A luta do 8 de Março e a perspectiva de um feminismo para todas
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A luta do 8 de Março e a perspectiva de um feminismo para todas

Em 2015 sairemos às ruas de novo. Sairemos para passar por cima do cadáver de Eduardo Cunha e exigir aborto legal e seguro para todas.

Fabiana Lontra 24 fev 2015, 14:48

* Fabiana Lontra

Quando as feministas socialistas – Clara Zetkin e Alexandra Kollontai, por exemplo –  pautaram a criação de um dia específico para a luta das mulheres, no começo do século passado, talvez não imaginassem que ele vigoraria até hoje. Não marchamos no 8 de Março apenas em honra a essas valorosas mulheres que abriram caminhos para nós, mas infelizmente porque ainda sofremos muito com o patriarcado, em diferentes esferas. Por isso esse dia de luta existe há mais de 100 anos: não para reforçar estereótipos de feminilidade com chocolates e flores, como a grande mídia insiste, mas para termos o momento mais único de protagonismo de lutas e pautas.

Avançamos. Hoje o feminismo é uma realidade, um espaço de militância consagrado. Quando imaginávamos ouvir um discurso feminista na cerimônia do Oscar, por exemplo? Ou ver a notícia que 60% das mulheres brasileiras se consideram feministas?[1] Isso mostra que somos visíveis, que incomodamos, que agora, mais do que nunca, somos levadas a sério.

Mas isso só não nos satisfaz. Avançamos a ponto de derrubar campanhas publicitárias machistas, ter o direito de mostrar as tetas marchando às milhares pelo Brasil, mas não avançamos a ponto de salvar nossas vidas. Ainda morremos todos os dias, vítimas de abortos clandestinos e homens agressores. Morremos um pouquinho por dentro a cada notícia vista ou lida de estupro, de feminicídio. O discurso do Oscar não chega até essas mulheres protagonistas das tristes notícias, não chega na rua deserta à noite que somos obrigadas a atravessar sozinhas. É preciso muito mais que um discurso para avançar mais. É preciso militar e sair às ruas juntas, não só no 8 de Março, mas sempre.

Em 2015 sairemos às ruas de novo. Sairemos para passar por cima do cadáver de Eduardo Cunha e exigir aborto legal e seguro para todas, sairemos para dizer ao Bolsonaro que ninguém merecer ser estuprada. Sairemos para reafirmar que não nos calaremos nunca. Que chegou a hora dos machistas se calarem. O rumo da história mudou, e agora caminha para o empoderamento das mulheres, por isso, não podemos vacilar: podemos avançar e obter mais vitórias, sem medo de ir às ruas e marchar lado a lado, com todas as mulheres, por todas as mulheres. Venceremos!

[1] http://www.sul21.com.br/jornal/mais-de-60-das-mulheres-brasileiras-se-dizem-feministas/

Fabiana Lontra é militante da Juntas! RS e Coordenadora de Mulheres do DCE UFRGS gestão Podemos!


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