Convoque sua luta!Construir o 26/03 como Dia Nacional de Luta pela Educação
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Convoque sua luta!Construir o 26/03 como Dia Nacional de Luta pela Educação

Como resposta imediata da juventude, faremos no próximo dia 26 o “Dia Nacional de Lutas da Educação” em todas as 27 capitais do país, data que relembramos nossos mortos (Edson Luis) e insuflamos toda a nova geração a saírem às ruas contra os cortes na educação.

12 mar 2015, 14:55

Convoque sua luta!Construir o 26/03 como Dia Nacional de Luta pela Educação 

Vivemos no Brasil uma grave crise econômica que ameaça não só o presente, como também o futuro da juventude brasileira. A austeridade nos orçamentos do governo atingem diretamente as áreas sociais e, ironicamente, a pasta da Educação foi a que sofreu o maior corte na “pátria educadora”. O governo Dilma, através de seu superministro Levy, suprimiu direitos trabalhistas com medidas duríssimas, atacando principalmente aqueles mais vulneráveis como os jovens trabalhadores e estudantes, dificultando o recebimento de alguns auxílios como o seguro-desemprego e pensões, expressos nas MP’s 664 e 665.

No âmbito da política, os diferentes partidos são parte de uma mesma casta, fazem parte do mesmo “sistema”. Financiamento privado de campanhas, a “Lista Janot” com os nomes dos políticos que serão investigados na CPI da Petrobras, lista do “Swissleaks” com os nomes dos envolvidos no escândalo do HSBC, etc – todos os velhos partidos da ordem estão com o pé na lama.

E a maior expressão da velha política permanece sentada na presidência das duas casas legislativas do país. Eduardo Cunha e Renan Calheiros, ambos do PMDB, são a continuação do poder das velhas oligarquias retrógradas dentro do governo. E eles ainda riem da cara do povo, ou “cagam e andam”, como disse um dos réus da CPI da Petrobras, o vice-governador da Bahia, João Felipe de Souza Leão, do PP, o mesmo partido do Bolsonaro.

Mas enquanto o povo, os 99%, continuam tendo seus direitos atacados; as elites, o 1% da sociedade, fazem de tudo para manter seus lucros e privilégios (os bancos nunca lucraram tanto, mesmo com a economia estagnada), explorando cada vez mais os trabalhadores que não têm outra alternativa se não ir à luta.

E não faltam indícios de que esses grandes milionários estejam envolvidos com diversos mal-feitos: não só as empreiteiras envolvidas no caso da Petrobras e o agronegócio com seu trabalho escravo, mas também um grande número de “ricaços” como o Eike Batista, que responde processo por uso de informação privilegiada, ou as mais de 300 pessoas investigadas pela Receita Federal por manterem contas na sede em Genebra do HSBC, com indícios de lavagem de dinheiro e evasão fiscal, como Jorge Barata, empresário de ônibus e um dos grandes barões do transporte público no Rio de Janeiro. Não eram só pelos 20 centavos!

Os de baixo não podem pagar pela crise dos de cima! Trabalhadores e juventude precisam estar juntos para lutarmos por nossos direitos!

A educação brasileira na UTI

A crise chegou com força na educação. O corte de 30% no orçamento do MEC tem causado diversos problemas nas universidades públicas, federais e estaduais, e até mesmo nas particulares. Universidades federais como a UFMG já não pagam a conta de água e luz há 3 meses. A UFRJ já adiou o inicio das aulas pelo menos duas vezes por conta da falta de repasse nas verbas. E a UFRGS suspendeu até mesmo o “bandejão”, cortando a alimentação dos estudantes.

As universidades estaduais não estão distante disso. As paulistas USP, UNICAMP e UNESP já receberam a noticia do corte de cerca de R$ 203 milhões no orçamento deste ano. No Rio de Janeiro, a UERJ demitiu vários funcionários terceirizados e adiou o inicio das aulas novamente. Em algumas delas já se anuncia um movimento de greve dos trabalhadores.

As universidades privadas, para manter os altos lucros dos “tubarões do ensino”, aumentaram as mensalidades em cerca de 9% neste ano. Além disso demitiram dezenas de professores, como no caso das PUCs de São Paulo e Minas Gerais. Com o aumento das mensalidades, muitos estudantes perderam suas bolsas do FIES e do Pro-uni, acabando assim com o sonho de uma formação acadêmica de milhares de jovens por todo o Brasil.

Pra além disso, as bolsas de monitoria, assistência estudantil, ensino, pesquisa e extensão foram reduzidas drasticamente; fora os atrasos constantes da liberação de verbas das fundações de fomento à pesquisa.

Essa é a situação em 3 meses de Ministério da Educação nas mãos do Cid Gomes, o ministro que afirmou que professores deveriam trabalhar “por amor”. Não tem mais como a presidenta Dilma dizer que a crise passará rápido e teimar em esconder o quadro calamitoso da nossa “pátria educadora”.

A rebelião do Paraná colocou as “coisas no lugar”

Em fevereiro, notícias de uma alternativa de saída para crise vieram do Paraná.  A luta no estado tem contornos importantes para a compreensão da conjuntura: foi o primeiro estado onde o governo estadual apresentou um pacote de medidas de austeridade – um “pacotaço” – onde havia medidas de ajustes fiscais, econômicos e previdenciários. Além disso, a falta de repasse de verba para as universidades estaduais coloca em risco a universidade pública e gratuita, um verdadeiro modelo de desmonte de um bem público. Em contrapartida, foi lá no Paraná a primeira resposta do movimento de massas.

A greve geral do funcionalismo público estadual teve proporções gigantescas, e foi impulsionadas principalmente pelos professores. A greve conseguiu paralisar todo o estado, tendo seu ápice na ocupação da Assembleia Legislativa que forçou a retirada do pacotaço da pauta de votações da casa, ao mesmo tempo que proporcionou uma imagem histórica: os deputados saindo de camburão com medo do povo. A rebelião que ocorreu no estado deve ser nossa referência de luta

Mas esse inicio de 2015 nos reservou várias outras episódios de lutas memoráveis: iniciamos o ano lutando contra o aumento das tarifas de ônibus em todo o país, passando por diversos movimentos autônomos contra o aumento da gasolina, energia e água. Um verdadeiro “tarifaço” que caiu na conta dos trabalhadores e da juventude. Tivemos ainda as demissões dos trabalhadores da Volks e da GM no interior de São Paulo, que também deram exemplo da organização dos trabalhadores.

Nesse contexto, o Juntos teve papel de protagonista em diversas lutas. Emparedamos o Secretario da Casa Civil, Miguel Rosseto, durante a Bienal da UNE; e recentemente o próprio ministro da Educação teve que ouvir dos paraenses aquilo que todos os estudantes do país queriam lhe dizer. Ambos tiveram de “descer do salto”  ao serem contrariados.

Mas, sem dúvidas, a maior vitória veio da aliança operário-estudantil, um acerto político que tivemos ao acompanhar de perto e dar todo o apoio aos trabalhadores do COMPERJ, que acabam de garantir uma imensa vitória – mesmo sem o apoio da direção do sindicato pelego – nos colocando em um outro patamar de maturidade.

O ato público durante a Bienal da UNE nos colocou como referência para um segmento de jovens trabalhadores, operários que tiveram seus direitos cerceados. A partir daquele momento nossa relação com eles se ampliou, ao ponto de mesmo sem estarmos presentes, eles carregarem a nossa bandeira para os diversos atos, em especial, no fechamento da ponte Rio-Niterói.

O exemplo dos trabalhadores do Comperj deve ser seguido. Mas precisamos ir além! O próximo dia 12 em Porto Alegre será nosso ensaio geral. A unidade de todos os setores organizados, trabalhadores e juventude, vai ser o primeiro passo para a construção pelas bases de um caminho para a construção de uma grande greve geral no país. Dia 12 em Porto Alegre será o começo de uma longa jornada.

Nem a Direita nem o PT: a juventude e o povo no poder

E ao mesmo tempo em que estamos no momento de grande instabilidade política, os agentes do conservadorismo e do fascismo brasileiro também se movem para dar uma saída pela direita. Eles já têm seus representantes dentro do governo, na oposição e também fora da política institucional, como nos grandes grupos de mídia.

As pesadas e absurdas incidências de notícias como a do ator Alexandre Frota, que assumiu ter cometido um estupro em rede nacional no programa do Rafinha Bastos, mostra que eles começam a não se intimidar com a opinião pública. E ainda temos as intempéries cotidianas de Bolsonaro, Feliciano, Cunha e outros, com relação às liberdades democráticas.

A partir disso, os governistas perderam sua legitimidade. A lista dos 54 investigados no escândalo de corrupção da Petrobras foi um grande baque ao regime. O PP, partido de Bolsonaro, e que faz parte da base aliada do governo, é o maior envolvido no escândalo, tendo quase metade da sua bancada recebido propina da estatal. O histórico PMDB também não poderia ficar de fora do escândalo, tendo seus principais representantes (Renan Calheiros, Eduardo Cunha,  Eduardo Paes, Sérgio Cabral e Pezão) indiciados por recebimento de dinheiro ilícito. Assim como o representante da ética tucana, Antonio Anastasia do PSDB,  que também foi citado no inquérito e terá que responder sobre seu envolvimento. Por isso, nem o chamado do 13 e nem o do dia 15 nos representa.

O “Sistema” está podre! Precisamos dar um grande “FORA A TODOS OS CORRUPTOS!” e virar do avesso a política brasileira. Essa é nossa tarefa imediata.

Construir o Junho da educação! Unir as lutas para derrubar o ajuste e os cortes!

Como resposta imediata da juventude, faremos no próximo dia 26 o “Dia Nacional de Lutas da Educação” em todas as 27 capitais do país, data que relembramos nossos mortos (Edson Luis) e insuflamos toda a nova geração a saírem às ruas contra os cortes na educação.

Junto a isso, promoveremos neste mês o escracho contra os corruptos para, dessa forma, evitar que mais um grande escândalo de corrupção acabe em “pizza”. Que cada regional escolha seu alvo e proponha ações que possam estabelecer um diálogo com a população que, de forma legítima, está indignada com a política. A partir disto, construiremos em Abril uma greve geral de 24 horas nas universidades e escolas, aliada a todas as categorias como resposta unitária de saída da crise.

É possível quebrar o ajuste! É possível repetir JUNHO! Essa é a nossa consigna.

Bandeiras para a juventude:

1- Nenhum centavo a menos para as universidades. Tirem dos ricaços e invistam na educação!

2- Nenhum corte no FIES! Que nenhum estudante tenha que abandonar sua matrícula ou que assumir dívidas por causa do atraso no financiamento. A culpa é do governo e não do estudante

3- Passe-livre para toda a juventude

4- Por mais direitos: legalização do aborto, regulamentação da maconha, aprovação do casamento civil igualitário e aprovação da Lei de Identidade de Gênero.

5- Abaixo a repressão. Fim da perseguição aos ativistas. Desmantelamento da polícia secreta, da P2 e da ABIN. Desmilitarização da polícia. Fim das chacinas e do genocídio contra juventude pobre e negra.

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