São Paulo vai virar Itu
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São Paulo vai virar Itu

Era final de tarde no vão do Masp, um dos principais cartões postais da Avenida Paulista em São Paulo quando centenas de pessoas chegavam para ouvir especialistas e pessoas como nós, de Itu – SP que já viveram a crise, para se informar sobre a real dimensão do problema.

Mônica Seixas e Pedro Scavacini 25 fev 2015, 13:26
Pedro Scavacini e Monica Seixas
Ontem, dia 24 de fevereiro, aconteceu a primeira aula pública da Aliança Pela Água, organização que reúne 40 instituições, entre ONGS e movimentos sociais, para buscar soluções frente a grave crise de abastecimento de água que o estado de São Paulo deve enfrentar nesse ano. Essa atividade é a primeira de uma série de encontros públicos e de mobilização que a Aliança está programando para 2015.

Era final de tarde no vão do Masp, um dos principais cartões postais da Avenida Paulista em São Paulo quando centenas de pessoas chegavam para ouvir especialistas e pessoas como nós, de Itu – SP que já viveram a crise, para se informar sobre a real dimensão do problema.

Cerca 150 pessoas, em pé, sentadas no chão, ou nas poucas cadeiras que conseguimos disponibilizar, ouviram e debateram sobre o contexto da crise, água e moradia, ocupação e proteção de mananciais, e sobre a criminalização dos movimentos.

Foram 9 falas, e a cada uma, pode-se notar a surpresa nos rostos das pessoas. Gente, que ouvia incrédula a Maru Whately do Instituto Sócio Ambiental e Andréia Bianchi do Coletivo Juntos falarem de um estado que demonstra clara dificuldade de manter o abastecimento das casas e que em breve, a cidade de São Paulo pode entrar em colapso.

O objetivo da aula era trazer representantes de frentes de lutas e movimentos sociais para compartilhar análises e o contexto da situação hídrica de diversas regiões de São Paulo.

Fato é, meus caros, que a água pode sim acabar. Hoje, são cerca de 45 municípios com dificuldades de manter o abastecimento. Araras, Vinhedo, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Campinas, São Paulo.Todas já com relatos de regiões com diversos dias de desabastecimento. O governo admitindo ou não, sabemos que no inverno, época em que chove menos, essas cidades poderão enfrentar dias de aperto.

Este é o momento para estudar, buscar soluções e cobrar o governo do estado para que as medidas necessárias sejam feitas, sempre vinculando ao discurso as pautas de participação popular e estatização total do serviço de saneamento básico.

A privatização do serviço não deve ser vista como solução pelo governo do estado, como esclareci o exemplo de Itu na aula, onde o serviço de saneamento é totalmente privatizado, sem participação popular e, por isso, vivemos a pior crise da história da cidade e viramos referência no estado por conviver meses sem água. Caso de casas que ficaram 3 meses até mais sem ter uma gota d’agua na torneira, amenizado apenas agora com a chuva. Deixou claro que essa política de água como mercadoria não é a ideal.

Por fim, a população não pode mais se acomodar com a omissão dos governantes e tratar essa crise como se a culpa fosse apenas de chuvas e desperdício. É necessário engajamento na luta, conscientização do tema para com a sociedade, cobrar investimentos que não foram feitos, transparência, novas políticas de distribuição, onde garantam agua primeiramente para a população, e não para empresas.

Água tem e deve ser tratada como direito, pois água é isso, um direito fundamental das pessoas. A crise esta aí, batendo na porta da população e sem nenhuma perspectiva de melhora. Este é o momento de ir ás ruas e lutar, pois se a água acabar, São Paulo vai virar Itu.

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Pedro Scavacini e Monica Seixas fazem parte do movimento Itu Vai Parar
Fotos: Mídia NINJA

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