Juntos superando barreiras: Acessibilidade!
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Juntos superando barreiras: Acessibilidade!

A maior barreira não é arquitetônica, nem de comunicação, mas a falta de informação e o preconceito. Assim como a população LGBT, as pessoas com deficiência não pedem nenhum direito a mais, apenas a chance de viver com dignidade.

Bárbara Garcia 23 jul 2012, 16:30

*por Bárbara Garcia

Já dizia Aristóteles: “A verdadeira igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na exata medida de sua desigualdade”.

Nós, do Juntos!, na busca por uma sociedade mais justa e humana, compreendemos que o nosso esforço enquanto militantes consiste em avaliar as necessidades específicas das minorias (que ainda hoje são negligenciadas) e lutar para que estas sejam atendidas, possibilitando  que essas pessoas exerçam sua cultura, afetividade, espiritualidade, sexualidade e intelectualidade plenamente.

Historicamente, as pessoas com deficiência, seja física, auditiva, visual, múltipla ou intelectual foram privadas de serem os sujeitos de sua vida. Sabemos que na Grécia Antiga, e em tantas outras culturas, crianças deficientes eram mortas logo após o nascimento. Prevalescia a lei do mais forte e do mais apto. Hoje a consciência humana evoluiu e já possuímos mecanismos que em teoria garantem dignidade à estas pessoas, como a “Convenção da ONU sobre os direitos das pessoas com deficiência”, realizada em 24 de julho de 2008, e da lei da acessibilidade, de 2 de dezembro de 2004. Porém na prática, ainda estamos “engatinhando”, e o que se vê é um forte descaso com a questão.

Nas ruas, as calçadas são degradadas e irregulares. As rampas de acesso são escassas, e quando existem, muitas vezes possuem inclinação inadequada ou são instaladas apenas em um dos lados da rua; Não há livros em Braille nas bibliotecas púbicas, muito menos versões em áudio. Nos teatros, mesmo nos que possuem maior infraestrutura, não vemos intérpretes para a Língua Brasileira de Sinais ou materiais de audiodescrição. Muitos não sabem, mas existe uma especialidade da área de Arquitetura e Urbanismo que se propõe a planejar a cidade para ser acessível, e dentro da área da Pedagogia, a especialização em Educação Especial.  Como ocorre em todas as profissões atualmente, esses trabalhadores sofrem com a desvalorização de sua função.

Nas escolas, observamos situação idêntica. Dependências físicas impraticáveis, projeto pedagógico que não inclui crianças com dislexia, déficit de atenção, autismo, síndrome de Down ou qualquer outra dificuldade que não as impediria de estudar e construir carreira profissional, falta de funcionários aptos a auxiliar alunos. E ainda pior: quando questionados, os dirigentes dessas escolas alegam não construir adaptações por não possuírem demanda para isso. O que ninguém pensou, é que as pessoas com necessidades especiais estariam ocupando o espaço educacional (que é seu de direito) se lhes fossem dadas as condições para isso!

Estendendo essa reivindicação para todos os espaços de atuação, (ambiente profissional, teatros, cinemas, praças publicas, organizações políticas, grupos religiosos, comércio, e outros) fica evidente que o raciocínio que deve ser feito é inverso ao que está colocado: é preciso criar condições para que os deficientes ocupem seus lugares, antes mesmo que estes os procurem, e não esperar que estas pessoas implorem para que sejam ouvidas, como acontece. A construção de um futuro mais humano passa pela consciência de que cada pessoa deve ser acolhida com respeito pelo que é, e que tem o direito e o dever de escolher o que fazer de sua vida!

Uma pessoa com deficiência possui necessidades diferentes da maioria das pessoas, é verdade. Mas com igual intensidade, possui potencialidades e capacidades únicas e raras, que se cultivadas podem gerar contribuições maravilhosas para a coletividade. Ela é uma pessoa como qualquer outra, mas que teve a oportunidade de enxergar a vida a partir de outro prisma, simplesmente por ser diferente. A maior barreira não é arquitetônica, nem de comunicação, mas a falta de informação e o preconceito. Assim como a população LGBT, as pessoas com deficiência não pedem nenhum direito a mais, apenas a chance de viver com dignidade.


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