Em Londres, jovens lutam contra os planos de austeridade, por emprego e outro futuro
londres_beg

Em Londres, jovens lutam contra os planos de austeridade, por emprego e outro futuro

Na Inglaterra, mais de 100 mil pessoas vão às ruas para protestar contra os cortes no orçamento em áreas sociais no país. Hoje, a juventude européia é o setor que mais sofre com a crise no continente. E eles estão na rua por outro futuro!

Lindberg Filho 23 out 2012, 22:42

Lindberg Filho *

Os principais pontos turísticos da capital inglesa como London Eye, Big Ben, House of Parliament, Trafalgar Square, Picadilly Circus e Hyde Park serviram de cenário para o maior ato contra o plano de austeridade do governo britânico neste ano.

No cuts! Fight for every job!

Seguindo o exemplo de outras capitais européias como Lisboa e Madrid, vários partidos políticos, diversos sindicatos e agremiações estudantis de todo país levaram mais de 100 mil pessoas às ruas para protestar contra o pacote de £48 bilhões (R$158bi) de cortes em áreas sociais.

Mulheres, crianças, jovens, imigrantes, trabalhadoras e trabalhadores marcharam para denunciar a política selvagem de cortes implementada por David Cameron, primeiro ministro e líder do partido conservador inglês. O governo anunciou um plano que visa realizar privatizações, demissões, reformas nos fundos de pensões dos trabalhadores públicos e diminuição do oferecimento de serviços públicos na educação, saúde, transportes e outras áreas de interesse da população, medidas adotadas com a desculpa de escapar da crise. Mas afinal, para quem escapar?

Our Class is entitled to all it creates!

Uma das principais demandas do ato de hoje era que a população não tenha seu padrão de vida ameaçado e que os reais culpados por essa crise, grandes empresários e banqueiros, tenham seus impostos aumentados para pagar pela crise que eles causaram. Principalmente porque, de acordo com o jornal Socialist Worker as 1000 pessoas mais ricas da Grã Bretanha aumentaram suas fortunas em £120 bilhões nos últimos 4 anos, ao passo que o governo anunciou um corte de £28 bilhões em áreas sociais e de £20 bilhões no sistema público de saúde. Isso comprova que tais medidas só servem para salvar os mais ricos e socializar a crise com a imensa maioria mais pobre. Sendo assim, o pacote serve para os banqueiros e mega empresários escaparem da crise.

Cut warfare, not welfare!

Além disso, há uma forte demanda para que caso haja mesmo a necessidade de cortes, que eles sejam feitos nas áreas corretas, no gasto militar, por exemplo. Em 4 anos o governo britânico vai ter gasto mais de £20bilhões só com a guerra do Afeganistão, exatamente o mesmo montante que pretendem cortar na área da saúde. Caso esse corte se concretize, o sistema de saúde pública não apenas será drasticamente sucateado, mas também deixará a saúde inacessível para muitos e jogará milhares nas mãos de clínicas e hospitais privados, minando o padrão de vida de milhares de famílias.

Free education! Tax the rich!

Os reflexos dessas reduções de verba na educação já são visíveis, universidades públicas menos renomadas, nas quais coincidentemente é onde estudam majoritariamente negros, asiáticos e filhos de trabalhadores, já receberam planos de cortes que preveem aumento nas mensalidades, fechamento de cursos, principalmente de humanas, diminuição de bolsas de estudos, demissão de professores e planejam dificultar acesso de estudantes estrangeiros.

A future that works!

O ato do dia 20 de outubro está sendo chamado de “A future that works” (Um futuro que funcione) com o intuito de escancarar a farsa que é o plano de cortes do governo. Este plano, como já era de se esperar, não está dando certo, pois além das taxas de desemprego e de pobreza terem crescido, há também projeções de encolhimento da economia inglesa em 0.4%. Sindicalistas, estudantes e trabalhadores querem que o governo suspenda já os cortes, que passe a investir de forma pesada nas áreas sociais e que aumente expressivamente os impostos cobrados de grandes, bancos, empresas e fortunas.

Hoje também houve manifestações em mais dois países que formam o Reino Unido. Em Glasgow na Escócia, onde cerca de 5 mil pessoas marcharam contra o governo e milhares foram às ruas em Belfast, na Irlanda do Norte.

Agora o próximo passo dos trabalhadores britânicos é organizar uma grande greve geral que dure, a princípio, 24 horas e que sirva de instrumento para derrubar o plano de cortes do governo conservador.

 

*Lindberg Filho é militante do Juntos! SP e está em intercâmbio na Inglaterra


Últimas notícias