Por terra e Liberdade – Viva o 7 de Janeiro – Viva a Cabanagem.
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Por terra e Liberdade – Viva o 7 de Janeiro – Viva a Cabanagem.

Sua memória deve ser secular e celebrada! Viva o 7 de Janeiro e Viva a maior Revolução Popular da Amazônia! Afinal, seus combatentes, não foram mortos nem enterrados; foram plantados nas terras úmidas do Grão-Pará, como exemplos de revolucionários!

Pedro Fonteles 7 jan 2014, 14:51

*Pedro Fonteles de Lima

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O movimento popular cabano que ficou conhecido por “A Cabanagem” não foi rebelião muito menos uma revolta, foi uma Revolução Social que acabou por dizimar parte da população Amazônica com aproximadamente 30 mil mortos, morreram mestiços, índios e colonos, mas também boa parte das elites tradicionais do império.

A cabanagem foi um fenômeno ocorrido no século XIX, com a alcunha ainda hoje dada por alguns historiadores de que teria sido mais uma revolta típica do período regencial do império brasileiro.

Ela, na verdade, nunca foi mais “uma”, mas sim extrapola seu próprios limites. Abarca um grande numero de participantes – cada grupo social com seus próprios anseios de classe, é bem verdade – e percorre um raio territorial incrivelmente amplo, digo incrivelmente, pois há registros de sua luta no Marajó, em Santarém, em Cametá e outras localidades em um período em que o grande meio de locomoção é a navegação por corrente marítima.

O alvo principal do movimento foram os portugueses. O sentimento que permeava a revolução era de ódio aos brancos, ao mandonismo, ao abandono que as terras amazonidas eram remetidas, principalmente ao pós-1808, quando os investimentos passaram a se concentrar no sudeste Brasileiro, mais precisamente no RJ. O Pará, que detinha até então economia próspera devido à proximidade marítima e as relações que detinha com Lisboa, entra em profundo declínio, alimentando ainda mais o sentimento de “Dois Brasis”.

Parte da elite se transforma e a velha aristocracia colonial dá lugar à elite mestiça e bastarda. Porém, para a grande maioria nada muda. A vida ainda era a mesma e, em 1821, Felipe Patroni já denunciava na imprensa paraense através do “O Paraense”, muito influenciado pelas idéias liberais da revolução do Porto que também fizeram ecos por aqui: “o povo vive em condições sub-humanas, vivem em cabanas e palafitas! O governo Luso-Brasileiro precisar olhar com carinho para o Pará”. Pois bem, esse sentimento fez surgir uma identidade a todos os povos e etnias da Amazônia. Desde indígenas, negros africanos e mestiços, ainda que cada grupo tenha suas peculiaridades, perceberam os problemas e as lutas que detinham em comum.

A historiografia Brasileira fez ao longo dos anos várias abordagens sobre a cabanagem, e não poderia deixar de ser diferente, já que o homem é fruto de seu tempo. Então, desde que Domingos Antonio Rayol ou Barão de Guajará (cujo pai era vereador e foi assassinado em vigia pelos cabanos) classificaram o movimento como motim das classes infames, outros muitos fizeram diversas abordagens, como João Palma Muniz, Dilke Barbosa, Ernesto Cruz, Vincente Salles, Jorge Hulley e também o marxista Caio Prado Júnior, que atribuiu aos cabanos a prerrogativa de únicos revolucionários populares de ideais libertários que conseguiram depor um governo das elites e chegar ao poder.

Apesar da grande importância em que se deve analisar a historiografia sobre os cabanos, não há dúvidas de que tal movimento precisar estar no patamar dos grandes feitos do nosso povo. A cabanagem é hoje símbolo de ação popular, de movimentos sociais, e da formação do sentimento de organização da luta camponesa.

Sua memória deve ser secular e celebrada! Viva o 7 de Janeiro e Viva a maior Revolução Popular da Amazônia! Afinal, seus combatentes, não foram mortos nem enterrados; foram plantados nas terras úmidas do Grão-Pará, como exemplos de revolucionários!

*Pedro é militantes do Juntos Pará e do Grupo de Trabalho Nacional.


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