O salto de qualidade que não aconteceu no ano das Olimpíadas
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O salto de qualidade que não aconteceu no ano das Olimpíadas

Enquanto a política de contenção de gastos recair sobre as políticas públicas e não pudermos decidir sobre o futuro dos orçamentos estaremos fragilizados. Porém, precisamos nos organizar para barrar novas medidas antipopulares enquanto a elite política desfruta de seus privilégios.

Samir Mohr 9 jan 2016, 11:55

O que já não era bom ficou pior. Com o anúncio da extinção da Fundação de Esporte e Lazer do Rio Grande do Sul, a FUNDERGS, abrimos o ano das Olimpíadas com um belo gol contra. Diminuem-se às leis de incentivo, desmotiva-se equipes técnicas, enfraquece projetos existentes, debilita a já fragilizada inclusão social que o esporte tanto tem a contribuir com essa péssima notícia. É fato que temos dificuldade para incentivar a prática esportiva no país e inclusive PT e PCdoB administraram de forma questionável a Copa do Mundo (basta olhar para os efeitos colaterais que o famoso 7×1 causou: ondas de insatisfações populares e um legado de obras ainda inacabadas).

O fato é que o esporte em nosso país virou uma moeda de troca entre políticos e empreiteiras envolvidas em escândalos de corrupção para a construção de grandes obras, enquanto a prática esportiva não recebe incentivos reais. A recente votação na Câmara dos Deputados do RS sinaliza que a velha política não quer preparar um circuito favorável para melhores atuações e acabam, por opção econômica, colocando o RS na rota dos estados que abrem mão do lazer e do esporte para pagar a conta de uma crise que não foi criada pelo povo. Num mundo onde diariamente trabalhamos e pagamos altos impostos para ver projetos sociais em prática não podemos aceitar calados medidas como essa. Pois bem, inclusive cabe a crítica que deve-se optar por profissionais com experiência na área para gerir programas e eventos esportivos e não políticos “matemáticos”, que sempre darão um jeito de manter seus privilégios.

A ferida não é pequena. Como se preparar para os desafios que se aproximam? Em um momento de crise econômica e com a alta da violência urbana o que faremos com os jovens que buscam educação, lazer e esporte? As promessas do esporte brasileiro serão relegadas a sorte de serem encontradas por olheiros em praças como aconteceu com Daiane dos Santos? Fato é que os atletas gaúchos seguirão na batalha por apoios e seguindo em frente com mais dificuldades. Enquanto isso observa-se o modo inexperiente do Secretário Juvir Sossela (PMDB-RS) em gerir recursos e oportunidades que seu cargo de Secretário do Turismo, Esporte e Lazer dispõe. O tipo de retorno que teremos ainda não se sabe. Não só o estado perde, mas também o país. O que sabemos é que as especificidades de não contarmos mais com a Fundergs se tornam secundárias diante de um cenário inconstante onde o grupo que define o que existe ou o que não existe é formado por políticos que querem manter seus privilégios em detrimento do bem-estar de milhões.

Não podemos esquecer que a vida é feita de sonhos e não de contenção de investimentos. O suor nos motiva e a dor já não abala. Somos humanos que querem oportunidades e medalhas… podem esquecer que aceitaremos apenas migalhas. Seguimos por mais.

Samir Mohr é Coordenador de Esportes do Diretório Central da UFRGS, Atleta da Equipe de Voleibol da Universidade e Militante do Juntos RS


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