A “crise” financeira na USP
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A “crise” financeira na USP

Na USP, o ano começa com uma série de cortes no orçamento, atingindo principalmente as bolsas dos estudantes e as atividades vitais da universidade. Nessa “crise”, qual vai ser a escolha de Zago? É preciso ampliar o financiamento público!

Pedro Serrano 28 fev 2014, 11:30

*Por Pedro Serrano

Na “crise”, qual vai ser a escolha de Zago? Ou: pela ampliação do financiamento público para USP.
“Vão cortar a minha bolsa”. “Vou ser despedido do meu estágio”. “Todos estão dizendo que o dinheiro secou e as contas vão ser apertadas.”

Só se ouve falar disso na USP. O fato é que sem nenhuma discussão aberta ou clareza da situação para o conjunto da comunidade universitária, a nova gestão da reitoria já está promovendo uma série de cortes no orçamento da USP. Milhares de estudantes estão se prejudicando. Também os funcionários, que passam a se sobrecarregar em seus serviços, além de ter as perspectivas salariais ameaçadas e pagamentos atrasados. O motivo é uma “crise” na universidade. Rodas estourou o orçamento e ainda gastou parte importante da reserva da USP.

O que é preciso dizer é que, nos últimos anos, Rodas chegou a gastar mais de 23 milhões de reais da universidade em compras de imóveis fora do campus, sendo inclusive investigado pelo Ministério Público por isso! Gastou outras dezenas de milhões de reais apenas na construção do novo prédio da reitoria que, por fora e por dentro, mais se assemelha a um palácio (a propósito, bastante distinto da precariedade de muitos prédios didáticos). E isso tudo ainda sem falar nos escândalos dos assim chamados “centros internacionais” da USP, construídos não apenas no Brasil, mas também no exterior, como em Cingapura!

Realmente, a herança de Rodas é maldita. Mas a responsabilidade de Zago não é nenhuma outra do que romper completamente com ela! Qualquer outra coisa é enganação! É patético que o novo reitor tome como medida (e ainda de maneira sorrateira) cortar bolsas de R$400 de estudantes enquanto toda estruturação da universidade segue a mesma. O papel do reitor, primeiramente, é garantir as atividades vitais da universidade, não permitir nenhum corte de bolsa ou de salário, e cortar os luxos da reitoria e os gastos esdrúxulos instaurados pela empáfia de Rodas. Além disso, é preciso deixar claro que precisamos de mais financiamento público para a universidade. Geraldo Alckmin anunciou ontem um gasto de R$ 35 milhões em caminhões blindados para reprimir protestos em SP. Ao invés de bater na juventude, é muito bem vindo que o governador do Estado invista na educação. A propósito, não à toa, estão agora em greve as FATECs e ETECs no Estado.

A luta pela ampliação do financiamento público na USP, que já foi forte anos atrás, como em 2005, precisa ser retomada com tudo. Inclusive pelo fato de, desde aquela época, a universidade ter se ampliado, como é o caso da EACH, do campus de Santos ou de Lorena. O que está e estará em jogo é mais do que o fato de cada estudante permanecer na USP, ter sua bolsa, seu estágio e seus direitos; é a defesa da própria universidade pública e da centralidade que ela deve ter para qualquer governo, mas que não costuma ter para o PSDB. Se a atual reitoria veio mesmo para “mudar”, o que deve fazer é estar ao lado da comunidade universitária nesse momento, pressionando Alckmin e extirpando a herança maldita de Roas. Não cortando as bolsas dos estudantes.

*Pedro Serrano é estudante de pós graduação da USP e membro do GTN do Juntos


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