Manifesto: Eu Apoio a legalização do aborto!
Para fortalecer a campanha, tivemos a ideia de criar um Manifesto com um texto que refletisse as necessidades das mulheres brasileiras. Dialogamos com algumas importantes figuras do feminismo e intelectuais para sintetizar as nossas reflexões e demandas, que estão expressas no texto abaixo.
A campanha ‘Eu apoio a legalização do aborto’ superou os 50 mil usuários no facebook. Essa marca expressa a força do atual momento do feminismo no Brasil, a necessidade de conquistar um direito fundamental da mulher – que infelizmente é tratado com muita hipocrisia e desinformação – e a oportunidade que temos de avançar na sua compreensão e legislação.
Para fortalecer a campanha, tivemos a ideia de criar um Manifesto com um texto que refletisse as necessidades das mulheres brasileiras diante da epidemia do Zika vírus e da calamidade que representa o aborto clandestino no país. Dialogamos com algumas importantes figuras do feminismo e intelectuais para sintetizar as nossas reflexões e demandas, que estão expressas no texto abaixo.
Em 06/03, em São Paulo, faremos uma atividade de lançamento deste manifesto, com a presença de das mulheres que o constroem, aberto a todos as interessadas e interessados, para dialogar com as mulheres que têm se sensibilizado e se envolvido com o tema. Agradecemos a adesão e o apoio das nossas companheiras que assinam o manifesto e de todas as mulheres que estão usando o filtro da campanha, e convidamos todas para aderirem ao manifesto (segue abaixo) e a participarem do calendário do Dia Internacional de luta da mulher.
Beijos,
Sâmia.
Manifesto: Eu Apoio a legalização do aborto!
A pauta da legalização do aborto é histórica do movimento feminista. Porém, há momentos em que o debate sobre o tema ganha mais força, e que extrapola os limites do próprio movimento. Estamos vivendo um destes momentos, pois estamos em meio a uma grave crise de saúde pública no Brasil, escancarada pela epidemia de Zika Vírus e pelo completo descaso e despreparo com o qual o Ministro da Saúde Marcelo Castro (PMDB-PI) e todo o governo vêm tratando do tema.
Por isso, acreditamos que é um momento fundamental para que a sociedade se abra para debates francos, livres de hipocrisias, encarando com responsabilidade a triste sina a que são condenadas as brasileiras pobres, de um país que historicamente abandona as mulheres à própria sorte, sem acesso à informação, apoio e serviços e sem direito de decidir sobre a maternidade.
As ocorrências de zika vírus estão associadas à pobreza. O mosquito transmissor Aedes aegypti se desenvolve nos locais onde as condições sanitárias são mais precárias, onde vivem mulheres pobres. A lógica da maternidade compulsória e as consequências do aborto ilegal no Brasil recaem justamente sobre estas mulheres, de muito baixa renda, que não têm acesso a uma rede de saúde de qualidade, a maternidades públicas, creches, escolas e profissionais preparados, emprego e rendas dignos. Elas são as grandes vítimas do aborto clandestino, pois recorrem a meios inseguros para conseguir interromper a gestação, visto que não têm condições financeiras para ter acesso a clínicas particulares.
Diante desse cenário, a antropóloga Débora Diniz está movendo uma ação no STF para que o Brasil amplie sua legislação relativa ao aborto e aos direitos sexuais e reprodutivos. O projeto leva em consideração três aspectos: 1) Exigir do governo medidas eficientes sobre o combate à epidemia; 2) Respeitar o direito da mulher de escolha; 3) Garantir uma vida digna e com direitos garantidos para as mulheres que escolherem prosseguir com a gravidez. A ação reafirma a autonomia da mulher, cobra responsabilidades do Estado, exigindo a garantia de direitos tanto para a mulher que decide prosseguir quanto para a que decide interromper a gravidez.
Nós, que assinamos este manifesto, apoiamos esta ação movida no STF. O poder público precisa garantir o direito de escolha, à saúde e à dignidade dessas mães e filhos. Apoiamos também a legalização do aborto no Brasil. São aproximadamente 1 milhão de mulheres que abortam todos anos no Brasil. E a cada dois dias uma mulher morre em decorrência do aborto clandestino, sendo a 4ª maior causa de morte materna do país. Pelo direito à escolha; para que o poder público forneça todas as condições necessárias para que as mulheres que optarem pela maternidade; para que nenhuma brasileira mais tenha que morrer em clínicas clandestinas ou em casa, desamparadas e com medo. Neste Oito de março, dia internacional de luta das mulheres, lutamos pela legalização do aborto. Pela vida das mulheres.
Para assinar, é só preencher o formulário AQUI!
Já assinam:
Carol Patrocínio
Débora Diniz – Instituto Anis
Djamila Ribeiro
Fernanda Melchionna
Lola Aronovich
Luciana Genro
Marcia Tiburi
Manoela Miklos – #AgoraQueSãoElas
Nana Queiroz – Revista AZMinas
Rosana Pinheiro-Machado
Rosângela Aparecida Talib – Católicas pelo Direito de Decidir
Sâmia Bomfim – Coletivo Juntas
Stephanie Ribeiro
Yasmin Thayna, cineasta e diretora do Kbela
Maíra Kubik Mano – Professora UFBA e colunista da Carta Capital
Heloisa Buarque – Professora FFLCH- USP
Maíra T Mendes – Professora UESC
Annie Hsiou – Professora FFCLRP-USP
Linnesh Ramos – Professora UEFS
Marcela Rufato – Professora UNIFAL
Lucília Daruiz Borsari – Professora do IME-USP
Suzana Salém Vasconcelos – Professora do IF-USP
Elaine Martins Moreira – Professora UFRJ
Katianny Santana Gomes Estival – Professora UESC
Daniela Galdino – Poeta e docente da UNEB
Beatriz Bissio – Professora IFCS-UFRJ
Eloísa Martín – Professora IFCS-UFRJ
Mylene Mizrahi – Professora IFCS-UFRJ
Anna Marina – Professora IFCS-UFRJ
Bila Sor – Professora IFCS-UFRJ
Karina Kuschnir – Professora IFCS-UFRJ
Maria Barroso – Professora IFCS-UFRJ
Janaina Bilate – Professora ESS-UNIRIO
Milene Ávila – professora da UESC
Lara Nasi – Professora Unijuí
Luana rosário – professora UESC
Monica Tavares – Professora USP
Joana Salém Vasconcelos, historiadora e doutoranda pela USP
Renée Avigdor, doutora em Sociologia pela USP
Ana Tanis, psicóloga e professora de Ensino Fundamental
Ana Rosa Abreu, diretora de educação do Instituto Vladimir Herzog
Bruna Pastore, psicóloga e professora de Educação Infantil
Sandra Muñoz, Marcha das Vadias-Salvador