como um coletivo anti-capitalista que acredita na mobilização como ferramenta de construção de OUTRO FUTURO.

O encontro teve início com Thiago Aguiar, militante do Juntos! SP e diretor da UNE pela Oposição de Esquerda, que fez um panorama da atual situação política e econômica do mundo, focando principalmente nos países da zona do Euro, como a Grécia, um dos países mais afetados pela crise econômica, iniciada em 2008. As mobilizações internacionais na Europa e também no Mundo Árabe mostraram que a palavra REVOLUÇÃO não está somente nos livros de História. Além disso, o governo tenta vender a idéia de que o Brasil vive uma estabilidade econômica como se isso significasse uma melhora real na vida dos trabalhadores. Não passa de uma tentativa de omitir que a prioridade do governo são grandes empresários e os banqueiros. Portanto, nosso papel enquanto juventude é ocupar as praças, através das mobilizações de massas e ocupar a política. Como disse Thiago “diminuir a distância da praça ao palácio é um grande desafio”.

Mudar o signo da palavra política. Fernanda Melchionna, vereadora de Porto Alegre pelo PSOL, mostrou a urgência de resignificarmos a palavra “política”. Os jovens, mesmo que céticos e desacreditados em relação à atual situação política do Brasil, não podem deixar de se enxergar como sujeito político, capaz de transformar a sua própria realidade. Temos que nos organizar, mobilizar e ocupar os espaços de poder, pois assim conseguiremos mudar os rumos da política.


A tarde de sábado também trouxe para o debate, no primeiro momento, a (contra)- reforma do ensino médio que já está sendo aplicada no RS e as alterações do Código (Anti)-Florestal, aprovadas recentemente na Câmara de Deputados. Alejandro Ramón (professor), Bernardo Corrêa (sociólogo) e Pablo Kmohan (professor do cursinho popular Emancipa) participaram do bate-papo com os estudantes de diferentes instituições. O ensino politécnico, que o governo está enfiando goela abaixo, é focado na formação técnica e profissional do estudante, deixando de lado o ensino de matérias básicas como matemática, português, geografia e história. Todo aluno terá de escolher no início do curso uma área de maior interesse (ciências, engenharias ou tecnologias), o que lhe dará mais dificuldades de ingressar na universidade, pois os vestibulares não serão modificados. Os professores acreditam que o objetivo dessa nova proposta de ensino é formar mão de obra barata para as empresas da região, já que as áreas de interesse, que estarão disponíveis aos alunos, são somente aquelas ligadas à produção econômica do local onde ele estuda.

 

Jurandir Silva, engenheiro agrônomo, e Althen Teixeira, professor do Instituto de Biologia da UFPEL trouxeram a discussão acerca do Código (Anti)-Florestal e sobre os problemas atuais do meio ambiente. Althen mostrou a relação entre as grandes empresas poluidoras e os principais partidos políticos, sob forma de financiamento de campanha.  Jurandir ressaltou a importância de ações coletivas  para que seja barrada a destruição do meio ambiente, pois não são somente as medidas individuais que irão conseguir amenizar o desmatamento e a poluição.  Por exemplo, a origem da destruição massiva está nas grandes empresas capitalistas agroexportadoras. Neste ano o Brasil será sede da RIO+20 (Conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável), onde os países estarão mais preocupados em aumentar seus lucros em detrimento da natureza. Vide exemplo do Brasil  que aprovou de forma vergonhosa o Código (Anti)-Florestal e que expulsa indígenas das suas terras para a construção da Usina de Belo Monte. O Juntos! irá com peso na Cúpula dos Povos (atividade paralela à Rio +20 que os movimentos sociais estão organizando em contraposição a farsa do Capitalismo Verde). Em defesa da natureza somos 99% contra 1%, não deixaremos os grandes devastadores decidirem por nós.

 

Dos grupos de debate: LGBT, Democratização da Mídia, Grafitte, Stencil e Hip Hop.

Três grupos de discussão foram organizados à tarde. Lucas Maróstica, coordenador geral do CAAP/PUCRS e integrantes da setorial LGBT do Juntos!, apontou a necessidade de organização e construção de um movimento LGBT que lute por suas bandeiras mas que também consiga ver o todo e participe das lutas anticapitalistas, ambientais, e combata as outras opressões como machismo e racismo. Lucas ressaltou que no Brasil um homossexual é assassinado há cada 36 horas, sendo, estatisticamente, o país mais homofóbico do mundo. Outro problema apontado foi a falta de representatividade de LGBTs nas estâncias legislativas, pois mesmo sendo 15 a 20% da população, os homossexuais possuem apenas um deputado na Câmara Federal (Jean Wyllys – PSOL/RJ) que represente diretamente as suas causas. Dai a importância de ocupar a política e construir uma candidatura LGBT do Juntos! para disputar as eleições que se aproximam.

Na oficina sobre a democratização da mídia, Paola Rodrigues, estudante de jornalismo e do DCE da UFRGS e a publicitária Raquel Matos buscaram desconstruir alguns conceitos relacionados ao jornalismo e à comunicação de massa, mostrando a origem dos grandes latifúndios midiáticos, decorrente da não regulação do mercado de concessões públicas de Rádio e TV no Brasil. Aqui, os veículos de comunicação estão nas mãos de poucas famílias, o que reduz a pluralidade de vozes e a diversidade de opiniões. A informação acaba tendo uma única versão, reproduzindo os interesses da classe dominante da sociedade. Ao final, Sílvia do Canto, artista plástica, ensinou os participantes a confeccionar seu próprio fanzine, com técnicas de dobradura e colagem, mostrando a importância de construirmos a nossa própria alternativa de comunicação frente à oligopolização dos meios de comunicação de massa.

Na oficina de Hip Hop, Cauan Feversani (dançarino Free Style) e os MC’s Tio Scooby, Lucas Zilla e Pedro Dom debateram sobre a história do rap, da dança e do grafitte como forma de organização e contestação social. Nessa oficina, Amaro Abreu, Jefferson Cunha e Matheus Piccini ensinaram técnicas de Stencil e Graffite.  Todos puderam exercer sua criatividade, seja improvisando algumas rimas, confeccionando sua própria camiseta do Juntos! ou aprendendo a usar o spray. A oficina também produziu uma linda faixa com a frase: Juntos! – Não mude o clima, mude o sistema, que levaremos para as manifestações da RIO +20.

Ao final do Encontro, diante da mesa composta por Nina Becker, coordenadora-geral do DCE da UFRGS, Júlio Câmara, estudante do Emancipa, Guilherme de Oliveira, presidente Centro Acadêmico de Comunicação Social da PUCRS, e Winnie Bueno, estudante de Direito da UFPELfoi colocada a necessidade de construção de uma articulação estadual dos integrantes do Juntos. 19 nomes foram apontados como imprescindíveis para a organização dos próximos passos do movimento, divididos em diferentes setores, que perpassam a comunicação do Juntos!, as setoriais e a organização das universidades públicas e privadas. Além disso foi lançado o Manifesto de Porto Alegre, que define os princípios de luta e atuação do Juntos!

Um rap foi construído na plenária final por Tio Scooby, mostrando que somente Juntos! conseguiremos travar a luta por um por um outro futuro… pra mudar, pra fazer e pra ver acontecer.

Confere aqui o Manifesto de Porto Alegre e quem faz parte do Grupo de Trabalho Estadual do Juntos! RS

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