Shopping Midway e a criminalização da juventude das periferias
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Shopping Midway e a criminalização da juventude das periferias

No último sábado, frequentadores do maior shopping de Natal (Midway) presenciaram cenas de discriminação social. Jovens negros, adeptos de um comportamento conhecido na cidade como “pinta”, originado da periferia, foram impedidos de entrar nele por não apresentarem estereótipo ”inadequados” aos olhos do elitismo daquele lugar.

Carlos Augusto Alves e Lucy Karoline 17 dez 2013, 18:05

*Lucy Karoline e Carlos Augusto

No último sábado (14/12/2013), frequentadores do maior shopping da capital potiguar presenciaram uma cena lamentável de discriminação e segregação social. Jovens negros, adeptos de um comportamento conhecido na cidade como “pinta”, originado da periferia, foram impedidos de entrar no Midway Mall por não se apresentarem com vestimentas e comportamentos “adequados” aos olhos do elitismo daquele lugar.

A justificativa se torna mais segregacionista e discriminatória, ainda segundo a segurança do shopping tais medidas são necessárias para evitar “badernas”, “delinquências”, ameaças a integridade do estabelecimento e o bem-estar dos consumidores. Em um shopping de Fortaleza aconteceu uma criminalização não muito diferente do que ocorreu em Natal.  No dia 26/11/2013, jovens cearenses foram expostos a uma situação constrangedora e humilhante. Eles foram proibidos de circular pelos corredores do shopping Parangaba e perseguidos pelos seguranças.

A juventude das periferias tem sofrido discriminação em todo o Brasil, país esse tão miscigenado, que possui um grande número de habitantes negros em situação de extrema pobreza. Práticas de limpeza social como essas tendem a continuar. Espaços antes totalmente elitistas, hoje graças a uma pequena mudança na correlação de forças também são ocupados pela classe subalterna – ou nova classe média. Uma inclusão social que vai de encontro à mediocridade e a lógica separatista da classe dominante, que não suporta a idéia de dividir o mesmo espaço com quem não está adequado aos seus parâmetros.

A maldita lógica do capital não para de fazer vítimas. Não cansa de excluir. Como se já não bastasse ter o direito a educação, saúde, esporte, e cultura violados todos os dias, usurpam de jovens com condições sócias desprivilegiadas, o direito ao lazer. Negam-lhes o direito fundamental de ir e vir.

É notório que a propriedade privada está apostando na higienização social para esconder os jovens das periferias do Brasil e agradar os consumistas, na sua maioria pessoas que estão no topo da pirâmide social. Os jovens do Planalto, Mãe Luiza, Rocas, Felipe Camarão, Passo da Pátria e outros bairros periféricos de Natal também são consumidores e não podem ser discriminados pela sua cor e seus estereótipos. São as mesmas práticas adotadas por Governos que excluem jovens da periferia todos os dias no país. Que com o advento da Copa tem segregado famílias que são removidas de suas casas e mandadas para os subúrbios das cidades-sedes, colocando-as ainda mais nas margens da sociedade.

Pela liberdade de ser “pinta” e de andar tranquilamente pela cidade, somos indignadxs contra as medidas de higienização social do shopping Midway Mall!

Contra a Criminalização da pobreza!

 

*Lucy é estudante de Serviço Social e Carlos é estudante de Gastronomia, ambos da UnP e militantes do Juntos! Natal.

 

“Segregação social, discriminação racial.

Apartheid, colonização, escravidão, globalização,
ainda me lembro da inquisição e da catequização dos índios
grupos de extermínio, klu-klux-klã , nazistas , fascitas , não mais!”

(O inimigo – Ponto de Equilíbrio)

 


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