Um ano sem Gustavo Amaral: A justiça não é cega! A justiça é racista!
Gustavo Amaral - Luta por justiça

Um ano sem Gustavo Amaral: A justiça não é cega! A justiça é racista!

Há um ano estamos lutando por justiça para Gustavo Amaral, jovem engenheiro assassinado pela Brigada Militar no município de Marau – RS

Fran Rodrigues 19 abr 2021, 10:12

Hoje faz um ano da tragédia que tirou a vida do jovem engenheiro Gustavo Amaral no município de Marau, no interior do Rio Grande do Sul. No dia 19 de abril de 2020, Gustavo voltava do trabalho com seus funcionários quando foi executado pela Brigada Militar. 

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A desastrada operação policial que perseguia dois suspeitos resultou na morte de Gustavo. A pergunta que permanece é: Por que Gustavo foi confundido com alguém suspeito de ter cometido um crime? Nós que lutamos diariamente por justiça para os corpos negros, sabemos que a polícia militar tem como seus principais alvos a população negra e periférica. Com Gustavo Amaral não foi diferente.

A população negra merece um olhar antirracista por parte do sistema judiciário. Merecemos um olhar antirracista por parte do Ministério Público. O MP entendeu que o policial que matou Gustavo agiu em “legítima defesa imaginária” – em que o soldado achou que corria um risco que na verdade era inexistente.

Esse episódio não pode ser visto como caso isolado no país em que, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 79,1% das vítimas de intervenções policiais que resultam em mortes são pessoas negras.

Em 2020, em reunião com a família do Gustavo, o governador Eduardo Leite assumiu o compromisso de apresentar medidas em defesa da população negra. As autoridades comprometidas com o antirracismo precisam passar dos discursos às ações. 

É urgente que se multipliquem iniciativas como a da deputada estadual Luciana Genro que está propondo a Lei Gustavo Amaral para monitorar as ações da Brigada Militar através de câmeras nas fardas. Isso já é comum nos Estados Unidos, onde este mecanismo está sendo fundamental no julgamento dos policiais que mataram George Floyd.

No caso do Gustavo, a gravação garantiria o conhecimento público do que aconteceu naquela operação policial que arrancou da família um jovem engenheiro. Precisamos fazer nossa parte, pressionar em defesa de políticas públicas a serviço da proteção da população negra porque as nossas vidas importam.


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