Nenhum estudante pode ser silenciado por suas opiniões políticas!
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Nenhum estudante pode ser silenciado por suas opiniões políticas!

Todes devem ter o direito de se posicionar, e é no campo do debate político que as diferenças devem permanecer. Prestamos nossa total solidariedade à estudante perseguida por expressar suas opiniões políticas!

Juntos Unicamp 17 mar 2021, 12:33

Estamos no meio do processo de consulta à comunidade acadêmica sobre a próxima reitoria da Unicamp. Recentemente, um grupo de estudantes da universidade se organizou em defesa de uma das chapas que concorre à disputa. Eles foram contrários à posição majoritária do movimento estudantil (ME) de voto nulo no primeiro turno das eleições. Defenderam que deveríamos desde a primeira consulta ter escolhido um dos candidatos. Nós, do Juntos, assim como a maioria do ME, entendemos desde o início do processo que nenhuma das chapas representa o nosso projeto de Universidade pública gratuita e de sociedade. Assim, defendemos naquele momento uma opinião consequente com o histórico de lutas do movimento estudantil, e com o cenário hoje de cortes que passa a educação pública.

Por meio de denúncias, soubemos recentemente que uma das estudantes integrantes do grupo vem sendo perseguida no facebook, grupos, aulas e lives simplesmente por apresentar suas opiniões publicamente. É inadmissível que isso ocorra na sociedade como um todo; ainda mais dentro da Universidade, espaço para a livre manifestação do pensamento. Estamos com ela em seu direito de apresentar suas concepções políticas. Mesmo discordando de suas posições, repudiamos os métodos de coerção a qualquer estudante. Todes devem ter o direito de se manifestar, e é no campo do debate político que as diferenças devem permanecer. Prestamos nossa total solidariedade à estudante! 

Esse momento da discussão de diferentes concepções de universidade é muito importante. E é fundamental que todes es estudantes sejam ouvidos no processo colocando suas compreensões sobre ele. Acreditamos que os debates das diferenças dos programas precisam se dar nos espaços de discussão dos estudantes. As entidades e coletivos precisam também ter total liberdade de aderir a qualquer posição que seja, respeitando sobretudo o debate democrático com suas bases e com os diversos estudantes da universidade. Inclusive, para o segundo turno, queremos discutir amplamente com os estudantes, professores e servidores qual deve ser o Reitor da Unicamp  no próximo período.

Infelizmente, nos dias atuais, a nossa posição de estudantes fica restrita apenas à demarcação pública política. Ou seja, nós não possuímos o mesmo peso de voto que os outros setores da Universidade na hora da consulta à comunidade acadêmica. Ainda, os trabalhadores terceirizados não possuem nem o direito de votar no processo, mesmo sendo um setor fundamental para o funcionamento da Unicamp. Assim, como nas outras estaduais USP, Unesp, além de não decidirmos diretamente por meio do voto quem será o nosso reitor, a decisão fica encarregada para o governador do Estado.

Num momento grave da situação política, sanitária, social e econômica do país acreditamos que o movimento estudantil não pode vacilar no debate político do conteúdo dos projetos. E é preciso fazer os debates da maneira mais democrática possível. Todas e todos os estudantes devem ter o direito garantido de colocarem suas perspectivas sobre o processo e sobre a Universidade que querem. Durante a história sempre fomos os que defenderam o direito à livre expressão do pensamento; contra o obscurantismo de momentos sombrios da política nacional – a exemplo da ditadura civil militar – mas também do autoritarismo atual representado por Bolsonaro.


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