Pelo direito de entrar na universidade: Adia, MEC!
Adia, MEC!

Pelo direito de entrar na universidade: Adia, MEC!

Exigimos o adiamento do Enem, em respeito às normas sanitárias de distanciamento, e em defesa do direito de todos e todas estudantes de entrar na faculdade!

1 abr 2020, 16:00

Na tarde desta terça, o ministro da Educação Abraham Weintraub se pronunciou publicamente sobre uma dúvida que estava na cabeça de milhões de estudantes no Brasil. Depois de ser ventilada pela mídia a possibilidade de adiamento do Enem, por conta da pandemia da COVID-19, assim como tem sido todos os grande eventos no país e no mundo (inclusive com adiamento de vestibulares já confirmados), Weintraub chamou o presidente do INEP para esclarecer que sim, haverá Enem, e no mesmo calendário de sempre. O INEP já divulgou as regras de inscrição para a prova, inclusive, em dois formatos, presencial e digital. Ao se justificar, colocou que os estudantes sairiam prejudicados, mas que “todo mundo sai prejudicado igual”, o que supostamente seria justo.

O que Weintraub – que já se mostrou um inimigo da educação pública no ano passado, quando foi o protagonista da tentativa de cortes às universidades e da verdadeira esculhambação que fez com o último ENEM – ignorou é que a situação de um estudante de uma escola pública, que mora na periferia ou no campo, é muito diferente daquela de um estudante de escola particular e das grandes cidades. Se a desigualdade no acesso à universidade que o Enem representava já era marcante antes da crise do coronavírus, essa desigualdade agora se aprofunda

Com as escolas aderindo à política de isolamento social, uma política necessária para salvar vidas, e cancelando as aulas, muitos governadores de estado colocam a educação à distância como uma alternativa para “suprir” o conteúdo que os estudantes não estão recebendo em sala de aula. Mas além dos problemas pedagógicos com esse método, muitos estudantes não conseguem ter acesso à internet para acompanhar as aulas. Quando os governadores lavam as mãos deste problema, e comprometem o acesso à educação de muitos jovens, é impossível que um ministro da Educação diga que esses jovens vão ter as mesmas dificuldades com o Enem do que os que não tiveram esse problema.

Seria esperado das autoridades brasileiras que se responsabilizassem por esse estudantes, mas, infelizmente, o contexto no governo Bolsonaro é de ataque à escola pública e ao direito à educação, se aproveitando deste momento de exceção para aprofundar seus ataques. Os desastres na inscrição do SISU no começo do ano já foram um sintoma do projeto de desvalorização da educação pública que o governo Bolsonaro e seus ministros vêm tocando. Agora esse projeto se consolida quando distancia milhares de estudantes da possibilidade de se preparar para o exame que pode levá-los ao ensino superior. Nós do Juntos exigimos o adiamento do Enem, em respeito às normas sanitárias de distanciamento, e em defesa do direito de todos e todas estudantes de entrar na faculdade!

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