Permanecemos mais Juntos do que nunca
Juntos SP

Permanecemos mais Juntos do que nunca

Ao lado dos trabalhadores e trabalhadoras da saúde, faremos do nosso luto diário a chama que vai incendiar um novo futuro nesse país.

Fabiana Amorim e Julia Maia 4 maio 2020, 15:53

O isolamento virou o novo normal de muitos jovens que vivem em coletivo nas escolas, universidades e têm o movimento estudantil como o ponto de encontro de seus sonhos. Com a devastação para o nosso povo que têm significado a pandemia do coronavirus, tristeza e a ansiedade invadiram a realidade muitos de nós. Mas num sábado à tarde, logo após o almoço, fizemos a reunião do Grupo de Trabalho Nacional do Coletivo Juntos. No meio de tantas lives e atividades online, alguns espaços ganham ainda mais sentido quando nosso sentimento é de transformação da realidade.

Desde seu surgimento, o movimento Juntos se propõe a ser este ponto de encontro das lutas da juventude e também espaço de fortalecimento entre nós que sonhamos com uma sociedade radicalmente diferente, igualitária, justa e diversa. No dia de ontem (02/05) tivemos a reunião do Grupo de Trabalho Nacional do Juntos, que contou com mais de 110 militantes de todas as regiões do nosso país, a maior que já fizemos em nossos quase 10 anos de história, dando unidade na diversidade de um Brasil continental.

Sob o comando da cearense presidenta do DCE da Universidade do Vale do Acaraú, Maraya Melo, começamos a reunião com duas apresentações artísticas para dar a dimensão sensível e simbólica que significa estarmos juntos nesse momento. “Uma flor nasceu na rua!” e nos abriu os caminhos para lembrar que a vida pode ser bela. Com um poema de Drummond e homenageando Belchior, Lorena Lua de Minas Gerais encantou a todos nós, que não morreremos esse ano. Depois dela, Isa Lenoir também de Minas Gerais em seu violão e doce voz cantou Como o Diabo Gosta, dando o nosso recado aos autoritarismos que se apresentam: devemos sempre desobedecer, nunca reverenciar. Este momento, na semana em que se completou 3 anos da morte de Belchior, resgatou nossa juventude que entende a disputa do futuro começa agora, no vivo e cheio de nervos, tempo presente.

Após essa abertura, nosso ponto político foi conduzido por mais duas grandes mulheres: Camila Souza, dirigente nacional de nosso movimento que resgatou todos os últimos grandes desafios que nossa geração enfrentou, dando os marcos da disputa política contra o bolsonarismo que por um lado vê sua base se fragmentar, mas por outro se radicaliza entre aqueles que permanecem, colocando na ordem do dia nossa tarefa de derrotá-los e de superar esse sistema capitalista que acredita que algumas vidas valem mais que outras, colocando o lucro acima de tudo; e Viviane Reis, nossa companheira paraense e trabalhadora da saúde que sob os olhos marejados de quem tem visto e vivido os hospitais superlotados, o povo padecendo nas filas da Caixa Econômica e famílias perdendo os seus sem ao menos poder se despedir, nos alerta que é urgente defender aqueles e aquelas que estão na linha de frente.

Depois das aberturas à quente que tivemos, nossa militância de norte a sul do país interviu relatando a diversidade da situação que passa o povo nos estados, com destaque a gravidade do Amazonas, do Pará, das periferias de São Paulo, do Ceará, de Pernambuco e do Rio de Janeiro. Com o esgotamento dos leitos nos hospitais, a defesa da vida dos mais pobres é urgente, pois são esses que estão sendo os mais afetados com essa crise. Com isso, discutimos atualização de nosso programa de emergência para salvar a vida do povo, além da tática necessária do impeachment para a estratégica tarefa de derrotar Bolsonaro e a extrema-direita no Brasil. Mesmo com tantas adversidades da situação que estamos passando, onde muitos de nós perderam familiares e amigos, o Juntos teve diversas iniciativas desde o início da pandemia: com o programa de emergência das universidades aprovamos a Lei que congela o pagamento das dívidas do FIES, a campanha pela renda básica, as campanhas de solidariedade da Rede Emancipa e de nossas entidades estudantis, a defesa dos trabalhadores telemarketing, o #EstamosJuntas contra a violência doméstica, a campanha do #AdiaENEM, a luta contra a implementação do EAD, além do impeachment de Bolsonaro e a defesa cada vez mais urgente do SUS e das universidades públicas.

O futuro segue incerto, mas nós seguimos apostando que dias melhores virão. O mês de maio traz consigo a lembrança de quando fomos milhões de pessoas nas ruas em defesa da educação no ano passado. Essa memória ainda presente em nós, demonstra que temos muita força acumulada para ser a faísca que irá derrotar o irresponsável e autoritário Jair Bolsonaro. No próximo período, seguiremos ocupando as redes e também as lutas em curso; aprofundando nossa formação política a partir da Escola Marx; organizando os estudantes de direito em defesa do impeachment; os de humanas e artes contra os cortes das bolsas CNPq; os de história em defesa da profissão de historiador; e os secundaristas pelo adiamento do ENEM. Nenhum descanso daremos para aqueles que não só querem acabar com nossos sonhos, mas desejam fazer de nossas vidas um pesadelo.
Mesmo que isolados, permanecemos acreditando na potência da nossa força coletiva. De nossas casas, muito temos feito para intervir nesse momento tão difícil que atravessa nosso povo. Nesse sentido, não aceitamos mais que a frente do país esteja aquele que sequer seja capaz de se sensibilizar com os mais de 6 mil brasileiros mortos pelo coronavírus. Ao lado dos trabalhadores e trabalhadoras da saúde, faremos do nosso luto diário, a chama que vai incendiar um novo futuro nesse país. Onde a saúde e a educação públicas sejam valorizadas, onde as vidas valham mais que os lucros e onde possamos voltar a ter esperanças. A disputa por esse futuro já começou. Seguimos mais Juntos e Juntas do que nunca!


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