Sobre Feliciano e as “bem-aventuranças”
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Sobre Feliciano e as “bem-aventuranças”

Beatriz Pimentel dá um olhar cristão e mostra que Feliciano não representa quem diz representar: os cristãos também não querem ele na Comissão de Direitos Humanos e Minorias!

Beatriz Pimentel 5 abr 2013, 17:22

Nota da redação: essa é mais uma contribuição da campanha #ForaFeliciano e tem o intuito de reforçar as ações em defesa da Comissão de Direitos Humanos que ocorrerão nos próximos dias.

Em São Paulo, o ato acontece no domingo (7), às 14h na Praça do Ciclista (Paulista) e no Rio, às 10h, no Posto 6 da Praia de Copacabana.

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia” (Bíblia Sagrada)

Beatriz Pimentel*

 

Aprendi que todo texto começa com uma contextualização do tema e umas frases introdutórias que situam o leitor do que se pretende falar. Mas também aprendi que toda generalização é perigosa, e é por isso que no caso deste texto, sobre “A Questão Feliciano” eu vou me abster do contexto, todos sabemos que ele foi eleito presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal, isso já é suficiente. No entanto, vou situar o lugar discursivo de onde eu falo: sou mulher, feminista, socialista, cristã, branca, classe média e heterossexual. E enquanto cristã me sinto muito legitimada para usar o jargão “Feliciano não me representa”.

Um ponto que creio merecer destaque, e que pra mim responde o motivo pelo qual Feliciano ainda não caiu, é o entendimento da questão Feliciano por quem se sente representado por ele (sim, eles existem!). A questão não é “vendida” na perspectiva do debate político, e sim numa perspectiva de embate espiritual, onde eles, os “cristãos” (vou morrer sem entender esse cristianismo de ódio!) são os arautos da verdade e do bem, enquanto que a comunidade LGBTT, os enviados do mal. Ou seja, o entendimento comum da questão passou a ser quase uma briga entre deus e o diabo, segundo a qual a renúncia de Feliciano representaria a vitória do mal.

Gostaria de aproveitar a oportunidade e informar a essas pessoas que eles devem rasgar de suas bíblias o seguinte versículo:

“Por que Deus amou O MUNDO de tal maneira que deu seu único filho para que TODO aquele que N’Ele crê tenha vida eterna” (João 3:16)

Grata. Prossigamos:

A eleição de uma figura declaradamente racista, machista e homofóbica (não, não vou discutir esses conceitos em pleno abril de 2013! Quem acha que Feliciano não é nada disso pode parar de ler por aqui mesmo! Beijos!) para a presidência da CNDHM aponta pra mim uma questão muito complexa: a absurda fragilidade da nossa democracia laica. Quando penso que há menos de trinta anos vivíamos numa ditadura militar, a “questão Feliciano” ganha um peso muito maior! Não se trata apenas de jogo de força político ou ideológico, e menos ainda de uma pseudo guerra imbecil – jamais proposta por Cristo! – entre a comunidade LGBTT e evangélicos, trata-se de um plano de poder com interesses absolutamente privados e perversos, basta observar a ação política da dita bancada evangélica. Particularmente me dói falar isso, sou cristã, em primeiríssimo lugar por que creio num Cristo que foi preso político e assassinado pelo governo romano através de meios cruéis, pelo simples fato de coletivizar pensamentos e visões de mundo. É pessoalmente muito triste ver o que se faz em nome desse líder que eu sigo e que pregou, sobretudo, o amor e o respeito!

Por isso, no domingo, estaremos TODXS na Praia de Copacabaca, às 10h, no posto 6 para mostrar a nossa indignação na Grande Passeata pelos Diretos Humanos Para Tod@s ! Até lá!

*Beatriz Pimentel é recém-graduada pela UFF, jovem cristã, militante da Primavera Carioca e colaboradora do Juntos-RJ.


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