A Faculdade de Direito e a panela de pressão na USP
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A Faculdade de Direito e a panela de pressão na USP

A opção pela via coletiva e da mobilização direta, que hoje vemos na Faculdade de Direito, não está somente na USP, mas em inúmeras cidades, universidades e locais de trabalho do Brasil.

13 ago 2013, 13:28

O segundo semestre não começou de maneira normal na USP. Desde a última sexta-feira, 09/08, os estudantes da Faculdade de Direito estão em greve geral. Diante de um problema aparentemente “simples” — há um caos na grade curricular do Direito, com enormes problemas no oferecimento de vagas e disciplinas — os estudantes tomaram uma decisão ousada: decidiram pela resposta política à situação e deliberaram greve.

A opção pela via coletiva e da mobilização direta, que hoje vemos na Faculdade de Direito, não está somente na USP, mas em inúmeras cidades, universidades e locais de trabalho do Brasil. Sem dúvida, é um reflexo do novo período que se abriu no país com as Jornadas de Junho e que agora continua com as “jornadas de agosto”. Assim será com cada vez mais força.

O Juntos! acredita que esse cenário deve se refletir nas universidade e, em especial, na USP. Desde agora, estamos juntos com os estudantes do Direito. E acreditamos que a USP pode ser uma verdadeira “panela de pressão” neste segundo semestre. Há anos, existe um forte desgaste e enfrentamento do conjunto dos estudantes com a política da reitoria de Rodas, figura diretamente ligada ao governo PSDB. Num momento em que jovens de todo país se levantam contra as figuras do poder e suas políticas autoritárias — como Cabral no Rio de Janeiro e Alckmin em São Paulo — é quase inevitável que essa fúria democrática se traduza também contra Rodas na USP. Não somente a Faculdade de Direito já exemplifica isso, mas também outros locais da Universidade, como o campus de São Carlos, que iniciou o semestre em “ReVolta às aulas”, com mobilização.

Quem pode falar de democracia na USP? Quem tem medo de diretas já?

Antevendo essa situação, a reitoria anunciou durante as férias a disposição de “democratizar a universidade”, por meio da mudança da maneira como reitores, diretores de unidade e chefes de departamento são eleitos.

Por um lado, uma iniciativa positiva, que demonstra que a pressão história exercida pela comunidade universitária surtiu efeito. Por outro, uma palhaçada: a única figura que não tem nenhuma autoridade para falar em democracia na USP é a própria reitoria. Durante quatro anos, tudo o que a atual reitoria fez foi criminalizar o movimento estudantil, elitizar a universidade e estabelecer uma lógica em que os estudantes não têm nenhuma voz. Em 2011, Rodas ficou famoso por colocar 400 homens da Tropa de Choque da PM para desocupar o prédio da reitoria e prender estudantes. Em 2013, buscou implantar um falso sistema de cotas na universidade, o PIMESP, e, por meio do Ministério Público, criminalizar o movimento estudantil com a denúncia de formação de quadrilha.

O PIMESP e a denúncia do MP foram derrotadas. Agora, vendo a força ainda maior que ganhamos em junho, Rodas tem medo de perder em algo ainda mais importante: o poder na universidade. O segredo para que a USP siga servindo aos interesses de uma elite é que ela seja administrada somente por uma minoria, com o respaldo de um estatuto retrógrado. Atualmente — pasmem! — não existem eleições diretas na USP! Os reitores são eleitos por menos de 5% da comunidade. E o pior: é o governador do Estado quem dá a última palavra, escolhendo o Reitor de sua preferência.

O sistema é tão absurdo que hoje nem a própria reitoria consegue defendê-lo. Mas sabemos que o que Rodas quer é “mudar pouco” para “nada mudar” na universidade. E não admitiremos que seja assim. Chegou o momento das nossas conquistas! Por toda USP, o Juntos já iniciou uma forte campanha por eleições diretas, com peso paritário nas votações e fim da lista tríplice. Imediatamente! E em alto e bom som, com a autoridade de quem derrubou as tarifas de ônibus, a cura gay e outras conquistas, dizemos: se o estudante não votar, a USP vai parar. Nosso método é o da mobilização direta e queremos que a universidade, com sua luta radicalmente democrática, seja um polo avançado no enfrentamento com a política do governo estadual de São Paulo, atualmente na berlinda por ser protagonista de enormes escândalos de corrupção.

Organize sua indignação com o Juntos na USP!

O Juntos quer estar na ponta de lança de todas as lutas que podem surgir na universidade e, em especial, na luta política pela democracia na universidade e eleições diretas já.

No primeiro semestre, como parte da atual gestão do DCE, atuamos com força nas vitoriosas lutas contra o PIMESP e a denúncia do Ministério Público. Na verdadeira “maré” que levamos ao 53º CONUNE, tivemos uma forte vitória da Oposição de Esquerda na Universidade. E, depois, em junho, fomos para as ruas de São Paulo.

Agora, queremos parar também a universidade até que tenhamos nossas conquistas e democracia de verdade. Em todos os cursos e campi, queremos ferver a panela de pressão que é a USP. E o calendário é intenso: além do Encontro de Centros Acadêmicos neste final de semana, teremos a primeira assembleia geral em 20/08 e, principalmente, o PRIMEIRO Grande Ato da USP em 21/08, às 17h em frente à reitoria.

Para isso, queremos organizar e fortalecer também nosso movimento. Nesta quinta-feira, às 18h, teremos uma Plenária do Juntos-USP aberta à participação de todos. Hoje, já existem equipes do Juntos em vários cursos e campi da universidade. Mas ainda não em todos. Que tal ajudar para que esse desafio seja possível? Organizando os indignados por cada canto da USP, certamente Rodas e Alckmin vão tremer ainda mais, e conquistaremos, enfim, as ELEIÇÕES DIRETAS JÁ NA USP!

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