Somos todos Fábio da Cruz e não sairemos da rua
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Somos todos Fábio da Cruz e não sairemos da rua

Morreu sábado o terceiro operário na construção da arena Corinthians. A obra está atrasada, os trabalhadores seguem dia e noite tentando compensar a falta de planejamento das empreiteiras responsáveis pela obra.

Cindy Ishida 31 mar 2014, 13:47

* Cindy Ishida

Morreu sábado o terceiro operário na construção da arena Corinthians. A obra está atrasada, os trabalhadores seguem dia e noite tentando compensar a falta de planejamento das empreiteiras responsáveis pela obra. O mais absurdo é o empurra empurra pra definirem de quem é a culpa: a família diz que Fábio da Cruz nunca recebeu treinamento ou equipamento adequados para trabalhar naquelas condições, a Oderbrecht acusa a Fast Engenharia, a Fast Engenharia acusa a Oderbrecht, o laudo da polícia só ficará pronto em 30 dias e apontará o veredicto oficial.

A história toda é trágica e nos toca, mas pouco se fala do quanto Fábio abdicou da sua própria vida antes de perde-la, para salvar a Oderbrecht do descrédito da FIFA. No final, a culpa da morte do Fábio, e também de sua vida sofrida, é desse sistema que inverte a lógica das pessoas, faz parecer que fazer a Copa dar certo e garantir o lucro das grandes empresas é mais importante do que o bem estar das pessoas do país da Copa. Copa essa que não é mesmo do Fábio e de sua família, que mesmo que receba indenização pelo acidente que causou sua morte, talvez nunca consiga assistir um jogo no estádio que ele ajudou a construir.

Somos todos um pouco Fábio da Cruz, enfim, já que metade dos ingressos para assistir o Mundial serão trocados por favores aos poderosos e os que sobraram custam caro, tão caro que nos farão, por fim, assistir os jogos em casa. Percebemos que na Copa da FIFA ficamos todos no banco de reserva, mesmo que tenhamos pagado pelos estádios e muitos de nós os tenhamos ajudado a construir. Quinta-feira fomos pra rua lutar por uma Copa que coloque as coisas nos lugares que achamos que elas deviam estar e da rua não vamos sair até invertermos a lógica dessa sociedade- que o povo seja mais importante que a FIFA e a FIFA que volte pro lugar que ela veio!

* Cindy Ishida é militante do Juntos nas Escolas


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