Minha negritude
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Minha negritude

E desta maneira sigo os meus dias lutando, pois desde que do ventre de mima mãe sai, faço parte de uma historia de homens e mulheres que tiveram e têm que batalhar de maneira ininterrupta para suportar a vivencia em uma sociedade preconceituosa e racista.

Eduardo Silva 25 jun 2015, 11:40

 

Segundo a biologia aquilo que produz minha coloração de pele é a melanina e é por causa deste pigmento existente em todas as etnias e que em mim está mais concentrado na pele que sou considerado negro.

Entretanto esta afirmativa biológica é efêmera para explicar de maneira fidedigna o porquê de minha negritude, pois não sou negro apenas por causa de um simples pigmento: Minha negritude vai alem dos fatores biológicos.

Sou negro por que meus ancestrais foram trazidos para o Brasil em navios negreiros, foram tratados de maneira desumana durante séculos nesta terra, e após o fim do período escravagista não tinham nada alem das marcas físicas e psicológicas em suas vidas e, conseqüentemente, aqui permaneceram para reconstruir a vida que lhes foi arrancada de maneira abrupta por seus algozes.

Em minha pele habitam os gritos silenciosos dos negros na senzala, as lagrimas produzidas pelas mães negras durante a noite, o sofrimento diário de uma população maravilhosa que foi reduzida a servidão e teve seu amor próprio dilacerado por açoites. Sou, portanto, filho de uma liberdade almejada durante anos por aqueles que não a puderam sentir, de homens e mulheres que tiveram seus sonhos destruídos e que em suas preces suplicavam por misericórdia ao senhor deus dos desgraçados.

Assim sendo, minha negritude é por si um ato de resistência, um brado de liberdade em meio às correntes da opressão que hoje não estão mais visíveis, mas que permanecem existentes na manutenção do racismo da atual sociedade.

Desta maneira quando olho no espelho, não vejo apenas pigmento, vejo a militância ambicionada por aqueles que não tiveram a oportunidade de lutar por seus direitos. Vejo a personificação do desejo por liberdade transforma em cor.

E desta maneira sigo os meus dias lutando, pois desde que do ventre de mima mãe sai, faço parte de uma historia de homens e mulheres que tiveram e têm que batalhar de maneira ininterrupta para suportar a vivencia em uma sociedade preconceituosa e racista, que se esconde debaixo de desculpas esfarrapadas ao invés de combater este mal social chamado racismo.

Conseqüentemente declaro em uníssono som para quem desejar ouvir : Aqui está minha negritude, eis aqui quem sou, orgulhosamente NEGRO!


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