Te amo e te odeio. O IdA está em todo lugar, o IdA não está em lugar nenhum.
Os estudantes do Instituto de Artes da UnB estão realizando diversas mobilizações para reivindicar espaço próprio e adequado para desenvolver sua pesquisa e estudo. Para além dos conflitos locais, que prorrogam a resolução do problema, existe um projeto de educação de precarização das UNIs Federais que precisa ser combatido.
*Paola Rodrigues
“Eles gritam arte, eles querem cultura, mas e a casa dos artistas, onde está?
Eles cantam alto, eles querem mais show, mas e a casa dos artistas, fica em que lugar?
Eles aplaudem forte, querem mais teatro de rua, mas e casa dos artistas para ensaiar?
Eles dançam junto, eles pedem bis, mas e o espaço dos artistas para criar?
Eles admiram o traço, querem mais desenhos e pinturas, mas onde estão os ateliês para pintar?
A sociedade pede, os estudantes querem, mas por que a Universidade não dá?”
O novo prédio do IdA existe, sim, só que no papel. Há algumas semanas, alunos do Instituto de Arte (IdA) da UnB estão organizando uma série de mobilizações para reivindicar um espaço próprio e adequado para o desenvolvimento da sua pesquisa e estudo diário. Os estudantes do Desenho Industrial e Artes Plásticas, por exemplo, não tem ateliês próprios para criar e elaborar suas produções, os que ingressaram no curso de artes cênicas não tem um espaço com boa infraestrutura para ensaiar, e aqueles que buscam se formar em música tem dificuldade de desenvolver suas performances e tocar os instrumentos musicais, pois a acústica das salas de aula é precária.
O problema maior é que o Instituto de Artes já tem mais de 50 anos e, desde a sua criação, está localizado no prédio de serviços gerais da Universidade, não tendo um prédio próprio. Sempre houve demanda para a mudança, mas nunca resolução do impasse. Um dos pontos centrais do problema está na implementação do REUNI, programa do governo federal, na UnB. Desde 2007, a universidade aumentou em mais de 80% a oferta de vagas, mas houve pouca e pontual melhoria na infraestrutura e baixa contratação de novos professores. Ainda existem alguns cursos que são privilegiados.
Apesar dos vários problemas pontuais que estão dificultando a construção do novo prédio do Instituto de Artes, como o pedido de recurso do Instituto de Física que reivindica a mesma área designada ao IdA, não podemos enxergar esse problema como local, pois ele é mais um exemplo do sucateamento das universidades federais, que faz parte do projeto de educação que hoje está sendo implementando no Brasil.
Queremos democracia para entrar na Universidade (quando lutamos e defendemos as cotas raciais e sociais, pois elas são parte das medidas que diminuem o abismo educacional entre ricos e pobres, entre a população negra (e indígena) e a população branca), mas também queremos democracia para se formar (com qualidade no ensino, melhoria na infraestrutura e aumento na permanência estudantil).
As pautas do movimento estudantil da UnB na UNE! Venha defender um novo projeto de educação com o Juntos!
Nas lutas do nosso tempo está crescendo um movimento de outro tipo. O Juntos! é parte da Oposição de Esquerda, movimento formado por vários coletivos e milhares de estudantes de todo o país, que atualmente faz oposição à direção majoritária da UNE. Por quê? A UNE hoje é dirigida pela UJS (Juventude do PCdoB) e por setores do governo federal, que utilizam da entidade para defender seus interesses próprios e também um projeto de educação de precarização das universidades. Queremos construir uma nova direção para nossa entidade nacional, para virar essa maré da paralisia, do silêncio e da apatia política. Queremos uma UNE que esteja nas mobilizações das universidades e que apoie as pautas estudantis.
O CONUNE é o momento de levar as pautas da UnB para mais de 10 mil jovens, e com a troca de experiências, articular movimentos conjuntos para torná-los mais fortes. Convidamos todas e todos os milhares de estudantes que estarão no 53º CONUNE, que não aceitam ministros como Mercadante dizendo que “não negocia com grevistas” ou Guido Mantega dizendo que investir 10% do PIB em educação “quebraria o país! Lutamos por uma UNE que não estenda suas bandeiras com Sarney, Renan Calheiros e Marco Feliciano! Queremos uma UNE desatrelada dos governos e das reitorias para estar lado a lado dos estudantes nas mobilizações e nas ruas. Vamos juntos!
Estamos construindo, de norte a sul do Brasil, vários DCEs, CAs, Executivas e Federações de curso, intervindo nas greves, nas lutas e nas manifestações para que a juventude possa ter outro futuro!
*Paola é estudante de Jornalismo e do Juntos! DF
*Contribuição: Rodolfo Mohr (Diretor de Movimentos Sociais da UNE pela Oposição de Esquerda e do Juntos! DF)
*Fotos: Leila Porto (Mais fotos aqui.)