Pelo fim da violência contra a mulher lutamos JUNTAS!
Nesta semana a violência contra a mulher no RS ganhou um terrível novo capítulo. Um vídeo de um estupro coletivo foi divulgado através do WhatsApp. O Juntas se solidariza com a dor da vítima e exige punição do agressores. Enquanto isso, cresce o número de denúncias que recebemos de assédios.
*Fabiana Lontra
Infelizmente, convivemos diariamente com a violência contra a mulher. Apesar da Lei Maria da Penha estar em vigor desde 2006, não houve mudanças reais para a segurança e respeito à mulher. Prova disso são as várias denúncias e pedidos de auxílio que nós, Juntas!, temos recebido nos últimos tempos. Quem sofre abuso, violência e estupro, além da agressão, sente na pele a falta de auxílio e descaso por parte do Estado. O Rio Grande do Sul, por exemplo, está totalmente despreparado para o atendimento de vítimas do machismo, com baixíssimo número de delegacias especializadas no atendimento à mulher, com servidores públicos despreparados, que muitas vezes culpabilizam e atemorizam as vítimas e não sabem instruí-las a respeito de seus direitos, com ausência de uma rede de apoio e acolhimento que seja capaz de proteger e estimular às mulheres para que rompam com ciclos de violência e denunciem o machismo.
Ainda que sejam centenas de casos de violência diários, alguns ganham mais notoriedade na mídia e nas redes sociais. Chegou ao nosso conhecimento que uma menina de Balneário Pinhal foi estuprada, o estupro foi filmado e o vídeo desse ato foi divulgado na internet. Antes de tudo, queremos prestar todo o nosso apoio e solidariedade a ela. Este é um caso abominável, que materializa de forma cruel as lógicas que regem o machismo. Nossos corpos nos pertencem, não toleraremos que alguns homens se achem no direito de nos violentar como se existíssemos para satisfazê-los, mesmo contra a nossa vontade! Mas também queremos lembrar às companheiras e companheiros que não podemos cair na onda dos “justiceiros” que vem sendo disseminada nos últimos meses. Defendemos sim a punição, mas não queremos viver em uma sociedade onde se faça justiça pelas próprias mãos, onde um estuprador seja estuprado, porque não desejamos a violência para ninguém. Essa não é a sociedade que queremos construir. Ninguém merece ser estuprad@! Queremos que a justiça parta dos órgãos responsáveis, que as Delegacias da Mulher existam, sejam efetivamente atuantes e protejam as vítimas de fato.
Além disso, recebemos denúncia de muitos casos de violência e abuso sexual envolvendo estudantes do Campus do Vale da UFRGS. O Vale é conhecido há tempos por sua insegurança, principalmente à noite, pela falta de iluminação e trabalhadores da segurança. A UFRGS, seguindo a lógica do capitalismo, tem apenas vigilantes de patrimônio atuantes nos campi, mas não abre concursos para guardas há anos. Ou seja, os estudantes, e principalmente as estudantes, não podem esperar tranquilos nas paradas de ônibus ou simplesmente caminhar de um prédio para outro. Sabemos que a autodefesa da mulher é importante mas essa não é nem nunca será nossa pauta principal: não queremos nos expor a riscos, queremos viver sem medo, queremos segurança e respeito em todos os espaços, todos os dias. Dessa forma exigimos dos governos investimentos reais em Delegacias da Mulher, em segurança, e em educação para a diversidade e igualdade de gênero, para que possamos viver verdadeiramente livres! Por isso defendemos a organização das mulheres, pois acreditamos que a saída é sempre coletiva e que quando lutamos juntas somos mais fortes.
* Fabiana Lontra é estudante de Letras da UFRGS e militante do JUNTAS RS