25 anos do massacre de Eldorado de Carajás e a luta constante por justiça e liberdade
Vítimas do massacre

25 anos do massacre de Eldorado de Carajás e a luta constante por justiça e liberdade

Memória para nunca esquecer e justiça para mudar. Para que Eldorado dos Carajás nunca mais se repita e para formar as trincheiras de luta de que precisamos!

Tarsila Amoras 18 abr 2021, 09:41

No dia que se completa 25 anos do 17 de abril de 1996 – marcado pelo massacre de 21 trabalhadores sem terra por 155 policiais militares em Eldorado dos Carajás, sudeste do Pará – estivemos presentes no acampamento do MST Terra Cabana, em Benevides, região metropolitana de Belém.

O massacre que levou a vida de luta de 21 companheiros na curva do “S” foi uma resposta brutalmente violenta à mais de 3,5mil famílias que ocupavam a fazenda Macaxeira e estavam em busca da sua desapropriação. Determinados a matar e construir um episódio sangrento, 155 PMs de Parauapebas e Marabá executaram os trabalhadores com suas próprias ferramentas de trabalho e em 13 deles deferiram de maneira desumana mais de 4 tiros a cada um. De todos os envolvidos apenas 2 foram condenados, Coronel Pantoja (228 anos) e Major Oliveira (158 anos).

25 anos depois a luta pelo direito a terra e a reforma agrária segue viva e formando novas fileiras de luta. O acampamento Terra Cabana surgiu há 5 anos e é localizado em um terreno que estava em desuso por um grande fazendeiro, ele não conseguiu ser hipotecado e depois foi leiloado pelo banco à empresa CCS e que hoje ameaça de despejo as 80 famílias residentes.

O grande latifúndio tem suas amarras na exploração da classe trabalhadora e nas suas restrições ao direito a vida. A terra, a alimentação, as relações sociais fazem parte de uma vida que não importa para o capitalismo. Os grandes empresários fazem hoje da Amazônia território de extermínio dos povos e da terra. Quando o agronegocio se coloca como regra e se fantasia de pop não há espaço para nada além do que for para alimentar o próprio sistema econômico de quem manda, quem obedece e quem morre.

A juventude sem terra que encontra forças nos mártires da luta contra os grandes exploradores é quem hoje está também nas batalhas de construção política contra Bolsonaro, Salles e sua trupe. É quem reuniu conosco e pautou que a revolução é feita conhecendo nossa história – e por isso é necessário nunca esquecer do massacre de Eldorado dos Carajás e tantos outros episódios de dor da luta de classes – e armando para os enfrentamentos atuais contra as grandes milícias no campo, os jogos das mega empresas e um poder público corrompido que serve a famílias tradicionais. Mas para além dos próprios sonhos por um mundo diferente, há algo que une esses jovens: estar na mira de um governo que mata o futuro dos jovens negros mais pobres no campo e na cidade, nos acampamentos e nas periferias. E como a Dirigente Estadual da Juventude do Movimento Sem Terra no Pará compartilhou conosco que não custa sonhar com o acampamento Terra Cabana com uma biblioteca comunitária, uma rádio e uma escola, também reafirmo e compartilho que nada é impossível até que se torne possível. A juventude que ousa lutar é aquela que não aceita as coisas como são, por isso o futuro é nosso, da negritude, das mulheres, dos LGBTs, da diversidade de povos no campo e na cidade, pois a chama segue acessa e viva.

Lutaremos até o fim, porque lá é o nosso começo! Memória para nunca esquecer e justiça para mudar. Para que Eldorado nunca mais se repita e para formar as trincheiras de luta de que precisamos!


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