Ser negro/negra é um ato de resistência!
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Ser negro/negra é um ato de resistência!

Poderia ser impossível de imaginar que depois de séculos de história as pessoas ainda pudessem ser incapazes de entender os marcos da escravidão do povo negro. Porém, para alguns, séculos de construção social racista não puderam ser substituídos pelo mínimo de sensibilidade e respeito pelo povo forte e culturalmente rico que somos.

Erick Andrade 18 fev 2015, 12:50

Erick Andrade

Ser negro/negra é um ato de resistência. Nossa cultura e nosso existir foram historicamente negados e condicionados a um status de sub-cultura. Não se pode SER negro, sem que a cor de nossa pele e a expressão de nossa cultura sejam motivos para ridicularizações e atos de racismo desenfreados.

Nas diversas expressões culturais fomos e somos pouco representados. Ainda assim, nossa história e cultura são parte do roteiro de piadas que atacam, objetificam e silenciam nossa vivência e existência.

Lembramos das músicas que dizem que nosso cabelo é “ruim”, dos livros e revistas que nos ensinam a odiarmos nosso nariz ou dos programas de tv que hipersexualizam as mulheres negras, que ridicularizam nossas religiões, que criminalizam nossas expressões culturais, etc.

Tem alguns que acham graça no tronco e na senzala, como a TV Globo. A Globo provou mais uma vez que ri da escravidão. No ultimo dia 12 foi ao ar o programa de “humor”, comandado por Marcelo Adnet, “Tá no ar: A TV na TV”, com um quadro chamado “Escravas Bahia”. O quadro mostrou um mercador de escravos, que anunciava “Não compre escravos hoje, só amanhã. Na Escravas Bahia você compra um negro de engenho e leva uma ama.”

Não pode ser incapacidade cognitiva, é incapacidade de ser sensível com a dor e o sofrimento de um povo. Fomos tirados de nossa terra, vendidos como objetos, obrigados a trabalhar sob ameaça de chibatada no tronco, para enriquecer os senhores de engenho, brancos, jamais ridicularizados neste tipo de “humor”, este que ataca o oprimido e jamais o opressor.

Poderia ser impossível de imaginar que depois de séculos de história as pessoas ainda pudessem ser incapazes de entender os marcos da escravidão do povo negro. Porém, para alguns, séculos de construção social racista não puderam ser substituídos pelo mínimo de sensibilidade e respeito pelo povo forte e culturalmente rico que somos.

Jamais nos foi tirado, entretanto, nossa força para lutar. Não por não terem tentado, mas por resistirmos! E continuaremos resistindo! Por todos os Zumbis, por todas as Dandaras. Por todos os Amarildos e todas as Claudias. Seguiremos Juntos na luta pelo direito de SER e EXPRESSAR negritude!

Erick Andrade é militante do Juntos Negros e Negras e do Juntos DF

 


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