Outra Vez, Outra Vez…Somos da Oposição!
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Outra Vez, Outra Vez…Somos da Oposição!

Poderíamos estar aqui comemorando um verdadeiro avanço, já que a meia entrada era um direito que efetivamente necessitava de uma legislação a nível nacional, mas não. Com o apoio da Direção Majoritária da UNE – a UJS e o Kizomba – o Estatuto da Juventude estabelece um verdadeiro retrocesso a esse direito

Camila Souza 6 ago 2013, 20:15

*Por  Camila Souza

A última segunda feira foi marcada pela sanção da Presidente Dilma ao Estatuto da Juventude. Este Projeto de Lei que tramitava no Congresso Nacional há quase dez anos, ficou conhecido como Estatuto da Juventude porque estabelece os princípios e as diretrizes das políticas públicas de juventude no nosso país. Mas em meio às notícias e comemorações uma polêmica ganhou destaque: a meia entrada cultural.

Esta que sempre foi comemorada e reivindicada como uma das maiores conquistas do movimento estudantil, inclusive com um protagonismo da UNE em sua conquista, ganha agora novos marcos nacionais em sua regulamentação.

999162_566607346734593_1699932042_nPoderíamos estar aqui comemorando um verdadeiro avanço, já que a meia entrada era um direito que efetivamente necessitava de uma legislação a nível nacional, mas não. Com o apoio da Direção Majoritária da UNE – a UJS e o Kizomba – o Estatuto da Juventude estabelece um verdadeiro retrocesso a esse direito. No artigo 23, paragrafo 10 está estabelecido que:

§ 10. A concessão do benefício da meia-entrada de que trata o caput é limitada a 40% (quarenta por cento) do total de ingressos disponíveis para cada evento.

Ou seja, a partir de agora há uma cota de 40% para a meia entrada, e passado esse limite o jovem terá que pagar uma inteira. No jogo de negociatas do Congresso Nacional, a Direção Majoritária da UNE ganhou em troca o monopólio na emissão das carteirinhas. Aprovou e comemorou a restrição da meia entrada aos 40% para receber em seus caixas os milhões que virão da venda das carteirinhas.

A posse da nova diretoria da UNE

Nos dias 1 e 2 de Agosto, estava em São Paulo reunida para a posse toda a nova Diretoria da UNE. O espaço que desde o último período é marcado pela burocracia, ganhou cores e cartazes que desde ali já manifestavam a posição do Juntos sobre o tema da meia entrada. Assim desde o primeiro espaço de debate conjuntural os nossos Diretores apresentaram a necessidade da UNE se engajar na campanha de veto à restrição da meia entrada que ela própria tanto lutou para conquistar.999079_660826860611442_1008508326_n

No dia 2 houve a primeira reunião da Diretoria Plena da UNE, era o momento de construção do Plano de Gestão da entidade para os próximos dois anos e de votação das resoluções. O campo da Oposição de Esquerda, do qual o Juntos compõe, apresentou sua própria analise de conjuntura para à introdução do Plano de Gestão. Defendemos que a entidade atue em sintonia com as vozes que ecoam nas ruas, que sejamos parte das manifestações que ganharam o Brasil reivindicando mais direitos sociais e rechaçando a velha forma da política e seus partidos e instituições. Os jovens nas ruas querem mudar a política a favor de uma sociedade mais justa e a UNE deveria ser parte dessa construção. Nos próximos dias Alckimin e Cabral, sentiram que depois de junho nada será como antes. No dia 14 de Agosto as ruas de São Paulo estarão novamente tomadas por aqueles que não suportam mais a violência desse governo fascista. A família de Amarildo não estará sozinha nas ruas do Rio de Janeiro no dia 7 de setembro. A força das vozes “Fora Cabral! Fora Alckmin!” e porque não “Fora Anastasia! ecoaram pelas ruas do Brasil mostrando que junho foi apenas o começo.

Apresentamos também, mas em uma construção ampliada junto ao Campo Popular, uma Moção de Solidariedade aos Combatentes do Imperialismo: Snowden, Assange e Bradley Manning. Entendemos que fortalecer essa luta é fortalecer a luta anti-imperialista. Por isso exigimos, e agora a União Nacional dos Estudantes exige que o governo brasileiro conceda asilo a Snowden imediatamente.

Mas não há dúvidas de que a grande polêmica da reunião foi o debate da meia entrada cultural. Apresentamos, junto ao Campo Popular, uma proposta de resolução que garantia a UNE na campanha pelo veto ao limite de 40%. Mas a juventude do Kizomba e da UJS na contramão das jornadas de junho que avançaram na conquista de direitos optaram por defender um retrocesso. A polarização que vimos nas ruas ganhou força na entidade, de um lado aqueles que ainda defendem a lógica de transformação dos nossos direitos em moedas de troca no sujo jogo da velha política e do outro àqueles que compreendem que qualquer avanço democrático virá das mobilizações, das ruas e que não aceitaremos nenhum direito a menos, nenhum direito pela metade.

Em breve lançaremos um novo blog da Oposição de Esquerda e todas as nossas propostas de resoluções e intervenções nesses espaços serão publicadas na íntegra lá para todos conferirem.

Quero meu direito por inteiro

Desde que o Estatuto foi aprovado no Congresso Nacional o Juntos Uberlândia começou um campanha de abaixo-assinado pelo veto da Presidente Dilma à restrição da meia entrada. Percorremos as salas da universidade organizando a indignação dos estudantes. A campanha se nacionalizou e agora ganhou mais força com a Oposição de Esquerda a construindo. Não deixaremos esse retrocesso passar em branco, estaremos em todas as universidades, escolas, bairros denunciando mais esse ataque aos nossos direitos. E àqueles que defendem esse retrocesso serão atropelados pela história.

 

*Camila Souza é estudante da UFU e Diretora de Universidades Públicas na UNE.


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