18/07: Um dia de luta no Brasil por Snowden
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18/07: Um dia de luta no Brasil por Snowden

O #SnowdenDay marcou a cena política brasileira desse dia que se encerra. Fomos recebidos no Palácio do Itamaraty, por Paulino Carvalho, Chefe de Gabinete da Subsecretaria-Geral de Política I, responsável pelas relações multilaterais com EUA, Canadá, América Latina e pela atuação brasileira na ONU e OEA.

Rodolfo Mohr e Tiago Madeira 19 jul 2013, 00:41

Edward Snowden não está sozinho. O 18 de julho de 2013 converteu-se de fato no #SnowdenDay. Aprovado unanimemente pelos 700 presentes na Assembleia Nacional do Juntos, realizada em São Paulo no domingo dia 14, ultrapassou e muito as fronteiras do nosso movimento. Saudamos com entusiasmo a unidade com o Partido Pirata do Brasil, uma das organizações mais sérias e engajadas na disputa pela liberdade na internet.

snow2 O #SnowdenDay marcou a cena política brasileira desse dia que se encerra. Fomos recebidos no Palácio do Itamaraty, por Paulino Carvalho, Chefe de Gabinete da Subsecretaria-Geral de Política I, responsável pelas relações multilaterais com EUA, Canadá, América Latina e pela atuação brasileira na ONU e OEA. Carvalho ressaltou que falava em nome do Ministério incumbido pelo Ministro Antônio Patriota. Batemos à porta do escritório da Presidência da República na avenida Paulista em São Paulo. Lá também fomos recebidos e entregamos o manifesto assinado pelo Juntos e pelo Partido Pirata. Houve atos em várias outras cidades.

Boa parte do ativismo digital e do software livre no Brasil construiu o #SnowdenDay nas redes sociais. Ou até mesmo no Palácio do Planalto, como relatou Marcelo Branco em seu Twitter: “Palácio do Planalto: @samadeu e @pabloortellado solicitam ao Min. Gilberto Carvalho, que a Pres. Dilma conceda asilo a #Snowdenday”. A Agência Pública, parceira do WikiLeaks do Brasil, tuitou sobre o #SnowdenDay. A mobilização cruzou fronteiras: Jacob Appelbaum, hacker e co-autor de Cypherpunks (de Julian Assange), divulgou a carta que entregamos em São Paulo e Brasília.

Nossa luta é contra o sistema na qual a internet atual está alicerçada. Todo palmo de terra que avançamos é conquistado com muito esforço. E todo o esforço que fizermos ainda é pouco perto do sacrifício pessoal que fez Snowden. Como definiu Katharina Nocum, diretora do Partido Pirata Alemão, Snowden deu um rosto à luta pela liberdade na internet. Ao doar sua face, entregou sua própria vida.

A imprensa está atenta à pauta. Mesmo em manifestações de poucas dezenas registraram as manifestações. Os midialivristas, como o NINJA, o próprio site e redes do Juntos e dos Piratas, bem como a imprensa corporativa deram relevo ao tema. Também pudera: as reportagens do jornalista Glenn Greenwald do The Guardian, publicadas pelo O Globo, são impactantes. O Brasil é o segundo país com mais comunicações registradas pela NSA, a Agência de Segurança Nacional dos EUA.

Há uma profunda ligação entre as megamobilizações no Brasil e a luta de Snowden, de Assange e de Manning. O monitoramento eletrônico do Estado sobre o cidadão é o pior dos pesadelos que não podemos deixar que se naturalize. Há uma indústria de vigilância internacional crescendo em velocidade alarmante com investimento cada vez maior de estados de todo o planeta, principalmente depois da primavera árabe. Cada denúncia de Manning, Snowden e Assange faz o sistema sangrar. Se aceitarmos a espionagem dos EUA sobre todos os países do mundo, bem como a espionagem da ABIN sobre os manifestantes brasileiros, teremos um muro ainda maior a transpor no futuro. Por isso, as lutas sociais e democráticas se encontram.

O representante do Itamaraty enfatizou que a decisão de não asilar Snowden é uma decisão do governo. Não hesitaremos em pressionar o Planalto diretamente. Estamos construindo uma agenda de mobilizações pelo país, ampliando a rede dos que lutam por Snowden e por liberdade na internet. Em três semanas de mobilização constante – 5/7 no Itamaraty, 14/7 na Assembleia Nacional do Juntos e 18/7 no #SnowdenDay – mostramos que Snowden não está só. Somos milhares ao seu lado, que o querem ver em segurança e liberdade na América Latina. Do Brasil enviamos nossa mensagem de coragem e determinação até o outro lado do mundo, para a desconfortável ala de trânsito internacional do aeroporto Sheremetyevo de Moscou, residência de Snowden nas últimas semanas. Como diz o Wikileaks, “a coragem é contagiosa”. Definitivamente, estamos contaminados.

* Rodolfo Mohr é jornalista. Tiago Madeira estuda Ciência da Computação na USP. Ambos são do Juntos.

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