26-M: uma vitória importante, um caminho que começa a se abrir
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26-M: uma vitória importante, um caminho que começa a se abrir

A convocação de um dia nacional de luta, reunindo estudantes, docentes e servidores foi um sucesso. Foram registradas mais de cem concentrações, em cerca de 80 cidades entre 22 estados e o Distrito Federal.

Em memória aos 43 de Aytoznapa, na semana de seis meses de seu desaparecimento

Em memória a Edson Luis, mártir da juventude brasileira, na semana de 47 anos de seu assassinato pelos covardes da ditadura.

A convocação de um dia nacional de luta, reunindo estudantes, docentes e servidores foi um sucesso. Foram registradas mais de cem concentrações, em cerca de 80 cidades entre 22 estados e o Distrito Federal.

 Em defesa do legado de Junho

 As jornadas de junho de 2013 marcaram uma virada. A partir dela o método das ruas voltou a ser o principal meio de alcançar vitórias e defender mudanças. A juventude foi o setor protagonista das mobilizações que pararam o país em 2013. De lá para cá, lutas se radicalizaram. Os trabalhadores enfrentaram seus sindicatos pelegos, construíram grandes e vitoriosas greves e seguirão dando a tônica da mobilização como o caminho para vencer. Travamos importantes batalhas, mas faltou à juventude uma ação organizada capaz de seguir dando vazão a indignação e a luta por mais direitos. O dia 26 de março – dia nacional de luta em defesa da educação – marcou o primeiro passo nesse sentido.  A confusão criada pela entrada em cena de setores descontentes dirigidos pela direita e pela Rede Globo, no ato do dia 15 de março atualizou a necessidade de uma expressão autêntica da juventude, do movimento estudantil e dos trabalhadores. A ação organizada pelo governismo no dia 13 de março foi uma demonstração burocrática de que a direção majoritária da UNE não tem mais condições de defender um governo repudiado pela ampla maioria da população.

2015 começou com um grande plano de ajustes orquestrado por Dilma e Levy. O lema da “Pátria Educadora” não demorou muito a entrar em contradição. A educação foi uma das áreas mais atingidas pelo corte. De norte a sul do país, os estudantes sentiram o impacto. Restaurantes universitários fechados, pagamento dos terceirizados atrasados, assim como bolsas de permanência e de pesquisa. Chegando ao caso mais emblemático: a não renovação das bolsas do FIES, atingindo em cheio mais de 1milhão e 900 mil estudantes.

O plano de ajustes de Dilma é colocar a conta da crise nas costas do trabalhador e da juventude, com retirada de direitos e cortes. Nossa resposta deve ser avançar na luta por mais direitos. Queremos taxar os ricaços para investir mais na educação pública. O acesso à educação não é um favor e nem um privilégio, estudar é um direito.

Defender o legado de Junho é disputar o método das ruas. É lutar contra a nova direita que busca levantar a cabeça tentando propor o indefensável como a volta dos militares.

Defender a ocupação das ruas como um método da esquerda para avançar na conquista de direitos!

Reivindicando o método das ruas e a história do movimento estudantil combativo quase todas as capitais e grandes cidades do Brasil organizaram ações em defesa da educação no dia 26 de março. Milhares de estudantes entraram em movimento contra os cortes da educação e pela liberação do FIES para garantir aos estudantes a conclusão de seus cursos. De norte a Sul, de Santarém à Pelotas, dezenas de atos unitários entre professores e estudantes como nas greves do Pará, São Paulo e Amazonas.

Destaque para Porto Alegre e Brasília. Na primeira cidade, 4 mil estudantes tomaram as ruas em defesa de seus direitos. Em Brasília a força da mobilização nacional arrancou uma reunião com o Ministério da Educação para que os estudantes pudessem apresentar suas reivindicações. O governo se comprometeu a renovar todas as bolsas do FIES até o final de abril. Seguiremos em mobilização para garantir essa conquista.

Na USP e na UFRN, o restaurante universitário foi ocupado pelos estudantes e funcionários durante o horário do almoço. Na Unifesp, a manifestação marcou a continuidade da greve que paralisa 100% das atividades acadêmicas. Uma caminhada no centro do Rio levou a unidade entre secundaristas do Pedro II e a vanguarda lutadora das universidades públicas. A PUC-MG teve atos nos seus vários campus. O corredor universitário da Vergueiro conheceu uma manifestação dos indignados contra a política desastrosa do governo para o FIES.

A multiplicidade dos atos foi a demonstração de que esse primeiro passo foi acolhido por amplos setores que querem lutar.

 Os secundaristas entram em cena

Em Porto Alegre, a mobilização do #26M foi protagonizada pelos estudantes secundaristas. Como não acontecia desde o movimento pelo impeachment da governadora Yeda Crusius (PSDB) em 2009, os estudantes das escolas estaduais saíram para a rua aos milhares para denunciar os cortes na educação. Em São Paulo, construíram atos em apoio à greve dos educadores. Nas duas cidades, as uniões municipais se aproximaram da oposição de esquerda na mobilização para o Dia Nacional de Luta da Educação.

Um ato por fora das direções governistas

 Outra característica muito importante foi a força de uma articulação que passou por fora das direções governistas do movimento estudantil e dos setores majoritários da UNE e da UBES. Tal articulação, ilustrada por um manifesto amplo e plural, garantiu um ato na data histórica do Movimento Estudantil brasileiro, sem contar com a presença das principais correntes governistas a UJS e a DS/Kizomba e sem também outros movimentos auxiliares, como o Levante Popular da Juventude.

Precisamos seguir com a iniciativa dessa articulação, apesar de que muitos setores poderiam ter se empenhado mais na construção do 26-M, onde os próprios fatos falam por si.

O Juntos! e os demais setores estudantis que construíram o dia nacional de luta em defesa da educação, são parte dos que constroem nas universidades a luta por um movimento estudantil radicalmente democrático. Para virar a UNE do avesso, queremos convocar todas as lutas da juventude a estarem presentes no Congresso da UNE que acontecerá entre os dias 3 e 7 de junho. É com a força da mobilização que poderemos derrotar a burocracia pelega que se instalou na entidade.

As eleições de importantes DCE’s como o da USP, da PUC-RS e da Federal do Pará serão momentos de embate político e ideológico dos diferentes projetos que tem peso no movimento estudantil hoje em dia.

Cercar de solidariedade as greves da educação em curso

Precisamos dar continuidade para o triunfo do dia 26. Existem várias greves de professores estaduais acontecendo ou se gestando. Vamos jogar nossas forças nos estados para que o movimento estudantil possa rodear de solidariedade os professores e funcionários que estão em luta, sobretudo em São Paulo e no Pará. A derrota da CUT na assembleia dos professores do Rio Grande do Sul também indica que a luta anti-governista pode unir os setores do sindicalismo da educação com a ala avançada da juventude.  Respondemos também ao chamado do MTST em convocar a marcha contra o ajuste e a direita no dia 15 de Abril. E seguimos acompanhando o calendário geral das lutas para unir as pautas e construir pontes.

A greve dos estudantes da UNIFESP também deve ser tomada como um exemplo nacional para o ME.

O escracho contra Eduardo Cunha, realizado na ALESP, pelo JUNTOS e entidades de Direitos Humanos, também é parte desse processo. Uma das tarefas do Movimento Estudantil é unir a luta contra os cortes, por mais investimentos e qualidade na educação com a luta por mais direitos e contra o retrocesso. Por isso nossa agenda deve incorporar as campanhas pelo aborto, em defesa dos direitos LGBT’s e contra a redução da maioridade penal.

Em cada curso uma assembleia, em cada universidade uma trincheira!

 O próximo passo de um 26M tão vitorioso é seguir organizando nossas lutas nas universidades. Fazer de cada curso uma Assembleia, de cada universidade uma mobilização! É muito importante escutar a todos estudantes, evitando os vícios verticais de parte do movimento estudantil; a democracia é uma ferramenta para dar unidade e voz para as demandas. O novo ministro da Educação já começa sua gestão com uma série de reivindicações urgentes. Nosso dever é exigir o atendimento imediato delas: FIES, crise do Pronatec, problemas estruturais nas Federais, entre vários.

Precisamos unificar a luta estudantil com a luta dos trabalhadores e construir um grande junho da educação. Os professores do Paraná apontaram o caminho: unidade, mobilização e paralisação. Para derrotar o plano de ajuste a nível nacional construir em unidade uma greve geral de 24 horas nas universidades para o final de abril.

Concluímos orgulhosos de sermos parte desse novo momento do movimento estudantil brasileiro. Nossa militância esteve jogada em âmbito nacional para garantir o sucesso do 26-M. Repetimos nosso chamado para quem quer mudar a educação brasileira e conquistar mais direitos: CONVOQUE SUA LUTA!

Grupo de Trabalho Nacional do JUNTOS, 29 de Março de 2015.


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