Relato da repressão: BH sitiada
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Relato da repressão: BH sitiada

O aparato de repressão ao Ato era sem dúvidas digno de um cenário de guerra. A polícia, o CHOQUE, a Rotam e todos os apêndices militares possíveis cercavam completamente o pequeno grupo de manifestantes por todas a vias de acesso. Completamente sitiados, em determinados momentos ninguém entrava e a permissão era apenas para saída.

Mateus Vieira 16 jun 2014, 10:14

por *Mateus Vieira

  Ao sair do meu prédio, localizado relativamente próximo a Praça 7 o clima de tensão momentos antes ao Ato já havia se instalado. Ao descer em sentido para o local o  número de carros da polícia militar multiplicava e a sensação de que algo estranho estaria acontecendo também. Quando a Praça entrou no meu campo de visão minha primeira reação foi de perplexidade, resolvo então sentar e esperar por companheiros que estavam por chegar. Neste momento um andarilho aparentemente mais velho que passou por mim compartilhou comigo a sua impressão, que sem dúvidas era uma sensação comum, de paralisação e medo.

  O aparato de repressão ao Ato era sem dúvidas digno de um cenário de guerra. A polícia, o CHOQUE, a Rotam e todos os apêndices militares possíveis cercavam completamente o pequeno grupo de manifestantes por todas a vias de acesso. Completamente sitiados, em determinados momentos ninguém entrava e a permissão era apenas para saída. 

 “Estamos cumprindo ordens” eram as únicas palavras faladas pelos policiais. Empunhando as mais diversas armas determinado momento até permitiram a entrada ao cerco, com a condição de revista completa e inclusive confisco do que presumiam” armas”. Acreditem ou não um isqueiro meu acabou ficando com os policiais durante a minha revista. 

  Em meio ao cerco a sensação de impotência e de monitoramento completa era agonizante. Qualquer marcha fora do que havia sido estipulado por eles seria completamente reprimida. Estar completamente cercado, como se estivéssemos cometendo um crime de forte potencial ofensivo só reforçou a indignação do quanto vivemos uma nítida criminalização dos movimentos sociais e da necessidade da luta contra essa opressão.

 Por fim, o Ato 14-J  ficará marcado pelo completo cerceamento do nosso direito à livre manifestação pelas forças policiais que armados até os dentes, além de imobilizar completamente o pequeno grupo  parecia ter por único objetivo aterrorizar e instaurar o medo.

Mateus Vieira é estudante de direito em Belo Horizonte.


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