Julgamento do mensalão e da prática dos partidos tradicionais brasileiros
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Julgamento do mensalão e da prática dos partidos tradicionais brasileiros

Agosto é o mês em que as eleições municipais em todo o Brasil passam a tomar mais corpo, e a sociedade começa, instintivamente, a debater política (tão rechaçada e desacreditada nos últimos tempos). Por isso, o julgamento do maior esquema de corrupção e desvio de dinheiro público, nesse mesmo período, se faz tão importante.

Paola Rodrigues 2 ago 2012, 11:09

*Paola Rodrigues

Agosto é o mês em que as eleições municipais em todo o Brasil passam a tomar mais corpo, e a sociedade começa, instintivamente, a debater política (tão rechaçada e desacreditada nos últimos tempos).  Por isso, o julgamento do maior esquema de corrupção e desvio de dinheiro público, nesse mesmo período, se faz tão importante. O “Mensalão” não é somente o maior escândalo político dos últimos anos, como também o caso que gerou um dos maiores processos do Supremo Tribunal Federal. São 50.508 páginas que serão lidas pelo relator do processo Joaquim Barbosa, logo após o início da sessão inaugural, hoje, às 14h. Fiquemos atentos.

O “esquema de compra de votos dos parlamentares” aconteceu no primeiro mandato do Presidente Lula, em 2005. O caso tinha como base pagar propina, cerca de trinta mil reais por mês, aos deputados do Congresso para que eles aprovassem as propostas em tramitação que eram a favor do governo federal. A mesada seria paga pelo tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT), Delúbio Soares, do mesmo partido de Lula. Delúbio foi uma das figuras políticas que mais se destacaram durante o caso, como também o deputado federal Roberto Jefferson (PTB), que denunciou o esquema, em maio de 2005, ao jornal Folha de São Paulo.

Réu no processo do mensalão, o ex-deputado federal Roberto Jefferson, presidente do PTB, enfatizou, na época, em sua defesa apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) que não sabia da origem ilícita dos R$ 20 milhões que o PT repassou ao PTB, em 2004. Jefferson reafirmou que os recursos foram fruto de um acordo político entre os partidos para a disputa das eleições municipais de 2004 e negou de forma enfática que a legenda tivesse recebido a quantia em troca de apoio no Congresso ao governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, acabou denunciando à imprensa o esquema que desviava dinheiro público para a compra  de apoio político, com o objetivo de “garantir a continuidade do projeto de  poder” do PT.

O aguardado julgamento dos 38 réus do mensalão vai servir para comprovar o caso de corrupção e desvio de dinheiro no âmbito do Judiciário Brasileiro, pois para a maioria da população, que conhece já a política dos partidos tradicionais, sabe que as contrapartidas das alianças partidárias se dá sob forma de troca de favores e negociatas. E essa lógica não é exclusiva do Partido dos Trabalhadores (PT). Já se estende para a ampla base do governo federal e também da oposição de direita. Todos dançam no mesmo ritmo.

A lógica de privilegiar e investir nos setores empresariais, que sustentam o governo  e os partidos que o compõem, é vigente e escandalosa. Não podemos mais permitir que esses partidos continuem no poder. A juventude tem o poder nas suas mãos de ocupar a política e de escolher os seus verdadeiros representantes.

As eleições municipais estão aí e juntos queremos pautar a mudança. Precisamos dar um novo sentido à política e resignificá-la. Vamos juntos?

 

*Paola Rodrigues é estudante de Jornalismo, do DCE da UFRGS e militante do Juntos!


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