Vai virar a Maré: as lutas da juventude rumo ao 53º CONUNE!
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Vai virar a Maré: as lutas da juventude rumo ao 53º CONUNE!

Está chegando o 53º Congresso da UNE: é hora de mudar os rumos da política! Vai virar a maré!

Rodolfo Mohr e Thiago Aguiar 8 abr 2013, 15:46

 Thiago Aguiar e Rodolfo Mohr*

549537_449990755076784_1390869380_n No último dia 4 de abril, a diretoria majoritária da UNE divulgou as fotos de seu novo encontro com a presidenta Dilma Rousseff. O grande momento da “jornada de lutas da UNE” foi uma civilizada, tranquila e confortável reunião num gabinete climatizado de Brasília. Um papo entre amigos. Antes de sair, as poses para os fotógrafos mostravam, além de abraços e sorrisos, as bandeiras da entidade nacional dos estudantes, do PT, da UJS e do Levante Popular da Juventude lado a lado com o governo federal.

A juventude governista está na contramão das lutas

O que chama mais a atenção, no entanto, é o completo silêncio destes coletivos que apoiam o governo a respeito das lutas que comovem a juventude e levam milhares às ruas em todo o país. Infelizmente, a direção majoritária da UNE não reflete a crítica à falência dos partidos e da política, exemplificada pela nomeação de Marco Feliciano, da bancada fundamentalista religiosa, para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara e pela presença do notório corrupto e oligarca do PMDB Renan Calheiros na presidência do Senado.

Os acordos podres da velha política, que indignam o povo e a juventude, são parte fundamental do pacto conservador que sustenta o governo Dilma. Nele, cabem figuras como o deputado Jair Bolsonaro, do PP, um dos partidos herdeiros da ARENA, conhecido por suas declarações racistas e homofóbicas e pela defesa aberta da ditadura militar. Num momento em que a UNE instala sua Comissão da Verdade e a juventude brasileira se apropria do debate sobre a necessidade de conhecer os crimes da ditadura, como é possível lutar por justiça e reparação compondo um governo com estes setores? Como pode a UJS/PCdoB reivindicar a história de lutas da UNE e da juventude que morreu na Guerrilha do Araguaia, sendo parte fundamental das negociatas da Copa do Mundo, cujo Comitê Organizador tem presença decisiva de José Maria Marin, presidente da CBF, ex-governador biônico de São Paulo nomeado pelos generais e deputado estadual da ARENA que denunciou Vladimir Herzog  na tribuna como “terrorista” dias antes de sua morte?

285207_10150269326868936_3260795_nEste pacto político está a serviço da manutenção do estado de coisas no Brasil. Não à toa, ano passado, diante da greve das universidades federais, quando a reivindicação do investimento de 10% do PIB em educação mostrou-se uma clara necessidade para a juventude, Guido Mantega, ministro da Fazenda, afirmou que ampliar o financiamento da educação iria “quebrar o país”. Os setores governistas nada podem falar a respeito. Calam-se diante da entrega de quase metade do orçamento federal para os banqueiros, através da famigerada dívida pública. Consentem com a estrutura antidemocrática das universidades país afora. Atrelam-se a este governo e, desse modo, são parte do condomínio político conduzido pelo PT, aplaudido pelos bancos e grandes corporações e que hoje impede a ampliação dos direitos da juventude e do povo. Como parte deste governo, UJS/PCdoB e PT nada tem a oferecer à juventude. Suas defesas retóricas dos 10% do PIB e da destinação das receitas do pré-sal em educação não correspondem à sua prática política e à do governo que reivindicam. Já o Levante Popular da Juventude, que alegremente protagoniza o café com Dilma, tenta ser uma versão cosmética, repaginada, do governismo. É possível ser um “campo popular”, que amplie os direitos da juventude e democratize a educação, aplaudindo o governo e silenciando sobre todas estas questões? É preciso virar esta Maré!

ANEL/PSTU: de que lado você samba?

Muitas das críticas aqui apresentadas são compartilhadas pela ANEL, entidade fundada e hegemonizada pelo PSTU, que pretende apresentar-se como alternativa para a reorganização do movimento estudantil brasileiro. No debate com estes companheiros, ficamos felizes por ter convergência em muitas avaliações e pela presença em várias dessas lutas. A questão a se debater, no entanto, é qual a resposta política e organizativa para as lutas que protagoniza a juventude. Qual é o melhor caminho para derrotar a política da UJS, do PT e de seus aliados governistas? São conhecidos os limites da UNE, a falta de democracia em seus espaços e o controle exercido por sua direção majoritária, questões corretamente sublinhadas pelos companheiros do PSTU. Mas, infelizmente, estes companheiros optaram pela via da autoproclamação e se confortam em declamar política, em sua entidade, para os já convencidos, a maioria dos quais militantes de seu próprio partido.

A ANEL está presente, em linhas gerais, apenas onde o PSTU está presente: algumas universidades públicas e nas universidades privadas de elite. Nesta entidade, não é possível alcançar e dialogar com milhões de estudantes brasileiros que começam a criticar, mais e mais, os limites do governo federal. Isto ocorre porque, também e especialmente na política, a ANEL realiza o tipo de debate que o PSTU realiza. Em 2011, no último Congresso da UNE, a Oposição de Esquerda protagonizou o debate sobre os efeitos da política do governo federal para a educação, que levaram à enorme greve de 2012; a necessidade de derrotar as alterações no Código Florestal propostas pelo PCdoB em conjunto com os ruralistas; e os absurdos megaeventos que retiram dinheiro público para grandes empresas e entidades internacionais corruptas em parceria com o Ministério do Esporte. Enquanto isso, o PSTU organizou um Congresso em que o grande debate foi… se os bombeiros eram ou não trabalhadores, se eram ou não agentes do Estado burguês e se era ou não legítimo apoiar sua greve por melhores salários e direito à organização sindical. Com este alcance político, só é possível “pedir passagem” para o isolamento.

Infelizmente, a política da ANEL/PSTU termina sendo funcional à direção majoritária da UNE. O enfrentamento com a política governista para a juventude acaba se enfraquecendo com isso. Os inúmeros “chamados” do PSTU, vindo de quem unilateralmente rompeu com o conjunto do movimento estudantil combativo, mostram a necessidade desesperada desses companheiros de legitimar a existência de uma entidade, que na prática atua como colateral política de seu partido, feita exclusivamente para facilitar sua autoconstrução. Ao chamado das lutas, sempre dizemos presente! Já o chamado para o isolamento, para o hegemonismo de um setor partidário e para o afastamento dos estudantes nós rechaçamos.

As lutas estão virando a Maré: construir uma forte unidade da Oposição de Esquerda na UNE!

 Em todo o país, já se sente a força das lutas da juventude pela radicalização da democracia nas escolas, universidades e no país. O desejo de uma educação pública universal, gratuita e de qualidade motiva o movimento estudantil que protagonizou um dos maiores enfrentamentos sociais do país em décadas. A luta pela ampliação do acesso, através das cotas raciais e sociais, virou o jogo no debate ideológico na sociedade, a ponto de obter o reconhecimento do próprio STF. As mobilizações de mulheres, negras, negros e LGBTs por visibilidade, reconhecimento e direitos ganharam novo capítulo com o enfrentamento contra Marco Feliciano.

image (1)Tempos interessantes. Tempos de rua. Tempos de mudança. O Juntos! quer ser parte dessa maré indignada que se levanta no Brasil e cuja expressão está com os jovens do mundo todo: da Espanha ao Chile dos pinguins; do Egito das praças aos enfrentamentos de Québec, da heroica luta grega à vitória contra o aumento das passagens em Porto Alegre! De nosso acampamento internacional, recentemente organizado, saímos com a certeza de que somos parte de um novo período.

Para virar a maré da paralisia, do atrelamento aos governos e da falta de democracia, é preciso ampliar nossa unidade! A Oposição de Esquerda, no último período, deu um salto. Esteve presente em todas essas lutas, fez a crítica implacável e permanente à política da direção majoritária da UNE e constrói vários DCEs pelo país. A OE é uma realidade e uma necessidade. Queremos consolidar este espaço nacional, agitando a bandeira da UNE vermelha, que percorre universidades de norte a sul do país. Nesse processo de mobilização nacional e eleição de delegados para o 53º CONUNE, nós temos lado! Estamos com as companheiras e companheiros de vários agrupamentos e coletivos de juventude de todo o Brasil. Somos parte desta grande unidade na diversidade. Queremos outro futuro!

 *Diretores da UNE pela Oposição de Esquerda e membros do Grupo de Trabalho Nacional do Juntos!


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